Irã

Em grande ato contra ‘Israel’, iranianos homenageiam mártires

A monumental procissão fúnebre em Teerã expôs a completa falência da ofensiva sionista e norte-americana

Teerã viveu no sábado (28) uma das maiores mobilizações de sua história recente. A capital iraniana foi tomada por centenas de milhares de pessoas em um imenso cortejo fúnebre que, longe de ser apenas uma despedida dos mortos, transformou-se em um ato de desafio à ofensiva sionista e ao imperialismo norte-americano. O funeral de 60 mártires iranianos — entre eles cientistas nucleares, comandantes militares, mulheres, crianças e civis — foi marcado por um profundo sentimento de luto patriótico e resistência, numa resposta nacional à guerra iniciada por “Israel” com o apoio dos Estados Unidos.

O cortejo teve início às 8h na simbólica Praça Enqelab (Revolução) e se estendeu até a Praça Azadi, num percurso de mais de 11 quilômetros. Os caixões, cobertos com a bandeira iraniana e com retratos dos mártires, foram carregados por populares sob intensos gritos de “Morte a ‘Israel’” e “Morte à América”, transformando a cerimônia em uma verdadeira manifestação de unidade nacional. Um dos cartazes trazidos por populares dizia: “Boom boom Telavive”, em referência à canção-meme produzida com imagens da impressionante retaliação iraniana, com mísseis lançados contra o território ocupado.

Entre os mortos estavam figuras de destaque do Estado iraniano, como o major-general Mohammad Bagheri, segundo no comando das Forças Armadas do país, sua esposa e sua filha — jornalista de um veículo local —, todos mortos num bombardeio sionista em Teerã. Outro mártir homenageado foi o chefe do IRGC (Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica), major-general Hossein Salami, assassinado no primeiro dia da agressão.

O cientista nuclear Mohammad Mehdi Tehranchi, também morto em um ataque aéreo, foi sepultado junto de sua esposa. Das 60 pessoas homenageadas no funeral, quatro eram crianças. Ao todo, autoridades iranianas informaram que mais de 600 pessoas foram mortas pelos bombardeios conduzidos por “Israel” e pelos Estados Unidos.

A cerimônia contou com a presença da alta cúpula política e militar do país. O presidente Masoud Pezeshkian, o chanceler Abbas Araghchi, o presidente do Parlamento Mohammad-Bagher Ghalibaf, o chefe da Força Quds, Esmail Qa’ani, e o ex-chanceler Mohammad Javad Zarif participaram do evento. Representantes de países árabes como Bahrein e Iraque também enviaram delegações para expressar solidariedade à República Islâmica. Presente ao ato, Ali Shamkhani — assessor direto do líder supremo Sayyed Ali Khamenei — foi dado como morto por “Israel” no início da guerra, mas sobreviveu a um atentado e apareceu publicamente pela primeira vez desde o ataque, ainda com sinais visíveis de ferimentos.

Em declaração ao público, o chefe do Poder Judiciário, Gholamhossein Mohseni-Ejei, afirmou que o sangue derramado dos mártires fortalecerá a luta do povo iraniano:

“O sangue dos nossos mártires apressará a realização dos nossos objetivos nacionais. Não nos rendemos, jamais trocaremos nossa dignidade.”

Ejei também denunciou a atuação da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA, na sigla em inglês), acusando-a de vazar informações estratégicas para potências hostis. Anunciou o rompimento total da cooperação do Irã com o organismo:

“A AIEA já não é uma instituição confiável. Por questões de segurança nacional, estamos encerrando qualquer forma de colaboração.”

A decisão foi reiterada por diversas autoridades. O parlamentar Hamid Rasaei confirmou que “inspeções da agência estão suspensas, os inspetores e Rafael Grossi [diretor da AIEA] estão proibidos de entrar no país e as câmeras de vigilância foram desligadas”. Segundo ele, a agência age como “ferramenta de espionagem das potências inimigas”.

Ebrahim Azizi, presidente da Comissão de Segurança Nacional e Política Externa, também responsabilizou a AIEA pela ofensiva militar sionista:

“A agência se alinhou aos interesses dos agressores. O Irã cumpriu seus compromissos no Tratado de Não Proliferação e abriu suas instalações nucleares. Mas a AIEA traiu sua função técnica e se tornou cúmplice. Só voltaremos a cooperar quando nosso direito à tecnologia for plenamente reconhecido e a segurança das nossas instalações for garantida.”

Ministro do Interior, Eskandar Momenix reforçou o caráter militarista da resposta do país:

“Nosso dedo está no gatilho. Estamos prontos para responder a qualquer provocação do inimigo.”

Em publicação nas redes sociais, o chanceler Araghchi resumiu o espírito da resistência iraniana diante da agressão:

“O Irã deu sangue, não terra; deu seus entes queridos, não sua honra. Enfrentou uma chuva de bombas de mil toneladas e não se rendeu. Nós não reconhecemos a palavra rendição.”

O conselheiro Mohsen Rezaei, membro do Conselho de Discernimento, destacou que os ataques fortalecem o papel do Irã na região:

“O povo iraniano entra em uma nova etapa de protagonismo político. Demos um golpe poderoso no regime sionista. As Forças Armadas derramarão até a última gota de sangue para proteger nossa pátria.”

A cerimônia coincidiu com o segundo dia do mês de Muharram, quando os xiitas lembram o martírio do Imam Hussein (AS), assassinado com seus companheiros na Batalha de Karbala, ocorrida em 680 d.C. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Esmaeil Baghaei, traçou um paralelo entre o episódio histórico e a atual situação:

“Os iranianos demonstraram ser a nação de Imam Hussein. Uma nação que, confiando em sua fé, firmeza e solidariedade, consegue vencer qualquer mal.”

A nota oficial da chancelaria resumiu o ato como “mais que uma cerimônia de despedida: uma demonstração da unidade de um povo que respondeu ao terror com presença massiva”. Segundo o comunicado:

“Esta presença firme não é só sinal de lealdade ao caminho da resistência, mas um aviso ao mundo: o povo iraniano transforma ameaças em unidade e guerra em oportunidade para realizar sua vontade nacional.”

A grande manifestação em Teerã deixou evidente que mesmo sob os ataques mais covardes e ilegais, o Irã se encontra ainda mais firme e determinado a defender sua soberania, seu povo e sua revolução. A tentativa de intimidação promovida por “Israel” e pelo imperialismo fracassou diante da resistência de um povo disposto a sacrificar tudo — menos sua dignidade.

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