Lideranças dos povos Akroá-Gamella, Kariú-Kariri, Tremembé de Engenho e Tremembé de Raposa relataram que já buscaram a Coordenação Técnica Local (CTL) da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) no Maranhão para reclamar da excessiva demora no andamento dos processos administrativos de demarcação de seus territórios (Engenho, em São José de Ribamar; Taquaritiua, em Viana; e Caúra, em Raposa), além dos problemas de invasão de suas terras por fazendeiros e da destruição ambiental causada por empreendimentos privados.
“A Funai tem feito um trabalho muito devagar, é o que temos sentido. A gente precisa que acelere, porque todo dia sentimos nossos direitos ameaçados. Quando acontece essa morosidade, de não vir logo a demarcação do nosso território e os processos ficarem praticamente parados nas gavetas, nós sofremos as consequências, e quem está ambicioso por esse nosso lugar se sente no direito de entrar e fazer o que bem quer. O nosso direito parece não existir”, conta a liderança do território Caúra, Tunycwyj Tremembé.
Segundo o Regimento Interno da Funai, cabe às CTLs o planejamento, a implementação e a proteção dos direitos dos índios, além do etnodesenvolvimento e da proteção territorial, em conjunto com os próprios índios. No entanto, estes relatam a falta de servidores para compor a equipe e denunciam que a Funai ignora as dúvidas das lideranças e das assessorias jurídicas.
Vale lembrar que a Funai é um órgão do governo federal vinculado ao Ministério dos Povos Indígenas, chefiado pela ministra Sônia Guajajara, que, quando nomeada, foi motivo de festejos para a esquerda identitária, sob a lógica de que ela, simplesmente por ser índia, se preocuparia verdadeiramente (e muito mais que qualquer não-índio) com o interesse desses povos. No entanto, apesar de sua óbvia ligação com o imperialismo e os banqueiros, hoje, mais de dois anos após sua nomeação, vê-se o mesmo descaso de antes, demonstrando novamente que a “identidade” a que você pertence é irrelevante diante dos grupos que realmente detêm o poder.