Genocídio em Gaza

Mais de mil palestinos assassinados desde volta dos bombardeios

Em menos de um mês, "Israel" atinge mais uma marca macabra no genocídio contra o povo palestino

Nessa terça-feira (1º), o Ministério da Saúde da Faixa de Gaza informou que mais 42 mártires, incluindo um corpo recuperado dos escombros, e 183 feridos foram recebidos pelos hospitais de Gaza nas últimas 24 horas devido aos ataques criminosos perpetrados pelo Estado nazista de “Israel”. Desde que a entidade sionista rompeu definitivamente com o acordo de cessar-fogo e retomou sua guerra genocida em 17 de março de 2025, um total de 1.042 palestinos foram assassinados e outros 2.542 ficaram feridos. O número total de vítimas desde 7 de outubro de 2023 chegou agora a 50.399 mártires e 114.583 feridos, de acordo com os números mais recentes do Ministério da Saúde de Gaza.

O relatório do Ministério vem após o Corpo de Defesa Civil de Gaza ter alertado, em 31 de março, sobre o aumento de assassinatos, em estilo de execução, contra seus membros, após o martírio de seis de seus integrantes e nove paramédicos da Sociedade do Crescente Vermelho (PRCS) em Rafá. Eles foram encontrados em um fosso profundo com as mãos amarradas e ferimentos de bala em seus corpos, disparados pelas forças de ocupação israelenses.

Em um comunicado à imprensa, a agência ressaltou que esses crimes visam despojar Gaza dos serviços de ajuda humanitária e pediu à comunidade internacional e às organizações humanitárias que tomem “ações concretas, em vez de permanecerem como observadores passivos”, enfatizando que tais violações constituem crimes de guerra e genocídio.

Na semana passada, o jornalista palestino Hossam Shabat, correspondente da emissora catarense Al Jazeera, foi morto em um ataque aéreo israelense na cidade de Beit Lahia, no norte da Faixa de Gaza. O veículo em que Shabat estava foi alvejado por um veículo aéreo não tripulado (VANT), mesmo estando claramente identificado como pertencente à imprensa, com a marca “TV” visível e o logotipo da emissora. No mesmo dia, outro jornalista palestino foi assassinado em um ataque israelense. Mohammad Mansour, correspondente da Palestine Today, foi assassinado em sua casa, localizada em Khan Iunis, no sul de Gaza, junto com sua esposa e seu filho. De acordo com Abu Azzoum, Mansour também foi morto sem qualquer aviso prévio.

As sucessivas violações do cessar-fogo

Em janeiro de 2025, após 15 meses de intensos confrontos, foi estabelecido um cessar-fogo entre “Israel” e o Hamas na Faixa de Gaza. Apesar de a trégua ter reduzido brutalmente a quantidade de mortes causadas por “Israel”, a entidade sionista continuou agredindo a população de Gaza ilegalmente. Essas são apenas das algumas violações, que causaram a morte de mais de 140 mártires em dois meses:

  1. Impedimento da entrada de 50 caminhões de combustível por dia, conforme estipulado no acordo. Em vez disso, apenas 978 caminhões entraram ao longo de 42 dias, com uma média de 23 caminhões por dia.
  2. Proibição do setor comercial de importar combustível de todos os tipos, apesar de uma disposição explícita no acordo permitindo isso.
  3. Permissão da entrada de apenas 15 casas móveis (caravanas) de um total de 60.000 acordadas, além de um número limitado de tendas.
  4. Impedimento da entrada de maquinário pesado necessário para limpar escombros e recuperar corpos—apenas nove máquinas foram permitidas, enquanto o setor precisa de pelo menos 500.
  5. Bloqueio da entrada de materiais de construção necessários para a reabilitação da infraestrutura e restauração de hospitais.
  6. Impedimento da entrada de equipamentos médicos essenciais para reabilitar hospitais, e permitindo a entrada de apenas cinco ambulâncias.
  7. Proibição da entrada de equipamentos de defesa civil.
  8. Impedimento da operação da usina de energia e bloqueando a entrada de suprimentos necessários para sua reabilitação.
  9. Bloqueio da entrada de liquidez em dinheiro nos bancos e recusando a troca de cédulas danificadas.
  10. Avanço e invasão além das linhas de retirada quase todos os dias, especialmente no Corredor Filadélfia, ultrapassando os limites acordados de 300 a 500 metros, acompanhados de disparos, assassinatos de civis, demolições de casas e destruição de terras.
  11. Atraso da retirada das ruas Al-Rashid e Salah Al-Din, impedindo os deslocados de retornar por dois dias inteiros, em clara violação do acordo.
  12. Impedimento dos pescadores de retornarem ao mar, atirando contra eles e prendendo alguns.
  13. Voos diários de aeronaves de ocupação durante horas proibidas (10–12 horas diárias), com 210 violações registradas, incluindo vários veículos aéreos não tripulados (VANTs).

