Viamão enfrenta um surto de dengue e a prefeitura decretou estado de emergência após 900 casos confirmados e 565 sob investigação. Desde o início do ano, foram notificadas 1.762 infecções. A situação sobrecarrega o sistema de saúde e levou o município a pedir apoio ao Exército para limpeza pública e instalação de um hospital de campanha.
Os bairros Paraíso, Augusta e Cecília concentram 95% dos casos, o que escancara a incompetência da prefeitura no combate ao mosquito. O governo municipal afirma aplicar inseticida e realizar mutirões, mas o número crescente de doentes prova que essas ações são insuficientes. O problema não é pontual: há anos, a cidade sofre com a falta de dedetização e políticas preventivas, reflexo do sucateamento da saúde pública.
A situação não é diferente no âmbito estadual. O governo do Estado se limita a medidas paliativas e não assume a responsabilidade de estruturar um verdadeiro programa de combate à dengue. Em vez de investir em dedetização, saneamento e ampliação da rede pública de saúde, prefere despejar dinheiro no pagamento de juros da dívida pública para os banqueiros.
A vacinação contra a dengue, que poderia reduzir os casos graves, avança a passos lentos. Apesar das campanhas, a adesão da população segue baixa porque faltam doses e organização. A prefeitura admite que a cobertura vacinal está longe do necessário, mas não apresenta nenhuma estratégia concreta para resolver o problema.
O surto em Viamão não é um acaso, mas o resultado direto da política de arrocho fiscal imposta pelos governos. Cortes no orçamento, privatizações e abandono da infraestrutura transformaram a cidade em um ambiente perfeito para a proliferação do Aedes aegypti. Sem dedetização regular, saneamento adequado e estrutura de saúde fortalecida, novas epidemias serão inevitáveis.
O colapso da saúde pública no Brasil não é um acidente, mas uma escolha política. Enquanto o dinheiro da população é drenado para alimentar o sistema financeiro, serviços essenciais são desmontados. A dengue em Viamão é apenas mais um sintoma dessa política criminosa.


