Brasil

Mais de mil prisioneiros morreram nas cadeias brasileiras em 2024

Muitos óbitos são causados por violência ou agravamento de doenças relacionadas às condições infernais mas são registrados como "mortes naturais"

As prisões brasileiras registraram 999 mortes de detentos entre julho e dezembro de 2024, o que corresponde a uma média de seis pessoas por dia. Os dados são da Secretaria Nacional de Políticas Penais (SISDEPEN), divulgados no Relatório de Informações Penais (RELIPEN) do segundo semestre de 2024, e expõem o ataque à população carcerária no País, com a manutenção de um sistema penal desumano. A média de mortes no período representa uma ligeira baixa de 6,11% em relação ao primeiro semestre de 2024.

O Brasil possui uma população prisional de 670.265 pessoas, para uma capacidade de apenas 494.379 vagas, o que gera uma brutal superlotação. Dentre esse total, 182.855 são presos provisórios, cuja liberdade diminuiria a superlotação, e 118.373 pessoas estão em regime aberto ou semiaberto. O relatório também detalha o perfil da população carcerária: 260.516 pessoas têm entre 18 e 29 anos; 312.742 entre 30 e 45 anos; 73.971 entre 46 e 60 anos; 15.444 com 61 ou mais, e 7.211 com idade não informada.

O sistema prisional brasileiro exibe um recorte racial e de renda nítido: 429.920 presos, quase 65% do total, autodeclaram-se pretos ou pardos. Além disso, 620.578 pessoas, quase 93%, são analfabetas ou possuem somente até o ensino médio completo.

Essa realidade mostra a quem o sistema penal atinge de forma mais brutal, submetendo os presos a celas superlotadas, racionamento de água, comidas estragadas, ausência de itens de higiene, ausência de equipes de saúde e medicamentos, além de tortura e violência policial.

A Associação de Familiares e Amigos de Presos/as e Internos/as da Fundação Casa (AMPARAR) denunciou que as causas das mortes não são aprofundadas. Segundo a Associação, muitos óbitos são causados por violência ou agravamento de doenças relacionadas às condições infernais do encarceramento, mas são registrados como “mortes naturais”, o que torna os dados imprecisos e impede a responsabilização do Estado pela vida e dignidade das pessoas privadas de liberdade.

O relatório da SISDEPEN apontou que, das mais de 1.500 unidades prisionais, apenas 64 receberam visitas de inspeção do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária no último semestre de 2024. Estados como Alagoas, Mato Grosso, São Paulo, Rio Grande do Norte, Goiás, Roraima, Rio Grande do Sul, Ceará, Santa Catarina, Amapá, Amazonas e Tocantins não tiveram nenhuma visita, o que comprova o descaso governamental com a população carcerária.

Os dados financeiros revelam que o custo médio de cada preso é de R$2.344,37, o que totaliza mais de R$5,6 bilhões ao ano. Dentre o total de unidades prisionais, 250 possuem a saúde terceirizada; 532 sequer possuem consultório médico; 722 não possuem sala de curativos, suturas, vacinas e posto de enfermagem; 1.006 não possuem sala de coleta de material para laboratório; 994 não possuem sequer sanitário para pacientes e 654 não possuem farmácia ou sala de estoque para dispensação de medicamentos. A situação se agrava ainda mais em relação à saúde dos próprios profissionais do sistema prisional, com 1.175 unidades sem salas de lavagem e descontaminação, e 1.093 sem sala de esterilização.

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