A retomada da guerra

Em 17 de março (horário de Brasília), sem aviso prévio, “Israel” voltou a bombardear a Faixa de Gaza. As 24 horas seguintes ficaram marcadas como um dos momentos mais criminosos de toda a história da entidade sionista, tendo provocado o assassinato de mais de 480 palestinos. A cidade de Khan Iunis foi a mais afetada, com dezenas de pessoas carbonizadas vivas.

Os aviões de guerra do exército sionista atacaram casas, escolas, abrigos e tendas de deslocados em diversas áreas da Faixa de Gaza.

Em uma demonstração de crueldade sem igual, as forças sionistas escolheram como alvo a casa do Dr. Ayman Abu Teir, um dos poucos médicos atuantes em Gaza. 10 pessoas foram assassinadas. Naquele mesmo dia, o ministro da Defesa, Israel Katz, declarou:

“Esta noite voltamos a lutar em Gaza contra a recusa do Hamas em libertar os sequestrados e ameaças de prejudicar os soldados das Forças de Defesa de ‘Israel’ e a comunidade israelense. Se o Hamas não libertar todos os reféns, os portões do inferno em Gaza serão abertos e os assassinos e estupradores do Hamas enfrentarão as Forças de Defesa de ‘Israel’ com uma intensidade que nunca conheceram antes. Não vamos parar de lutar até que todos os sequestrados voltem para casa e todos os objetivos da guerra sejam alcançados.”

O Hamas se pronunciou imediatamente, declarando que “Netaniahu e seu governo nazista retomam sua agressão e guerra genocida contra civis indefesos na Faixa de Gaza”. O partido islâmico responsabilizou o primeiro-ministro israelense Benjamin Netaniahu “integralmente” pela retomada da guerra.

O assassinato de líderes da Resistência

Em 25 de março de 2025, Ismail Barhoum, membro do birô político do Hamas, foi assassinado por “Israel” em um ataque aéreo contra o Hospital Nasser, em Khan Iunis, sul da Faixa de Gaza. Barhoum estava internado, tratando ferimentos graves sofridos em um bombardeio anterior do enclave imperialista, quando o novo ataque o atingiu. O Hospital Nasser, que abriga pacientes e deslocados, foi o cenário desse incidente, marcando a quinta morte de um dirigente do Hamas em menos de uma semana. Junto a ele, Salah Bardawil, Issam Daalis, Yasser Harb e Mohammed Al-Jamasi também foram alvos de operações aéreas recentes de “Israel”, todas voltadas contra lideranças políticas do partido palestino.

Barhoum integrava a direção do Hamas, um grupo de 20 membros responsável por decisões estratégicas e organização interna, sem funções militares. Ele havia sido ferido uma semana antes, em outro ataque do país artificial, e recebia cuidados médicos no momento do bombardeio fatal.

Salah Bardawil, outro integrante da direção do principal partido palestino, foi assassinado em 23 de março de 2025, durante o Ramadã. O ataque aconteceu em Al-Mawasi, oeste de Khan Iunis, enquanto ele rezava em uma tenda com sua esposa. Ambos morreram no bombardeio, que o Hamas descreveu como parte de uma série de ações contra civis na área.

