Nesse sábado (15), Vários ataques aéreos lançados pelo imperialismo norte-americano e pelo imperialismo britânico atingiram um bairro residencial no distrito de Sha’ub, ao norte de Saana, capital do Iêmen.
Em resposta às agressões, o Conselho Político Supremo do Iêmen declarou que “a punição dos invasores do Iêmen será realizada de maneira profissional e dolorosa”. O chefe da delegação de negociações do Iêmen, Mohammed Abdul Salam, reiterou que os bombardeios são uma agressão flagrante contra um Estado soberano. Ele também declarou que as ações criminosas incentivam “Israel” a continuar seu cerco a Gaza.
No dia seguinte, houve novos desdobramentos do conflito.
O ministro de relações exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, pediu a sua contraparte americana, Marco Rubio, que interrompa o “uso da força” no Iêmen:
“Em resposta aos argumentos do representante americano, Sergey Lavrov enfatizou a necessidade de uma interrupção imediata do uso da força e a importância de todos os lados se engajarem no diálogo político para encontrar uma solução que evite mais derramamento de sangue”, disse o Ministério das Relações Exteriores da Rússia.
Desde o ataque contra a nação iemenita, membros do governo iraniano realizaram declarações condenando o ataque norte-americano. A primeira declaração veio do ministro das Relações Exteriores do Irã, pedindo que os EUA parassem de matar os Ansar Alá.
Mais tarde, o porta-voz do ministério de relações exteriores do Irã, Esmaeil Baghaei, em um comunicado divulgado no domingo, classificou o ataque americano como uma violação flagrante da Carta da ONU e das leis internacionais fundamentais. Ele pediu que o Conselho de Segurança da ONU reagisse aos acontecimentos e que a comunidade internacional realizasse uma ação coletiva para lidar com o “genocídio em curso” na região.
Baghaei continuou descrevendo a agressão militar conjunta dos EUA e da Grã-Bretanha contra a nação iemenita como parte de seu apoio constante ao genocídio do povo palestino e à supressão de qualquer solidariedade e apoio aos direitos legítimos dos palestinos.
A segunda declaração do governo iraniano veio do comandante do Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica do Irã, major general Hossein Salami, que reiterou que Teerã não controla o Ansarallah no Iêmen, apesar das narrativas da mídia imperialista.
“Se atacarmos algum lugar ou apoiarmos alguém, anunciaremos isso inequivocamente”, afirmou Salami, acrescentando que “o Irã não tem nenhum papel na definição das políticas nacionais de qualquer facção da frente de resistência, incluindo o movimento Ansarallah no Iêmen”.
Salami também advertiu que qualquer ataque ao Irã seria recebido com uma resposta “devastadora”, reafirmando a prontidão de Teerã para se defender contra as ameaças crescentes:
“O Irã não entrará em guerra, mas se alguém ameaçar, ele dará respostas apropriadas, decisivas e conclusivas”.
O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, disse na manhã deste domingo à CBS que a campanha militar dos EUA no Iêmen continuará até que o Ansar Alá não tenham mais a capacidade de atacar navios. Rubio afirmou que os Ansar Alá não possuem capacidade de atacar navios sem o apoio do Irã. Quanto a ataques terrestres norte-americanos no Iêmen, o secretario declarou que não vê “necessidade disso no momento”.
Pete Hegseth, secretário de Defesa dos EUA, disse na manhã deste domingo que os EUA conduziriam ataques “implacáveis” contra os Ansar Alá no Iêmen até que estes cessassem suas ações militares no Mar Vermelho.
“Isso vai continuar até que vocês digam ‘Não vamos mais atirar em navios. Não vamos mais atirar em ativos’”, disse Hegseth.
Em entrevista à agência de notícias americana ABC, o assessor de segurança nacional dos EUA, Michael Waltz, acusou o Irã de ajudar o Ansar Alá a atacar navios de guerra dos EUA e o comércio global. Cerca de 70% do comércio global está agora sendo desviado para a África do Sul para evitar o Ansar Alá, resultando em custos de transporte mais altos e problemas na cadeia de suprimentos, disse Waltz.
“O presidente Trump considerou isso inaceitável. O que herdamos foi uma situação terrível, e esse é um dos esforços contínuos para corrigir esse erro e reabrir o comércio global”, disse Waltz.
