No programa Análise Internacional desta semana, Rui Costa Pimenta, presidente do PCO, analisou as contradições que Donald Trump enfrenta ao tentar impor um acordo de paz na Ucrânia. Segundo ele, “o imperialismo não quer o fim da guerra”, e, por isso, o ex-presidente norte-americano terá dificuldades para avançar com sua política. Pimenta argumenta que o recente endurecimento de Trump com o regime de Vladimir Zelensqui já havia sido previsto:
“Estamos presenciando, em primeira mão, a primeira grande manifestação das contradições que o governo Trump enfrentará. Ele quer chegar a um acordo de paz, mas o imperialismo não. Por isso, ele precisa manobrar para tentar impor o fim da guerra, mas está encontrando grande dificuldade.
Quando aconteceu aquela entrevista com Zelenski, dissemos que aquilo era uma manobra para colocá-lo em uma posição desfavorável e, assim, abrir caminho para o corte dos fundos destinados à Ucrânia. O que estamos vendo agora é um teste dos limites da política de Trump e da sua autonomia como presidente dos EUA.
A situação não é simples e não será fácil. Ele não pode se posicionar de maneira aberta neste momento porque a pressão do imperialismo não vem apenas da oposição, mas também da sua própria base de apoio. Assim, ele enfrenta dificuldades para denunciar elementos do seu próprio partido – pessoas que se dizem de direita e que ele considera um apoio importante, mas que, ao mesmo tempo, estão ativamente sabotando a política do seu governo”, afirmou.
No que diz respeito a um cessar-fogo, o dirigente do PCO avalia que Trump é o que tem mais urgência na negociação. “Para ele, o relógio está correndo. O Zelenski é um aventureiro, amanhã ele muda para os Estados Unidos e está tranquilo. O Putin está com a faca e o queijo na mão”, afirmou. Pimenta considera que a posição da Rússia é mais favorável e que, por isso, “Putin rejeitou o acordo de cessar-fogo”, preferindo negociar um acordo definitivo. “Ele está aproveitando para ganhar terreno, demolir o que resta do exército ucraniano e tomar conta do pedaço”, analisou.
“Israel” abusa dos acordos e não pode ocupar Gaza, diz Rui Costa Pimenta
Outro tema abordado foi a ofensiva sionista em Gaza. Pimenta afirmou que “Israel” está abusando do acordo de cessar-fogo e que sua estratégia baseia-se na percepção de que a resistência palestina tem limitada capacidade de retaliação no momento. No entanto, ele ressaltou que os grupos de resistência, como o Ansar Allah, já indicaram que não aceitarão esse abuso passivamente. “Eles vão começar a romper o acordo que eles decretaram unilateralmente”, alertou.
Sobre a possibilidade de uma nova ocupação da Faixa de Gaza, Rui foi categórico: “Na minha opinião, ‘Israel’ não tem condições de voltar a ocupar Gaza”. O que o regime sionista pode fazer, segundo ele, é continuar com ataques aéreos de grande escala. “É aquele negócio, eles têm muito amparo internacional, ninguém faz nada, então eles abusam”, concluiu.
Manipulação eleitoral na Alemanha confirma crise democrática
Por fim, Rui Costa Pimenta comentou sobre as eleições na Alemanha, destacando que o pedido de recontagem das urnas feito pela aliança de esquerda BSW evidencia que houve fraude. “Mostra que a nossa avaliação estava correta: efetivamente houve fraude”, afirmou. Para ele, o imperialismo já não consegue sustentar seu domínio apenas por meio da propaganda e do financiamento eleitoral, recorrendo também à manipulação dos resultados.
Pimenta comparou o caso alemão à situação no Brasil, denunciando a repressão ao debate sobre fraudes eleitorais no país. “Aqui virou um grupo de juízes ditadores que estabeleceram que você não pode falar A, não pode falar B, não pode falar C – e a esquerda apoia esse tipo de coisa totalmente ditatorial!”. Para ele, a suposta democracia ocidental está em “fase de regressão total, de colapso, de crise total”.