O governo de Dina Boluarte segue aprofundando a repressão contra o povo peruano, consolidando um regime de censura e perseguição política enquanto conta com o silêncio cúmplice dos países imperialistas. Enquanto a imprensa internacional e governos ocidentais atacam incansavelmente a Venezuela, taxando-a de ditadura, não há o mesmo clamor contra a ofensiva autoritária da presidente peruana, que, desde a deposição de Pedro Castillo, governa à revelia da vontade popular.
Agora, o Congresso peruano avança em sua ditadura ao propor uma lei que impõe controle absoluto sobre os meios de comunicação. A nova legislação obriga veículos a divulgar suas fontes de financiamento, atividades e proprietários, sob pena de multas, suspensão ou fechamento definitivo. A medida confere ao Executivo um poder de fiscalização arbitrário, permitindo exigir informações conforme sua conveniência. Para o Conselho de Imprensa Peruana, trata-se de uma iniciativa “persecutória” e um claro atentado à liberdade de imprensa. A aprovação dessa norma significaria entregar ao governo a prerrogativa de decidir quais meios de comunicação podem operar no país, instituindo um sistema de censura disfarçada.
O governo de Boluarte, sustentado por uma aliança entre o fujimorismo e setores da direita tradicional, já havia tentado restringir a atuação jornalística com a chamada “Lei Mordaza” e reforçar o controle estatal sobre o Instituto Nacional de Rádio e Televisão do Peru (IRTP). O objetivo é claro: silenciar qualquer denúncia contra um regime cada vez mais impopular, marcado por corrupção e violência contra os trabalhadores.
A repressão também se manifesta na brutal perseguição aos movimentos populares. Desde a deposição de Castillo, mais de 60 pessoas foram assassinadas pelo Estado peruano em protestos contra o governo usurpador. Enquanto isso, Boluarte e sua cúpula política aprofundam os ataques aos direitos do povo. O descontentamento popular é evidente: pesquisas indicam que a rejeição a seu governo supera os 90%, tornando-a a líder mais impopular da América Latina.
Apesar da crescente insatisfação e das denúncias de violações de direitos humanos, a ditadura de Boluarte segue sendo tratada com condescendência pelos organismos internacionais e governos imperialistas Não há sanções contra o Peru, nem ofensivas diplomáticas para isolar Boluarte, como ocorre com a Venezuela ou a Nicarágua. O
O que se vê é a repetição da hipocrisia característica do imperialismo. Quando um governo busca enfrentar as imposições do grande capital, é imediatamente atacado e isolado. Mas quando um regime, mesmo abertamente ditatorial, serve aos interesses das multinacionais e do grande capital financeiro, recebe apoio e blindagem da imprensa.