
Minas Gerais
Lula deve anunciar assentamento de 12 mil famílias nessa sexta
Presidente faz visita a acampamento, após cobranças do MST por mais prioridade do governo à causa, especialmente para as 65 mil famílias acampadas

- O presidente Lula e o líder do MST João Paulo Rodrigues
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- Reprodução
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desembarca nesta sexta-feira (7), às 10h, no acampamento Quilombo Campo Grande, do MST, em Campo do Meio (MG), para um ato histórico em prol da reforma agrária. Durante o evento, o governo planeja revelar a liberação de crédito e o assentamento de 12 mil famílias em todo o Brasil.
O anúncio foi destacado pelo ministro do Desenvolvimento Agrário Paulo Teixeira, em vídeo ao lado de João Paulo Rodrigues, líder do MST. Teixeira reforçou o peso do momento: “Lula estará conosco para esse grande passo na reforma agrária”. A visita ocorre após cobranças do MST por mais prioridade do governo à causa, especialmente para as 65 mil famílias acampadas que aguardam soluções.
Pela primeira vez neste mandato, Lula pisa em um espaço do MST, após uma tentativa frustrada de visita no último mês. O Quilombo Campo Grande, com quase 30 anos de resistência, já enfrentou 11 tentativas violentas de despejo, incluindo uma invasão da Polícia Militar em 2020 que destruiu lavouras e uma escola durante a pandemia. Hoje, o acampamento sustenta 450 famílias que produzem alimentos como o premiado Café Guaií, cultivado de forma sustentável.
Membro da coordenação do MST em Minas Gerais, Silvio Neto celebrou o evento como um divisor de águas. Para ele, o ato pode impulsionar o combate à fome e à especulação alimentar, além de desafiar o modelo predatório dos latifúndios. “Queremos que isso mobilize a sociedade e acelere os assentamentos”, afirmou, enxergando na visita um novo capítulo para a pauta agrária.
A área, antes pertencente à falida Companhia Agropecuária Irmãos Azevedo (Capia), foi ocupada nos anos 1990 por trabalhadores que não receberam seus direitos após o colapso da Usina Ariadnópolis. Em 2023, o STJ confirmou a inviabilidade de recuperação da empresa, fortalecendo a causa dos ocupantes. Neto classificou o momento como “digno dos livros de história”, lembrando os 27 anos de conflitos, ameaças e perdas enfrentados pelas famílias.