O assessor de segurança nacional afirmou que os ataques aéreos no Iêmen mataram “vários” líderes do Ansar Alá. Waltz disse ainda que estes ataques diferem dos inúmeros ataques que o governo Biden lançou contra o Ansar Alá.
“Não se tratou de ataques pontuais, de idas e vindas, o que acabou se revelando como ataques insignificantes”, disse Waltz. “Essa foi uma resposta esmagadora que, na verdade, teve como alvo vários líderes Houthis e os eliminou. E a diferença aqui é, em primeiro lugar, ir atrás da liderança Houthi e, em segundo lugar, responsabilizar o Irã.”
Apesar das declarações de Waltz, um correspondente do Al Mayadeen em Sanaa afirmou que 99% dos alvos bombardeados pela recente agressão eram civis, e a maioria dos mártires e feridos também eram civis. Relatos de veículos de mídia vinculados ao Ansar Alá mostram que os ataques miravam áreas urbanas.
“O que aconteceu ontem foi um crime grave”, disse Mesfir al-Waili, morador de Saada.
“Dez mártires caíram, 13 ficaram feridos, além de duas crianças e um menino e uma menina desaparecidos sob os escombros”, acrescentou.
“Esse americano só tem como alvo civis que não têm nada a ver com nada”, disse al-Waili, referindo-se a Trump. “Mas estamos prontos para eles”.
“As explosões foram violentas e sacudiram a vizinhança como um terremoto”, disse Abdullah Yahia, morador de Sanaa, à Reuters.
Diversos grupos de resistência palestinos prestaram solidariedade perante o Ansar Alá e o Iêmen após os ataques americanos. Em declaração oficial, o Hesbolá condenou “a agressão flagrante dos EUA e do Reino Unido contra o querido Iêmen, que teve como alvo bairros residenciais na capital, Sanaa, e várias outras províncias, resultando na morte e ferimentos de civis inocentes”. Acrescentando, o Hesbolá afirmou que “essa agressão é uma tentativa desesperada de impedir que essa nação orgulhosa continue seu apoio heroico ao povo palestino e mantenha sua pressão para levantar o cerco injusto a Gaza para permitir a entrada de ajuda humanitária”.
A declaração conclui dizendo: “Nós, do Hesbolá, reafirmamos nossa total solidariedade ao corajoso e querido Iêmen, tanto à sua liderança quanto ao seu povo, e conclamamos todas as nações livres do mundo e todas as forças de resistência em nossa região e fora dela a se unirem e se posicionarem como um só contra o projeto sionista dos EUA que tem como alvo os Estados e o povo de nossa nação. Também pedimos que levantem suas vozes em alto e bom som contra o silêncio árabe e internacional e o fracasso das instituições internacionais que se renderam ao injusto governo dos EUA”.
O Movimento de Resistência Islâmica, Hamas, também condenou a agressão contra o Iêmen, segue abaixo a nota na íntegra:
“Em nome de Alá, o mais gracioso, o mais misericordioso
Nós, do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), condenamos veementemente a criminosa agressão aérea americano-britânica que teve como alvo um bairro residencial na capital do Iêmen, Sanaa. Consideramos isso uma violação flagrante do direito internacional e um ataque à soberania e à estabilidade do nosso irmão Iêmen.
Expressamos nossa total solidariedade ao Iêmen e ao povo iemenita e valorizamos muito seus abençoados esforços em apoiar a firmeza de nosso povo palestino em Gaza, que enfrenta uma guerra genocida que envergonha a humanidade.
Sábado, 15 de Ramadã 1446 A.H.
15 de março de 2025“.
Nasruddin Amer, vice-chefe do escritório de mídia do Ansar Alá, disse que os ataques aéreos mortais dos EUA não deterão o grupo armado e que eles retaliarão contra os Estados Unidos.
“Sanaa continuará sendo o escudo e o apoio de Gaza e não a abandonará, independentemente dos desafios”, disse Amer nas redes sociais.
