Um tribunal da Bósnia e Herzegóvina condenou na quarta-feira (26) o líder servo-bósnio Milorad Dodik a um ano de prisão por “desafiar a autoridade” de um funcionário internacional encarregado de supervisionar a paz no país. A sentença também proíbe Dodik, um opositor da expansão da OTAN e das sanções contra a Rússia, de ocupar cargos políticos por seis anos.
Dodik, de 65 anos, presidente da República Srpska, a entidade de maioria sérvia da Bósnia, foi condenado por obstruir a implementação das decisões do Tribunal Constitucional da Bósnia e do Alto Representante Christian Schmidt, o funcionário alemão nomeado para supervisionar o Acordo de Paz de Daiton de 1995, mediado pelos EUA.
Esse acordo foi imposto pela OTAN durante a guerra civil da ex-Iugoslávia e estabeleceu a Bósnia e Herzegóvina como uma federação composta pela Federação Bósnio-Croata e pela República Srpska, com uma presidência tripla representando bósnios, sérvios e croatas. Milorad Dodik é o representante dos sérvios.
O acordo também criou o Escritório do Alto Representante (EAR) para monitorar o acordo e evitar novos conflitos. Dodik rejeita há muito tempo a autoridade de Schmidt, que lidera o EAR.
O tribunal, sediado em Sarajevo, decidiu que Dodik agiu ilegalmente ao assinar duas leis que anularam os decretos do alemão e suspenderam a aplicação das decisões do tribunal superior da Bósnia na República Srpska.
Após o veredito, Dodik discursou em um comício na cidade de Banja Luka, onde denunciou a decisão como perseguição política e prometeu implementar “medidas radicais”.
“Fui condenado a um ano na prisão de merda deles. Eles dizem que sou culpado, mas agora eu digo que não sou culpado”, disse ele à multidão. Cerca de 25.000 pessoas compareceram ao comício.
Em uma publicação em sua conta oficial no X, Dodik anunciou que a Assembleia Nacional da República Srpska rejeitaria formalmente a decisão do tribunal e proibiria a implementação de qualquer decisão do Judiciário da Bósnia em seu território. Ele também declarou que a República Srpska impediria o governo central da Bósnia e a polícia de operarem dentro de sua jurisdição.
A tentativa de golpe de Estado pode dar origem a uma nova guerra civil no país.