Futebol

Defensor de ‘Israel’ quer ‘punições exemplares ao racismo’

Colunista do Poder 360 que defende "Israel" enquanto este comete uma limpeza étnica pede que torcedores "racistas" sejam punidos de forma exemplar

Criança palestina morta.

No dia 11 de março, o colunista do Poder 360, Roberto Livianu, publicou um texto com o título Punições brandas ajudam a naturalizar o racismo no futebol, no qual pede para que os torcedores de futebol que cometam o que ele considera como sendo racismo, paguem na justiça de “forma exemplar”.

Em sua matéria, Livianu comenta sobre o caso dos jogadores do sub-20 do Palmeiras Luighi e Figueiredo, que receberam ofensas por parte de torcedores do Cerro Porteño em partida válida pela Libertadores da categoria. As ofensas que teriam sido dirigidas a eles se tratam da imitação de macacos por parte da torcida do time paraguaio.

Para Livianu, apesar de a Conmebol, entidade responsável pelo futebol na América do Sul, ter punido o time do Cerro Porteño com uma multa de 50 mil dólares, a punição deveria ser ainda maior, com a entidade impedindo a entrada dos torcedores em questão nos estádios e “isolando-os de convívio social”, o que na linguagem popular se chamaria de “colocar os indivíduos na cadeia”.

As propostas de Livianu são as mesmas dos identitários: tratar como caso de polícia qualquer tipo de ofensa e opinião pessoal. Na prática, é a criminalização da opinião, pois, sendo ela boa ou ruim, é a opinião das pessoas que está sendo julgada como sendo criminosa.

Além disso, o racismo que deve ser proibido não é o de uma mera opinião, mesmo quando esse ofenda determinado grupo, mas sim, o de impedir que alguma pessoa frequente determinados lugares por conta de sua raça, o que deve se estender também para religiões diferentes, nacionalidades e sexo.

Por exemplo, na África do Sul do apartheid, os negros não podiam frequentar os mesmos lugares que os brancos. Também nos Estados Unidos, durante muito tempo, vigoraram leis que impediam o acesso da população negra à universidade, impediam que os negros estudassem nas mesmas escolas que os brancos e, no transporte público, tinham de usar a parte de trás dos ônibus, já que a parte da frente era destinada aos brancos.

Isso é racismo e isso não pode ser permitido. Já a opinião das pessoas, em um Estado democrático de direito, não pode ser caso de polícia e não pode suscitar penas. A burguesia se utiliza da criminalização de opiniões absurdas e que aos olhos da esquerda são aberrantes para criar a possibilidade de se punir crimes de opinião. Com isso, nada garante que a opinião justamente de quem se coloca contra o racismo de verdade não seja a opinião que vai ser punida.

Roberto Livianu, no entanto, hoje aparece preocupado com o racismo, mas, em matérias de anos atrás sua preocupação era exclusiva com a “corrupção”. São inúmeras as matérias glorificando a Lava Jato nos anos áureos da operação que, a pretexto do combate à corrupção, destruiu a economia nacional e criou o clima político para o golpe em Dilma e a prisão de Lula em 2018, ambos comemorados por Livianu. Também há colunas endossando as tentativas de golpe de Estado na Venezuela contra Nicolás Maduro, outras que pedem a censura ao que ele chama de “fake news” e, mesmo hoje, muitas matérias tentando relacionar Lula e seu governo à corrupção.

No entanto, o que mais chama a atenção em suas colunas anteriores é justamente a defesa de “Israel” durante o genocídio na Faixa de Gaza.

Em 23 de janeiro do ano passado, Livianu publicou uma coluna intitulada “Boicote a judeus, de novo, 91 anos depois”, na qual o colunista do Poder 360 compara o movimento de boicote a “Israel”, citado por José Genoíno na época como algo positivo contra o genocídio, com os boicotes realizados pelos nazistas na segunda guerra mundial.

É interessante que, na matéria, Livianu chega a dizer que as crianças assassinadas por “Israel” seriam apenas um efeito colateral das bombas, já que “Israel” estaria tentando bombardear militantes do Hamas. Imitar um macaco para ofender os negros ou brasileiros, por mais horrível que possa parecer, não pode ser pior do que o bombardeio de crianças.

Também é interessante notar que Livianu, sempre preocupado com as “fake news” repetiu em sua matéria que o Hamas prega “a morte de todos os judeus”, o que é uma mentira completa espalhada por “Israel”. Também em outra matéria, que comentaremos a seguir, o colunista repete que o Hamas pretende em seu estatuto “exterminar todos os judeus”.

A outra matéria tem como título “Lula erra ao equiparar a legítima defesa de Israel ao Holocausto”. Além de argumentar que cometer um genocídio é “legítima defesa” e sem levar em conta que “Israel” é uma força de ocupação, o que não lhe dá direito a se defender, pois se trata de uma força opressora contra uma população oprimida local – seria o mesmo de pregar o direito de defesa dos colonos portugueses ou espanhóis durante o processo de independência dos países latino-americanos -, é engraçado que, na matéria citada anteriormente, Livianu havia comparado o boicote a empresas israelenses com o nazismo.

Ou seja, boicotar empresas de um país que comete genocídio é nazismo, mas, comparar o genocídio com o nazismo é um erro.

Desde 1948 “Israel” promove uma limpeza étnica sistemática contra todos os palestinos, matou cerca de 60 mil pessoas em apenas 15 meses somente na faixa de Gaza, com contas de organizações que dizem que o número real de mortes chega a quase 300 mil dentre uma população de 2 milhões de pessoas, matou mais 4 mil pessoas no Líbano, bombardeou a Síria e o Iêmen, tortura quase 10 mil palestinos que estão presos em suas masmorras, incluindo crianças, com denúncias de que as mulheres são estupradas por guardas israelenses.

Mas, para Livianu, isso não é racismo. Não é racismo cometer limpeza étnica e qualquer crítica ao Estado de “Israel” merece para Livianu uma coluna em defesa justamente daqueles que cometem limpeza étnica.

Por que uma pessoa que defende o principal ato de racismo das últimas décadas está preocupada com torcedores imitando macacos? A única resposta possível para essa hipocrisia é a de que o racismo não importa para Livianu. É somente um pretexto para aumentar a censura no Brasil e dar à justiça o poder de punir a opinião dos outros. Provavelmente para punir a opinião daqueles que defendem a Palestina.

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