O artigo A verdadeira face imperial yanque, publicado em 28 de fevereiro de 2025 no portal Brasil 247 e assinado pelo professor Rafael R. Ioris, argumenta que Donald Trump manifesta o imperialismo norte-americano de forma agressiva e coercitiva. Segundo o autor,
“Donald Trump não só dá um cavalo de pau na forma de funcionamento da hegemonia norte-americana dos últimos 80 anos, como reestabelece padrões diplomáticos imperiais do século XIX, onde, em bom português brasileiro, ‘manda quem pode e obedece quem tem juízo’”.
Trata-se do exato oposto. O imperialismo é uma ditadura brutal – em última instância, militar. O imperialismo se impõe não por meio de discursos, mas com botas no chão. Trump, ainda que seja um representante de interesses imperialistas, representa um movimento de contestação ao eixo central da política imperialista.
Contrariando a imagem de um líder que busca impor a hegemonia norte-americana pela força, Trump implementou medidas que reduzem a presença e a influência militar dos EUA no exterior. Um exemplo significativo é o corte de mais de 90% nos programas de “ajuda e desenvolvimento” internacional, totalizando US$54 bilhões, administrados pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID). Essa decisão levou centenas de diplomatas norte-americanos, capachos do imperialismo, a protestarem, alertando que a redução da USAID enfraqueceria a segurança dos EUA frente a China e Rússia.
Além disso, Trump adotou uma postura crítica em relação à OTAN, questionando os gastos dos EUA com a aliança e sugerindo que outros membros aumentem suas contribuições para 5% do PIB. Essa atitude contrasta com a política tradicional norte-americana na Europa.
Trump suspendeu indefinidamente a ajuda militar à Ucrânia, pressionando o presidente usurpador Vladimir Zelensqui a assinar um acordo sobre minerais e a se desculpar por supostos agravos. Essa decisão levará a uma desmoralização total do imperialismo no Leste Europeu.
Embora Trump seja o presidente de um país imperialista, ele representa uma corrente que contesta a máquina imperial tradicional, adotando uma postura menos agressiva em comparação aos governos anteriores. Ao reduzir a intervenção direta e pôr a prova alianças históricas, o presidente norte-americano está, objetivamente, diminuindo a capacidade do imperialismo de exercer a sua ditadura.
A contrariedade de Trump com a máquina imperialista não é uma questão ideológica, mas um fenômeno econômico. Ele representa a burguesia interna norte-americana, setor que está devastado com a política neoliberal e que precisa, para se reerguer, de uma mudança na política externa, que tem impactado duramente a política doméstica.
Independentemente do que Trump pensa ou diga, suas ações acabam por enfraquecer a dominação imperialista. Trata-se, portanto, não de uma expressão do imperialismo norte-americano, mas uma forte contradição que poderá levar ao seu colapso.