Os Estados Unidos classificaram as conversações diretas com o Hamas como “muito úteis”, segundo as palavras do enviado do governo norte-americano Adam Boehler, que demonstrou confiança em alcançar um acordo para a libertação de prisioneiros israelenses nas próximas semanas.
Um dirigente da Resistência Palestina revelou ao sítio libanês Al Mayadeen que os EUA têm interesse em negociar diretamente com o Hamas, embora dentro de certos limites. De acordo com essa liderança, os EUA não desejam que a Resistência tire proveito político desse diálogo com o governo norte-americano.
Ainda segundo a fonte palestina, emissários dos EUA asseguraram que Donald Trump tem condições de “impor a Israel a interrupção da guerra e viabilizar um acordo com o Hamas”. O entendimento dentro do governo norte-americano é que a libertação de um prisioneiro com dupla cidadania israelense e americana poderia alterar a posição do ex-presidente sobre o conflito.
O Hamas reafirmou seu compromisso com o cessar-fogo e com a implementação da primeira fase do acordo previamente estabelecido, mantendo-se pronto para avançar com a segunda fase das negociações. No entanto, a organização rejeitou tentativas de imposição por parte de Telavive, que segue descumprindo seus compromissos sem qualquer punição internacional.
“Ameaças de guerra e chantagens não terão utilidade alguma. A única saída é negociar e respeitar o que foi acordado”, declarou o líder palestino à Al Mayadeen, alertando que qualquer alternativa diferente colocaria em risco os prisioneiros que ainda permanecem em Gaza.
Adam Boehler confirmou à rede norte-americana CNN que a reunião com o Hamas foi produtiva, enfatizando sua crença de que um acordo para a libertação dos prisioneiros pode ser fechado em questão de semanas. O enviado norte-americano admitiu que essas negociações são incomuns, dado que os EUA classificam o Hamas como uma organização “terrorista” desde 1997, mas não descartou a realização de novos encontros no futuro.
“Compreendo as preocupações de Israel sobre essa reunião, mas nosso objetivo é reativar negociações que estão fragilizadas”, declarou Boehler. Ele avaliou que as conversações foram “muito úteis” e afirmou: “Acredito que algo pode ser resolvido dentro de semanas. Há um acordo possível para libertar todos os prisioneiros, não apenas os americanos”.
O emissário dos EUA sugeriu que novos encontros com o partido revolucionário palestino podem ocorrer. “Nunca se sabe. Às vezes você está na região e acaba passando por lá”, comentou.
A primeira fase do cessar-fogo, que envolveu a libertação de parte dos prisioneiros israelenses, chegou ao fim no início deste mês. Agora, há um impasse entre a Resistência e a ditadura sionista sobre o início da segunda fase, que teria como objetivo o fim definitivo da guerra na Faixa de Gaza.
Enquanto o regime israelense busca prorrogar a primeira fase até meados de abril, o Hamas insiste na implementação imediata da segunda etapa, que tem como meta um cessar-fogo permanente. Durante essa primeira fase, a resistência libertou 25 prisioneiros vivos e entregou os corpos de outros oito em troca de aproximadamente 1.800 palestinos detidos nos presídios israelenses.
Dos 251 reféns capturados em 7 de outubro de 2023, 58 permanecem em Gaza, incluindo 34 cujas mortes foram confirmadas pelo exército israelense.
Na última semana, Donald Trump fez uma ameaça direta ao Hamas, alertando que, caso todos os prisioneiros restantes não sejam soltos, Gaza enfrentará uma nova onda de destruição.
Boehler reconheceu o descontentamento de Telavive com as negociações conduzidas pelos EUA, mas fez questão de ressaltar: “Somos os Estados Unidos. Não somos um agente de Israel”.