O governo do petista Jerônimo Rodrigues, que se elegeu com muita demagogia em relação aos índios e se declarou indígena, está conduzindo uma política criminosa contra os índios Pataxó do Extremo Sul da Bahia que lutam pela demarcação de suas terras contra latifundiários, grileiro de terra e especuladores imobiliários.
Os seus secretários Marcelo Werner, Secretária de Segurança Pública, e Adolpho Loyola, Secretário de Relações Institucionais (Serin), estão conduzindo uma política criminosa e de guerra contra os índios Pataxó da Terra Indígena Barra Velha do Monte Pascoal e Terra Indígena Comexatibá, nos municípios de Prado, Porto Seguro e Itamaraju.
A guerra lançada contra os índios Pataxó realizada por Werner e Loyola se intensificou após uma reunião com latifundiários, grileiros e representantes da direita da região que ocorreu em Teixeira de Freitas um dia antes da ação criminosa do governo do estado.
Latifundiários e grileiros realizaram um fechamento da BR-101 em Itamaraju e de comércio ligados a latifundiários, como lojas de agropecuária, no dia 17 de março exigindo o fim das demarcações, retomadas de terra e a perseguição as lideranças dos índios da região.
Na terça-feira (18/03), o governador petista Jeronimo Rodrigues anunciou uma reunião em Teixeira de Freitas, município do Extremo Sul onde está organizado as milicias dos latifundiários e do grupo fascista Invasão Zero, para a resolução dos problemas. No dia seguinte enviou seus secretários Marcelo Werner e Adolpho Loyola para uma reunião para discutir as demarcações e o fim das retomadas.
Na manhã seguinte (19/03) ocorreu a operação criminosa “Pacificar” onde Polícia Civil e a Polícia Militar da Bahia (Comando Regional Extremo Sul e Companhias Especializadas), o Departamento de Polícia Técnica e Stelecom/Cicom Extremo Sul, com 35 equipes e de 150 Policiais Civis e Militares fortemente armados e acompanhado por helicóptero iniciaram as ações criminosas contra os índios Pataxó, invadindo as aldeias e retomadas, com bombas de gás lacrimogênio, tiros e dezenas de prisões. Uma verdadeira guerra declarada pelo governo do estado da Bahia contra os índios Pataxó.
O resultado foram agressões, feridos, terror nas aldeias e 25 índios presos, sendo que 11 ainda estão nas penitenciárias com acusações no mínimo duvidosas, onde as únicas testemunhas são os próprios policiais.
Operação “Pacificar” não incomodou latifundiários e pistoleiros
A operação do governo do estado foi apenas contra os índios Pataxó. Nenhum latifúndio, residência ou comércio ligado aos latifundiários e de locais onde estão as milicias armadas dos latifundiários foi visitada ou até passada nas dependências.
Na semana anterior (10/03), o índio Pataxó Vitor Braz sofreu uma emboscada e foi assassinado durante um ataque contra uma comunidade Pataxó da Terra Indígena (TI) Barra Velha do Monte Pascoal, mesma região dos ataques criminosos dos policiais enviados pelo governo do estado. Vitor Braz era morador da retomada Terra à Vista, e outro que estava com Vitor ficou gravemente ferido.
Os policiais enviados por Marcelo Werner e Adolpho Loyola não realizaram nenhuma investigação ou visita as fazendas que estão cheias de armas de grosso calibre e pistoleiros. Nenhuma intimação, prisão preventiva, condução coercitiva ou busca e apreensão em locais dos latifundiários.
São fatos que confirmam que o governo do estado tinha como alvo apenas lideranças dos índios Pataxó que estão na linha de frente das retomadas e na luta pela demarcação.
O principal alvo do governo do estado, que é o mesmo alvo dos latifundiários, é o Cacique Bacurau.
Cacique Bacurau está sendo perseguido de maneira implacável pelos latifundiários. As retomadas que estão sob sua liderança estão até mesmo as fazendas da gigante da produção de eucalipto, Veracel Celulose, que faz parte do grupo de maior latifúndio do mundo, a empresa Suzano.
Na aldeia Vale das Palmeiras, onde Bacurau é morador, foi uma operação de guerra com uso de helicópteros e centenas de policiais fortemente armados. Prenderam sete índios e onde houve as maiores fraudes para a prisão, com “flagrante” de armas de uso restrito (apenas uma) e outras armas que somente foram apresentadas depois na delegacia e nenhuma foi encontrada com os índios. Uma enorme fraude montada para perseguir o Cacique Bacurau.
O governo do estado está perseguindo Bacurau porque os meios dos latifundiários até agora não deram “resultado” de impedir a luta do cacique pela demarcação. Já sofreu emboscada onde foi ferido a tiros, teve sua casa fuzilada por pelo menos 10 pistoleiros armados com fuzis, já sofreu perseguição de pistoleiros e até mesmo sendo preso sem nenhuma prova pelo judiciário e procuradoria federal da região.
O governador deve, no mínimo, explicações
Diante de todos esses ataques, um governo do Partido dos Trabalhadores e um governador que se diz índio deveria no mínimo se explicar, que até o momento não houve nenhuma declaração.
O silencio do governo revela muita coisa. Uma delas é que há setores que apoiam a repressão contra os índios Pataxó e as ações criminosas dos latifundiários. Uma delas é do próprio secretário de seguranças Marcelo Werner, que é delegado da Polícia Federal e que constantemente aprova as ações criminosas da Polícia Militar, que no caso da Bahia é uma das mais violenta contra trabalhadores e a que mais mata negros e pobres no Brasil. No caso dos assassinatos dos Pataxó, a PM tem pelo menos 11 policiais que já até ficaram presos sob investigação de execução de índios na região do Extremo Sul.
É preciso mobilização para libertar os 11 índios que ainda estão presos e exigir o fim da operação criminosa do governo do estado e a imediata demarcação das terras indígenas da região.
Também exigir a demissão imediata dos responsáveis pelas prisões e operações policiais que atacaram as retomadas na última semana, que claramente em acordo com os latifundiários e grileiros da região, como os secretários Marcelo Werner e Adolpho Loyola.
Contra esses ataques é preciso iniciar uma onda de retomadas em resposta a Operação Pacificar e expulsar todos os latifundiários e grileiros nas dependências das terras indígenas Barra Velha do Monte Pascoal e Comexatibá e retirada de todos os processos criminosos e de perseguição contra lideranças dos índios Pataxó.


