A estudante turca Rumeysa Ozturk, de 30 anos, doutoranda na Universidade Tufts, em Massachusetts, foi detida por agentes mascarados do Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos (DHS, na sigla em ingês) na noite da última terça-feira (25). A acusação é de envolvimento em atividades de apoio ao partido revolucionário palestino Hamas, considerado “terrorista” pelo governo norte-americano. A prisão ocorreu nas proximidades de seu apartamento, próximo ao campus de Somerville.
A abordagem foi registrada por câmeras de segurança e mostra seis agentes à paisana, com rostos cobertos por máscaras e óculos escuros, algemando Ozturk e confiscando seu telefone celular. Testemunhas relataram que os agentes não se identificaram durante a ação, mesmo diante dos pedidos de esclarecimento de transeuntes.
Segundo a advogada de Ozturk, Mahsa Khanbabai, os agentes não apresentaram justificativa formal para a detenção no momento da abordagem. Khanbabai descreveu o incidente como perturbador e semelhante a um sequestro. Ela também afirmou desconhecer o paradeiro atual de sua cliente, já que as autoridades não forneceram informações sobre seu local de detenção.
O DHS alega que Ozturk teve seu visto F-1 revogado devido a atividades de apoio ao Hamas. Porta-voz do DHS, Tricia McLaughlin declarou que “um visto é um privilégio, não um direito” e que “glorificar e apoiar terroristas que matam americanos é motivo para que a emissão de vistos seja encerrada”, sem dizer, no entanto, que norte-americano teria sido morto pelo partido palestino.
A Universidade Tufts afirmou não ter sido informada previamente sobre a detenção de Ozturk e que não forneceu qualquer informação às autoridades federais. O presidente da universidade Sunil Kumar, classificou o vídeo da prisão como “perturbador” e expressou preocupação com o impacto do incidente na comunidade acadêmica, especialmente entre estudantes internacionais que possam se sentir vulneráveis.
A detenção de Ozturk ocorre em um momento de crescente repressão a estudantes principais protagonistas das manifestações pró-Palestina que explodem nos EUA. Outros casos semelhantes incluem a prisão de Mahmoud Khalil, residente permanente e ativista palestino na Universidade de Columbia, e de Alireza Doroudi, doutoranda iraniana na Universidade do Alabama. Essas ações têm gerado críticas de acadêmicos e organizações de direitos civis, que as veem como uma violação à liberdade de expressão e aos direitos democráticos consagrados pela constituição norte-americana.
O governo Trump tem intensificado esforços para reprimir atos pró-Palestina nos campi universitários. Em uma ordem executiva assinada em 29 de janeiro, o presidente declarou que medidas seriam tomadas para combater o suposto “antissemitismo”, incluindo a possibilidade de revogar vistos e cortar recursos federais de instituições que permitam manifestações consideradas antissemitas. Essa política tem sido criticada por acadêmicos e defensores dos direitos civis, que a consideram uma ameaça à liberdade acadêmica e à livre expressão.
A prisão de Ozturk gerou protestos em Somerville, com centenas de pessoas exigindo sua libertação e denunciando as políticas imigratórias do governo. Manifestantes portavam bandeiras palestinas e cartazes contra o ICE (Serviço de Imigração e Controle de Alfândega), entoando slogans como “Libertem Rumeysa Ozturk agora”.
A embaixada turca nos EUA informou estar acompanhando o caso de perto e tomando as medidas necessárias junto às autoridades americanas para garantir os direitos de Ozturk. Em comunicado, a embaixada afirmou que “todos os esforços estão sendo feitos para fornecer os serviços consulares e o suporte legal necessários para proteger os direitos de nossos cidadãos”.