O porta-voz militar do Ansar Alá, Yahya Saree, reivindicou um ataque ao porta-aviões americano Harry S. Truman neste domingo. Saree afirmou que o ataque foi uma resposta ao ao bombardeio dos EUA no Iêmen e enfatizou que o bloqueio de navios ligados à “Israel” no Mar Vermelho continuará até que os sionistas suspendam seu bloqueio de ajuda à Gaza. Segue abaixo a declaração completa das Forças Armadas do Iêmen:
“Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso
O Todo-Poderoso disse:
“Então, quem transgredir contra você, transgrida contra ele da mesma forma que ele transgrediu contra você. E temei a Deus, e sabei que Deus está com aqueles que O temem.” Essa é a verdade de Alá, o Todo-Poderoso.
O inimigo americano lançou uma agressão flagrante contra nosso país nas últimas horas, realizando mais de 47 ataques aéreos que visaram várias áreas nas províncias de Sanaa, Saada, Al-Bayda, Hajjah, Dhamar, Marib e Al-Jawf. O inimigo americano cometeu vários massacres, resultando em dezenas de mártires e feridos em um número inicial e não final.
Em resposta a essa agressão, as forças armadas, com a ajuda de Alá, o Todo-Poderoso, realizaram uma operação militar de alta precisão, tendo como alvo o porta-aviões americano “USS Harry Truman” e os navios de guerra que o acompanhavam no norte do Mar Vermelho, usando 18 mísseis balísticos e de cruzeiro e drones. Essa foi uma operação conjunta executada pela força de mísseis, a força aérea e as forças navais.
As forças armadas do Iêmen não hesitarão em atacar todos os navios de guerra americanos no Mar Vermelho e no Mar da Arábia em resposta à agressão contra nosso país. Com a ajuda de Alá, continuaremos a impor o cerco naval ao inimigo “israelense” e a impor restrições a seus navios na zona de operação designada até que a ajuda humanitária e os suprimentos essenciais entrem na Faixa de Gaza.
Essa agressão americana só aumentará a firmeza, a fé e a constância do querido Iêmen e de seu povo firme, fiel e lutador.
Alá é suficiente para nós, e Ele é o melhor administrador de assuntos, o melhor guardião e o melhor ajudante.
Vida longa ao Iêmen – livre, orgulhoso e independente.
Vitória para o Iêmen e para todo o povo livre da nação.
Sanaa, 16 de Ramadã 1446 A.H.
Correspondente a 16 de março de 2025
Emitido pelas Forças Armadas do Iêmen“.
Até o momento, os números oficiais, segundo o Ministério da Saúde do Iêmen, são de ao menos 31 mortos e 101 feridos no ataque dos Estados Unidos. O Ansar Alá afirmam que o número de mortos já subiu para 53.
O líder do Ansar Alá, Abdul Malik al Houthi, disse em uma declaração televisionada que os EUA e “Israel” estavam “tentando impor a equação da permissibilidade na região e em seu povo”.
“Responderemos ao inimigo americano com ataques de mísseis e tendo como alvo seus navios de guerra e embarcações navais”, disse al-Houthi, afirmando que eles decidiram ‘ameaçar a navegação israelense para pressionar a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza’.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu “a máxima contenção e a cessação de todas as atividades militares” no Iêmen, disse seu porta-voz, Stephane Dujarric, em um comunicado:
“Qualquer escalada adicional poderia exacerbar as tensões regionais, alimentar ciclos de retaliação que podem desestabilizar ainda mais o Iêmen e a região, além de representar graves riscos para a já terrível situação humanitária no país”.
O Ministério de Relações Exteriores de Omã expediu um comunicado em que expressava “grande preocupação” após os ataques dos EUA. O país vizinho do Iêmen pressionou por “diálogo e negociação, alertando sobre as repercussões da contínua abordagem militar sobre a segurança e a estabilidade da região”.
“O Ministério das Relações Exteriores [de Omã] está acompanhando com grande preocupação a recente escalada militar na fraterna República do Iêmen e suas repercussões humanitárias e vítimas civis, expressando seu pesar pela continuação das ações militares que exacerbam o sofrimento do povo iemenita e aumentam a instabilidade na região”.
Nabeel Khoury, ex-diplomata dos EUA, disse à emissora catarense, Al Jazeera, que a decisão de Trump de atacar o Ansar Alá é “equivocada”.
O Ansar Alá, que foi “severamente bombardeado em todo o seu território” no passado, provavelmente não será subjugado por “algumas semanas de bombardeios”, disse Khoury, acrescentando que os ataques a contêineres poderiam ser resolvidos por meio da diplomacia.