As fortes chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul nos últimos dias voltaram a causar estragos significativos, repetindo o cenário de destruição observado em 2024. O temporal afetou Porto Alegre, cidades da Região Metropolitana e diversos municípios do interior, expondo mais uma vez a precariedade da infraestrutura urbana diante de fenômenos climáticos já conhecidos.
No Noroeste do estado, Inhacorá foi um dos municípios mais atingidos. No Rincão dos Câmara, ventos intensos derrubaram árvores sobre duas residências, causando danos materiais. Segundo o coordenador municipal da Defesa Civil, Irineu Siqueira, os moradores optaram por permanecer nas partes não afetadas de suas casas. Além disso, outras seis famílias registraram prejuízos devido à tempestade, que também rompeu cabos de energia elétrica na cidade. “Não deu dois minutos e fez tudo isto na comunidade”, afirmou Siqueira.
Em Minas do Leão, o levantamento da prefeitura contabilizou danos em 27 residências e seis prédios, sendo o destelhamento o principal problema. Um dos edifícios atingidos era uma loja, cuja fachada de vidro foi completamente destruída. Segundo o vice-prefeito Daniel Oliboni, a cidade enfrentou grande número de quedas de postes e árvores, interrompendo a circulação em algumas vias. “Os que não caíram deitaram. Na zona urbana, a maioria foi danificada e em torno de 10 a 15 árvores obstruíram as ruas, que foram desobstruídas ainda durante a noite”, relatou. Duas atendentes de um mercado ficaram feridas ao serem atingidas por estilhaços de vidro e seguiram sob observação.
Bom Retiro do Sul também sofreu com a força dos ventos, que derrubaram árvores e um poste, além de romperem fios de baixa tensão. Em Butiá, três residências perderam parte do telhado, uma no bairro Charrua e duas no Santa Rita. Em Triunfo, o telhado de um asilo sofreu danos materiais. Na manhã seguinte ao temporal, equipes das prefeituras e da Defesa Civil trabalhavam na remoção de entulhos e avaliação dos prejuízos. Algumas localidades ainda enfrentavam falta de energia elétrica.
O episódio reforça um padrão já observado no Rio Grande do Sul nos últimos anos, onde tempestades severas causam destruição, enquanto medidas estruturais para mitigar seus impactos continuam insuficientes. Embora eventos climáticos extremos sejam frequentemente atribuídos a fenômenos globais, o fator determinante para os prejuízos é a falta de investimentos em infraestrutura urbana e rural. Recursos que poderiam ser direcionados para drenagem eficiente, reforço de edificações e planos de contingência acabam sendo desviados para os interesses criminosos dos banqueiros. O resultado é que, a cada novo temporal, as cidades gaúchas revivem o mesmo drama de casas destelhadas, árvores caídas e moradores desamparados.


