O regime sionista de “Israel” intensificou sua guerra contra o povo palestino ao bloquear completamente a entrada de ajuda humanitária em Gaza neste domingo (2), dia seguinte ao término da primeira etapa do cessar-fogo com o Hamas, encerrada em 1º de março. A medida, ordenada pelo primeiro-ministro Benjamin Netaniahu, visa pressionar a Resistência Palestina a aceitar uma prorrogação do acordo, proposta pelos Estados Unidos, que mantém a ocupação militar no enclave.
O Hamas classifica o bloqueio como uma “extorsão vil” e um “ato criminoso de guerra”, enquanto a população de Gaza, já devastada por 17 meses de genocídio, teme a volta dos massacres promovidos por Telavive. Trata-se de mais um crime de “Israel”, respaldado pelo imperialismo ianque, contra a luta palestina.
Conforme divulgado pelo gabinete de Netaniahu em Israel: “Israel não aceitará um cessar-fogo sem a libertação de nossos reféns”; e acrescentou: “se o Hamas continuar rejeitando, enfrentará novas consequências”.
A ditadura sionista, ao mesmo tempo, diz ter aderido a uma sugestão do enviado especial norte-americano, Steve Witkoff, para estender a primeira fase por mais seis semanas, abrangendo o Ramadã e a Páscoa judaica, até 20 de abril. Netaniahu declarou que, caso as negociações não avancem, as forças sionistas podem reiniciar os ataques em Gaza.
A Resistência Palestina rejeita a jogada de “Israel”. Em nota, o Hamas afirmou que “a decisão de Netaniahu de cortar a ajuda humanitária a Gaza é um ato de chantagem barata, um crime de guerra e uma violação flagrante do acordo de cessar-fogo e troca de prisioneiros”. O movimento exige o avanço imediato para a segunda fase, que inclui a saída total das tropas de ocupação e um cessar-fogo duradouro.
Dirigente do Hamas, Mahmoud Mardawi reforçou à emissora libanesa Al Mayadeen que “essa manipulação contínua não trará os reféns de volta às suas famílias; ao contrário, prolongará seu sofrimento e colocará suas vidas em risco, a menos que se pressione a ocupação a honrar seus compromissos”.
Uma moradora de Jabalia, Fayza Nassar, desabafou à agência de notícias norte-americana Associated Press, segundo fala repercutida pela emissora catarense Al Jazeera: “haverá fome e caos. Fechar as passagens é um crime hediondo”. Já Sayed al-Dairi, residente da Cidade de Gaza, relatou ao mesmo órgão que “todos estão preocupados. Isso não é vida”. Desde 19 de janeiro, início do cessar-fogo, caminhões de auxílio entravam diariamente em Gaza, mas, no domingo, os preços dispararam, dobrando com o pânico do fechamento das passagens.
Entidades internacionais alertam para a ilegalidade da ação. Chefe da Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês), Thomas Fletcher classificou a decisão de “Israel” de bloquear a ajuda humanitária a Gaza como “alarmante”. “O direito humanitário internacional é claro: devemos ter acesso para entregar ajuda vital”, disse.
O Programa Mundial de Alimentos, por sua vez, publicou no X que “o impacto do acesso humanitário seguro e contínuo é evidente. O cessar-fogo deve ser mantido. Não pode haver retrocesso”. O secretário-geral da Cruz Vermelha Internacional, Jagan Chapagain, também reagiu, afirmando que “é vital que o cessar-fogo e a entrega de ajuda a Gaza sejam mantidos para atender às necessidades humanitárias de segurança, abrigo, saúde, comida e apoio psicológico”.
Os mediadores Egito e Catar condenaram a medida criminosa adotada pela ditadura sionista. O Ministério egípcio das Relações Exteriores declarou que “essas medidas constituem uma violação flagrante do acordo de cessar-fogo” e acusou “Israel” de usar a fome como arma contra os palestinos. O Catar afirmou: “o Catar condena veementemente a decisão do governo de ocupação israelense de impedir a entrada de ajuda humanitária em Gaza e considera isso uma violação descarada do acordo de cessar-fogo e do direito humanitário internacional”, rejeitando “o uso de alimentos como arma de guerra”.
No mesmo tom, o Hamas acusa “Israel” de trair o acordo desde o início: “a declaração de Netaniahu sobre a extensão da primeira fase é uma tentativa descarada de fugir do acordo e evitar negociações para a segunda fase”. Um líder da Resistência denunciou à Al Mayadeen que o fracasso nas tratativas em Cairo se deve a Telavive, que “atrasa as negociações da segunda fase” e recorre a “chantagem”. Hazem Qassem, porta-voz do Hamas, afirmou à rede de TV sediada no Reino Unido Al Araby TV que “Israel reluta em avançar para a próxima etapa porque quer garantir o retorno dos prisioneiros mantendo a opção de retomar hostilidades”.
Na primeira fase, 33 israelenses (25 vivos e 8 mortos) foram libertados em troca de cerca de 2.000 reféns palestinos. Netaniahu informou que 59 prisioneiros ainda estão em Gaza, sendo 24 vivos e 35 mortos. No entanto, o governo sionista violou compromissos, como a retirada do Corredor de Filadélfia. A Al Mayadeen informa, também: “o acordo estipulava que as negociações para a segunda fase começariam até o 16º dia, mas as autoridades israelenses só iniciaram conversas indiretas após o 42º dia”.
A ofensiva de “Israel” conta com suporte explícito dos EUA. Stephen Zunes, da Universidade de São Francisco, afirmou à Al Jazeera que “Hamas e Israel chegam a um acordo. Então Israel tenta revisá-lo a seu favor. Os EUA apresentam uma nova proposta favorável a Israel e depois culpam o Hamas por não aceitá-la”. Secretário-geral da ONU, Antonio Guterres também se pronunciou, pedindo “a todas as partes que façam todo o esforço para evitar a retomada das hostilidades em Gaza, demandando que a ajuda humanitária retorne imediatamente e que todos os reféns sejam libertados”. Ele alertou que “os próximos dias são críticos” e que “o exército israelense não deve manter presença de longo prazo em Gaza”.
A violência sionista, no entanto, nunca parou, como denuncia o Hamas. A Defesa Civil de Gaza informou que houve “bombardeios de artilharia e tiros de tanques israelenses” a leste de Khan Yunis. O Crescente Vermelho relatou uma morte por drone na área e outra próxima, com o Ministério da Saúde confirmando quatro mortos e seis feridos no domingo.
Dentro de Telavive, a insatisfação cresce. O ex-parlamentar e líder do Partido Democratas Yair Golan criticou duramente o governo, afirmando que “Israel” firmou um compromisso de iniciar as negociações da segunda fase no 16º dia do acordo, mas fugiu dessa responsabilidade. Ele enfatizou: “quem deseja resgatar os reféns deve compreender algo básico – é essencial estabelecer um cessar-fogo duradouro e retirar as forças da maior parte de Gaza”. No domingo, centenas de manifestantes tomaram as ruas da cidade, clamando pelo fim do conflito.
Diante disso, a Resistência Palestina permanece inabalável. Mahmoud Mardawi declarou: “a única saída é cumprir integralmente o acordo, começando pela segunda fase, com negociações para um cessar-fogo definitivo, a retirada completa das tropas, a reconstrução do território e a libertação dos prisioneiros”. A batalha do povo palestino continua, enfrentando o terror sionista e o imperialismo que o sustenta.