Oriente Médio

Al-Qaeda cria esquadrões da morte para assassinar sírios alauítas

Soldados leais a Bashar al-Assad atacaram tropas do novo governo; o presidente golpista respondeu com um banho de sangue: mais de 500 foram assassinados.

O governo golpista da Síria, fruto do golpe imperialista contra Bashar al-Assad em 2024, se aprofunda em crises. No sul, “Israel” invade o território, e a população de drusos se arma cada vez mais. No nordeste, os curdos se recusam a se desarmar. Eles, que foram apoiados pelos EUA por uma década, são uma força militar formidável. Mas a maior crise agora explode no litoral, onde se encontra a população de alauítas, anteriormente maioria no governo Assad. O governo de al-Jolani realiza massacres todos os dias contra a própria população.

Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos, centenas de civis alauítas foram assassinados em apenas três dias até o dia 8 de março. A organização, com sede no Reino Unido, afirmou que 532 civis foram mortos em “ataques de vingança”, além de 120 combatentes do antigo Exército Sírio e 89 membros das forças de segurança do novo governo, liderado pelo HTS, antiga Al-Qaeda na Síria.

O líder do OSDH, Rami Abdurrahman, disse que as execuções por vingança cessaram na madrugada de sábado (8). “Este foi um dos maiores massacres durante o conflito sírio”, afirmou Abdurrahman.

Homens armados executaram alauítas, a maioria homens, nas ruas ou nos portões de suas casas. Muitas residências alauítas foram saqueadas e incendiadas em diferentes áreas, relataram dois moradores da região costeira da Síria.

Moradores de Banias, onde ocorreu um dos maiores massacres, disseram que corpos estavam espalhados pelas ruas ou deixados sem sepultura dentro de casas e nos telhados de prédios. Um residente relatou à agência de notícias que os homens armados impediram, por várias horas, a remoção dos corpos de cinco vizinhos executados à queima-roupa.

Ali Sheha, um morador de Banias de 57 anos, afirmou que pelo menos 20 de seus vizinhos e colegas foram assassinados em um bairro de alauítas, alguns em suas lojas ou em suas casas.

Sheha descreveu os ataques como “execuções por vingança” contra a minoria alauíta pelos crimes cometidos pelo antigo governo de Bashar al-Assad durante a guerra de 14 anos iniciada em 2011. Outros moradores disseram que os agressores incluíam combatentes estrangeiros e militantes de vilas e cidades vizinhas.

“Foi muito, muito feio. Havia corpos nas ruas”, disse Sheha após fugir da cidade. Ele afirmou que os homens armados pediam a identificação dos moradores para verificar sua religião e seita antes de matá-los. Eles também roubaram carros, saquearam e incendiaram casas. Fontes locais de Banias disseram ao The Cradle que os agressores foram de casa em casa batendo nas portas em busca de alauítas. Se a família fosse alauíta, todos eram assassinados.

As fontes relataram que os homens armados confiscaram os celulares dos moradores para impedir a gravação de vídeos dos massacres. Se a família fosse cristã, não era morta, mas a casa e os pertences eram saqueados antes de os agressores seguirem para a próxima residência.

Fontes relataram à Al Mayadeen que mais de 400 civis foram mortos em massacres e execuções na costa da Síria. O correspondente da emissora libanesa informou que “os moradores não ousam sair de casa devido aos contínuos massacres cometidos por combatentes do centro da Ásia, chechenos e sírios”.

Na sexta-feira (7), massacres também foram realizados nas vilas de al-Haffa, Al-Mukhtaria, Al-Shir e Qarfais, no interior de Hama e Lataquia, bem como na cidade de Iahmour e na região de al-Uaroud, no norte da província de Damasco.

A nova guerra civil na Síria

Os massacres de civis alauítas começaram depois que membros do antigo Exército Sírio, sob o comando de Bashar al-Assad, emboscaram integrantes das novas forças de segurança sírias que tentavam deter uma pessoa procurada perto da cidade costeira de Jablá no início da semana.

Os confrontos armados eclodiram após a emboscada, levando o novo governo a mobilizar reforços para patrulhar as regiões costeiras de Lataquia e Tartus em uma grande operação militar. Essa é a região de maioria alauíta na Síria.

Em um discurso televisionado no sábado (8), o presidente golpista sírio parabenizou “o exército e as forças de segurança por seu compromisso em proteger e garantir a segurança dos civis enquanto perseguem os remanescentes do regime deposto e por sua rápida atuação”. Ele ainda afirmou que “o que está acontecendo na Síria agora está entre os desafios esperados”. O porta-voz do Ministério da Defesa da Síria, coronel Hassan Abdul Ghani, anunciou a segunda fase da operação militar contra os “remanescentes” do governo Assad.

O Haiat Tahrir al-Sham (antiga Al-Qaeda), organização que tomou o poder no país, é conhecido por esse tipo de ação de violência extrema. As minorias foram massacradas por mais de uma década durante a guerra civil na Síria. A organização, que agora é governo, no entanto, estava evitando tamanha violência. Essas ações podem representar uma nova etapa do governo golpista da Síria. A crise política é muito grande, e o governo, muito instável.

Mas, quanto mais o governo usar de violência contra a população, maior será a tendência de o povo formar grupos de resistência. A Síria não é um reino reacionário como a Jordânia ou os países do Golfo. O país viveu sob um regime nacionalista por mais de 50 anos e teve participação direta do Irã e do Hesbolá em seu território. E o novo governo dos EUA também não parece ter muito interesse em apoiar al-Jolani, vide o que aconteceu com seu “irmão político” Vladimir Zelensqui.

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