Oriente Médio

EUA continuam ataques contra o Iêmen, que reage

Em 24 horas, Ansar Alá realizou duas operações bem-sucedidas contra navios norte-americanos

Nessa segunda-feira (17), uma enorme multidão se reuniu nas principais praças e ruas de várias províncias do Iêmen, incluindo sua capital, Saná, para reafirmar seu apoio ao povo palestino e para protestar contra os ataques da coalizão liderada pelos Estados Unidos e pelo Reino Unido contra o país árabe.

O Comitê de Apoio à Mesquita de Al-Aqsa convocou as manifestações sob o lema “Firmes com Gaza, enfrentamos a escalada dos EUA”. Poucas horas após a convocação, como esperado, massas de iemenitas se dirigiram aos pontos designados, incluindo a praça Al-Sabeen, em Saná, e outras praças nas províncias de Al-Hudayda, Saada, Taiz, Al-Bayda, Lahij, Marib, Dhamar, Hayya, Al-Mahwit, Al-Yauf, entre outras. A imprensa árabe afirma que milhões de pessoas teriam saído às ruas.

“Reafirmamos nossa postura firme de estar ao lado de nossos irmãos em Gaza e de enfrentar todas as ameaças contra eles”, destaca a convocação, que também afirma que o Iêmen “está preparado para enfrentar sem dúvida nem medo todos os opressores e tiranos do mundo, e está disposto a se sacrificar nesse caminho”.

Durante as manifestações, os iemenitas entoaram palavras de ordem enfatizando a necessidade de intensificar a resistência contra os ataques ordenados por Trump. A emissora local Al-Masirah descreveu a presença massiva do povo iemenita como um “tsunami de milhões de pessoas”.

Os ataques contra o Iêmen ocorreram no último sábado (15), em uma sequência de ataques aéreos visando a sua população civil. Por meio de suas redes sociais, o presidente norte-americano, Donald Trump, acusou falsamente o Iêmen de atacar navios norte-americanos. A acusação e os bombardeios visavam pressionar o país, que é governado pelo partido revolucionário Ansar Alá, a recuar de suas operações marítimas visando impedir a navegação de navios israelenses. As operações, que tiveram início na semana passada, são uma reação ao bloqueio israelense de alimentos e água na Faixa de Gaza.

Os ataques da coalizão imperialista contra o Iêmen já duram três dias consecutivos. Autoridades iemenitas estimam que o número de mortos já ultrapassa 50 pessoas, incluindo mulheres e crianças.

No dia seguinte ao ataque imperialista, o Ansar Alá reivindicou um ataque contra um porta-aviões norte-americano no Mar Vermelho, em resposta aos bombardeios realizados no dia anterior.

De acordo com o analista militar Lilach Shoval, em entrevista à emissora israelense Canal 12, a agressão contra o Iêmen foi coordenada com “Israel”. Shoval revelou que “Israel” forneceu inteligência aos Estados Unidos, embora tenha minimizado sua importância, alegando que “a inteligência israelense sobre o Ansar Alá não é impressionante”.

Ela reiterou sua expectativa de que o Ansar Alá retaliará contra a recente agressão dos Estados Unidos, direcionando seu fogo contra “Israel” nos próximos dias, e revelou que as instituições de segurança e militares da ocupação estão atualmente se preparando para essa possibilidade.

Mesmo em meio às manifestações iemenitas, as tensões aumentaram entre os países. Um porta-voz do Ansar Alá afirmou que combatentes lançaram 18 mísseis e um veículo aéreo não tripulado (VANT) contra o “porta-aviões USS Harry Truman e seus navios de escolta”. O exército dos EUA confirmou que continuou atacando o grupo durante a madrugada.

Em um comunicado publicado no Telegram, o porta-voz do Ansar Alá afirmou que o ataque foi “em retaliação à contínua agressão norte-americana contra nosso país”.

Os EUA não responderam diretamente à alegação do ataque. No entanto, o Comando Central dos EUA publicou um vídeo na plataforma X afirmando que suas “forças continuam as operações contra os terroristas Hutis apoiados pelo Irã”.

Os bombardeios mataram pelo menos 53 pessoas e feriram muitas outras, a maioria mulheres e crianças. Os preços do petróleo subiram com as notícias dos ataques no Mar Vermelho. Os contratos futuros do Brent, referência global, subiram 41 centavos (0,6%) nesta segunda-feira, atingindo US$70,99 por barril.

Craig Mokhiber, advogado de direitos humanos e ex-funcionário da Organização das Nações Unidas (ONU), foi um dos muitos que condenaram a ação dos Estados Unidos e do Reino Unido contra o Iêmen. Ele destacou que tanto a Corte Internacional de Justiça (CIJ) quanto a Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU) determinaram que todos os países são legalmente obrigados a cessar qualquer tipo de apoio ao regime de ocupação israelense em meio ao genocídio em curso em Gaza.

Essas obrigações incluem

  • Proibição de qualquer produto oriundo dos assentamentos ilegais;
  • Corte de todas as relações militares, diplomáticas, econômicas, financeiras, de investimento e comerciais com “Israel”;
  • Implementação das ordens provisórias da CIJ sobre o genocídio israelense;
  • Respeito às obrigações como Estados terceiros, conforme a Convenção da ONU para a Prevenção e a Punição do Crime de Genocídio.

Mokhiber, que anteriormente foi diretor do escritório do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos (ACNUDH) em Nova Iorque, renunciou ao cargo em outubro de 2023 em protesto contra o fracasso da ONU em impedir o genocídio dos palestinos na Faixa de Gaza.

O caso mostra a falência total da chamada comunidade internacional, que assiste de braços cruzados aos crimes de “Israel”.

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