A luta do povo palestino por sua autodeterminação e contra a ocupação sionista sempre contou com figuras de grande destaque, e entre elas está o Dr. Izzat Tannous. Médico de formação, mas militante por convicção, Tannous dedicou sua vida à defesa da Palestina, tanto no campo da política internacional quanto no apoio direto à resistência.
Origens e Formação
Nascido em 1894, em Nablus, numa família cristã palestina, desde cedo enfrentou dificuldades, perdendo o pai aos cinco anos de idade. Sua mãe garantiu sua educação, enviando-o para estudar em Jerusalém, onde se destacou nos esportes e na academia. Posteriormente, ingressou na Faculdade de Medicina do Syrian Protestant College, em Beirute, formando-se no período turbulento da Primeira Guerra Mundial.
Convocado pelo Exército Otomano, serviu em um hospital de Haifa até a ocupação britânica da cidade. Retornou a Jerusalém, estabelecendo-se como pediatra e alcançando grande prestígio profissional. Mas sua trajetória mudaria radicalmente diante da intensificação da colonização sionista na Palestina.
Da Medicina à Luta Nacional
O compromisso de Tannous com a causa palestina ficou evidente nos levantes contra a ocupação britânica e a imigração judaica incentivada pelo Mandato. Em 1929, durante a Revolta de al-Buraq, fechou sua clínica por um mês para se dedicar integralmente à mobilização política. Nos anos 1930, aproximou-se do Partido Árabe Palestino e tornou-se um dos principais representantes diplomáticos da luta palestina.
Em 1936, participou da missão enviada a Londres para exigir o fim da imigração sionista, chegando a publicar um panfleto intitulado The Palestine Case, que expunha as injustiças impostas pelo governo britânico. Também ajudou a fundar o Centro Árabe, organização destinada a influenciar a opinião pública britânica em favor da Palestina.
Resistência no Exterior
O envolvimento internacional de Tannous foi decisivo na luta contra o projeto sionista. Em 1937, percorreu os Estados Unidos para conscientizar a diáspora árabe sobre a resistência palestina. No mesmo ano, integrou a delegação palestina à Liga das Nações, denunciando as violações britânicas e a imposição do domínio sionista sobre a região.
Com o endurecimento da repressão, uniu-se a Haj Amin al-Husseini no exílio e participou de negociações diretas com autoridades britânicas. Defendia uma solução democrática para a Palestina, onde todos os cidadãos tivessem direitos iguais, sem privilégios para os colonos judeus, mas sua proposta foi ignorada por Londres, que persistiu em seu apoio ao projeto sionista.
Atuação Durante a Nakba e Pós-1948
Com a escalada do conflito após a partilha da Palestina, em 1947, Tannous esteve entre os líderes árabes que organizaram a defesa de Jerusalém contra as forças sionistas. Ele dirigiu o financiamento das forças paramilitares palestinas e participou dos esforços para manter o controle da parte oriental da cidade. Após a Nakba, exilou-se no Líbano e seguiu denunciando a limpeza étnica promovida pelos sionistas.
Nos anos seguintes, estabeleceu escritórios de representação palestina em Beirute, Londres e Nova Iorque. Fundou o Palestine Arab Refugee Office, que buscava apoio para os refugiados expulsos de suas terras pelo terror sionista. Sua militância o levou a representar os palestinos na ONU e a atuar na formação da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), na qual foi um dos primeiros representantes em território norte-americano.
Legado e Contribuição à Causa Palestina
Tannous se afastou da política ativa em 1968, retirando-se para Beirute, onde escreveu suas memórias até falecer em 1993. Sua vida foi marcada pelo compromisso inabalável com a luta de seu povo, utilizando sua posição e formação para defender a Palestina em todas as arenas possíveis.
Foi um dos primeiros médicos palestinos e também um dos mais combativos militantes contra o sionismo e o imperialismo britânico, demonstrando que a resistência pode ser travada tanto no campo de batalha quanto nos corredores da diplomacia. Seu nome permanece como um dos grandes representantes da luta do povo palestino, que continua, décadas após sua morte, em busca de justiça e de sua terra.