Bardawil tinha um histórico extenso no Hamas, atuando em atividades políticas e de comunicação. Ele era conhecido por representar o movimento em negociações e por seu trabalho na articulação das demandas palestinas, especialmente em Gaza, onde a população enfrenta bloqueios e ataques contínuos do enclave imperialista.

Outra vítima dos crimes da ditadura sionista, Issam Daalis foi assassinado no dia 18 de março, em um ataque aéreo ao amanhecer que também vitimou outros dirigentes. Como presidente do Comitê de Acompanhamento do Trabalho Governamental, Daalis coordenava a administração civil em Gaza, supervisionando a distribuição de ajuda humanitária e a manutenção da ordem em meio à crise.

O bombardeio, executado por “Israel”, atingiu um grupo de lideranças em um único golpe, evidenciando a intenção de desarticular a estrutura organizacional do Hamas. Daalis trabalhou por mais de 15 meses para sustentar serviços essenciais, como segurança e assistência às famílias, em uma situação de bombardeios frequentes e escassez de recursos.

Igualmente membro do birô político, Iasser Harb morreu no mesmo ataque que Daalis. Ele não havia sido eleito na renovação de 2021, mas reassumiu funções no Hamas para substituir membros assassinados em operações anteriores do país artificial.

Presidente do Comitê de Emergência, Mohammed Al-Jamasi foi outro dirigente assassinado por “Israel” nessa sequência de ataques. Ele liderava esforços para responder às crises humanitárias em Gaza, organizando ajuda em meio aos danos causados pelos bombardeios da ditadura sionista.

Al-Jamasi não tinha papel militar, mas era essencial na gestão de suprimentos e na assistência às vítimas dos ataques. Seu assassinato, como os demais, ocorreu em um momento de ofensivas aéreas que têm como alvo lideranças políticas e civis, numa tentativa de “Israel” de interromper a capacidade de organização do Hamas e, consequentemente, de resistência da população palestina.

Desde a Operação Dilúvio de Al-Aqsa, em outubro de 2023, “Israel” matou 11 dos 20 membros originais do birô político do Hamas. Além dos cinco recentes, nomes como o lendário Iahia Sinuar, Ismail Hanié, Marwan Issa, Zakaria Abu Muamar, Rawhi Mustasha, Samih Al-Sarraj, Jawad Abu Shamala e Jamila Shanti já haviam sido assassinados em ataques anteriores.

Outro assassinato marcante durante a retomada da guerra genocida foi o de Najih Maher Abu Seif, conhecido como Abu Hamza, o porta-voz oficial da Saraya Al-Quds, braço militar da Jiade Islâmica na Palestina. Sua atuação era central na comunicação das atividades do grupo e na guerra de informação contra o regime sionista.

A crise no governo Netaniahu

No dia 25 de março, o parlamento de “Israel” aprovou o orçamento nacional de 2025 do Estado sionista. Se o orçamento não fosse aprovado até o dia 31 de março, o parlamento deveria derrubar o governo de Benjamin Netaniahu. A aprovação só aconteceu após o deputado Itamar Ben-Gvir, do partido da extrema direita Otzma Yehudit, voltar ao governo Netaniahu, garantindo a maioria para a aprovação.

A retomada da guerra genocida era uma demanda de Ben-Gvir, que havia abandonado o governo após Netaniahu assinar o acordo de cessar-fogo.

Reação do Iêmen

No dia 21 de março, o porta-voz das Forças Armadas do Iêmen, Brigadeiro-General Iahia Saree, disse que o país lançou um míssil balístico hipersônico contra o Aeroporto Ben Gurion, na Palestina Ocupada. Como resultado, sirenes soaram em quase dezenas de grandes cidades ocupadas por “Israel”, incluindo vários assentamentos urbanos em Telavive.

Em seu informe, Saree afirmou que o Aeroporto Ben Gurion não é mais seguro para o tráfego aéreo, alertando que continuará sendo um alvo até que a guerra israelense em Gaza termine. Na prática, impôs um bloqueio ao aeroporto de Telavive, em resposta ao bloqueio criminoso que “Israel” impôs ao povo palestino em Gaza, condenando-o à fome e à sede.

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