No dia anterior a ação criminosa do governo da Bahia contra os índios Pataxó da Terra Indígena Barra Velha do Monte Pascoal batizada de ‘Operação Pacificar’, foi enviada uma delegação do governo do estado através da Superintendência de Políticas para os Povos Indígenas (SPPI), Patrícia Pataxó, Fundação Nacional do Índio, do coordenador da Política para Povos Indígenas, Jerry Matalawê, e do Coordenador Regional da FUNAI do Sul da Bahia, Cacique Aruã Pataxó, para uma reunião com lideranças locais.
A reunião ocorreu na aldeia Pé do Monte onde foram abordadas questões sobre os limites das áreas demarcadas e onde estão localizadas as retomadas já realizadas. Na reunião, os representantes do estado da Bahia e da Funai assinalaram para que as lideranças das retomadas ficassem em seus locais de retomada porque receberiam a visita de uma equipe técnica para “tirar pontos de GPS” para verificar a localização das retomadas dentro dos limites da Terra Indígena.
Com essa deliberação da reunião, as lideranças ficaram nas retomadas aguardando o pessoal técnico para marcar os pontos do GPS, mas foram surpreendidos com a megaoperação policial do governo do estado para prender o máximo de lideranças Pataxó que estão nas retomadas.
Seria muita coincidência os ataques realizados pela polícia, que invadiu as retomadas com fotos de lideranças das retomadas, quando representantes indígenas do governo do estado tinham “dito” que iriam os técnicos averiguar as retomadas?
A FUNAI e a Superintendência de Políticas para os Povos Indígenas (SPPI) não sabiam da operação policial criminosa do estado? Ou sabiam e ainda enganaram as lideranças das retomadas para serem presos pela polícia civil e militar do estado da Bahia?
Claramente houve acordos entre o governo do estado através de Marcelo Werner, Secretária de Segurança Pública, e Adolpho Loyola, Secretário de Relações Institucionais (Serin), com latifundiários e políticos da direita da região, como os organizadores dos ataques contra os índios, como a Associação das Mulheres do Agro no Extremo Sul (AMA), da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (FAEB), além dos deputados estaduais da extrema direita Robinho (UB) e Leandro de Jesus (PL).
Os representantes do governo que estiveram um dia antes na aldeia Pé do Monte reunidos com lideranças Pataxó que posteriormente foram perseguidas e presas pela criminosa ação do governo do estado da Bahia serviram para defender os interesses dos latifundiários para impedir a demarcação das terras indígenas e reintegração das áreas retomadas pela autodemarcação.
Uma das tarefas imediatas é denunciar o grupo criado pelo Governo da Bahia para tratar conflitos agrários no extremo sul é uma farsa porque em primeiro lugar está sendo conduzido diretamente pelos criminosos que organizaram a megaoperação de caçada de lideranças Pataxó, os secretários Marcelo Werner e Aldopho Loyola.
Não é possível dar continuidade a esse “grupo” de trabalho com esses responsáveis a perseguição a lideranças em favor dos latifundiários, que tratam os índios como criminosos e que mantém 11 índios presos com acusações criminosas. O grupo de trabalho só deve continuar com a libertação imediata dos 11 índios presos políticos da luta pela terra.
É preciso denunciar as ações do estado da Bahia e seus representantes para impedir a luta pela demarcação e promover uma “caçada” as lideranças das retomadas em todo o território.


