HISTÓRIA DA PALESTINA

Os refugiados palestinos na Síria

Após o imperialismo iniciar suas movimentações para a derrubada de Bashar Al-Assad, cerca de 15% dos refugiados palestinos na Síria deixaram o país

A presença de refugiados palestinos na Síria é uma das faces mais marcantes da tragédia nacional do povo palestino desde a Nakba de 1948. Logo após a limpeza étnica da Palestina promovida pelas forças sionistas, a Síria foi um dos primeiros países a abrir suas fronteiras aos palestinos expulsos de suas terras. Cerca de 85 mil refugiados chegaram à Síria naquele primeiro momento, vindos em sua maioria das cidades de Safad, Haifa e Tiberíades, com menores contingentes de Acre, Nazaré, Jafa e Baysan. Esse fluxo inicial foi sucedido por novas ondas de deslocamento forçado, resultado de conflitos posteriores como a Guerra de Junho de 1967, os confrontos entre o Exército jordaniano e a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) (1970-71), e a invasão israelense do Líbano em 1982.

Ao longo das décadas seguintes, a comunidade palestina na Síria se tornou uma das mais integradas entre as diásporas palestinas no mundo árabe. De acordo com dados da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), havia cerca de 528 mil refugiados palestinos registrados na Síria antes da eclosão da guerra civil em 2011 — embora estimativas indiquem que esse número poderia chegar a 600 mil, já que muitos refugiados vindos do Líbano, Jordânia, Cisjordânia e Gaza não estavam formalmente registrados.

Boa parte desses refugiados se concentrou na capital, Damasco, e seus arredores, onde viviam em campos como o emblemático Yarmouk, fundado entre 1953 e 1955 e que chegou a abrigar mais de 160 mil pessoas. A administração dos refugiados era responsabilidade da Autoridade Geral para Refugiados Palestinos Árabes (GAPAR), órgão sírio criado em 1949, que supervisionava também a atuação da UNRWA no país. Com base na legislação síria, os palestinos desfrutavam de quase todos os direitos civis e sociais dos cidadãos sírios, com exceção do direito ao voto e à candidatura política. Tinham acesso à educação gratuita, saúde pública, mercado de trabalho e até mesmo ao serviço militar. A lei síria também lhes garantia o direito de residir, abrir empresas e adquirir propriedades, algo impensável em outros países da região, como o Líbano.

Na esfera política, a Síria permitiu a atuação de diversas facções palestinas, especialmente as que faziam oposição à direção oficial da OLP, mantendo-as sob controle estatal. Essa relativa liberdade política contrastava com a repressão vivida por palestinos em outros países, mas era moldada pelas diretrizes do regime sírio.

No entanto, com o início da crise síria em 2011, que resultou na recente queda de Bashar Al-Assad pelas mãos do imperialismo e do sionismo, esse quadro de relativa estabilidade desmoronou. O cerco a Yarmouk, que resultou em fome e dezenas de mortes, tornou-se símbolo do sofrimento imposto aos palestinos durante a guerra. Estima-se que 130 mil pessoas foram forçadas a deixar o campo, enquanto cerca de mil palestinos foram mortos no conflito apenas até fevereiro de 2013.

A guerra provocou um novo êxodo: cerca de 15% dos refugiados palestinos na Síria deixaram o país, enquanto outros se deslocaram internamente ou buscaram abrigo em países vizinhos como Líbano, Jordânia e Egito — enfrentando barreiras, deportações e restrições. Alguns poucos conseguiram alcançar a Faixa de Gaza ou países europeus, em particular os nórdicos. Outros tantos perderam a vida no Mediterrâneo tentando escapar da guerra e do abandono.

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