Dados da pesquisa do Emprego Bancário, elaborada pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) com base no Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged) do Ministério do Trabalho (MT), revelam mais uma das nefastas consequências da política de demissão em massa operada pelos banqueiros em solo tupiniquim no quesito doenças ocupacionais.
Segundo esses dados, no acumulado entre dezembro de 2023 e novembro de 2024, foram eliminados 6.666 postos de trabalho na categoria bancária. Os números de demissões são assustadores quando comparados ao estoque do emprego bancário em 1990, quando o quadro de trabalhadores do setor ultrapassava 750 mil funcionários, enquanto hoje são apenas cerca de 460 mil.
Claro que os banqueiros, cinicamente, justificam a redução do quadro de trabalhadores bancários com a digitalização do setor financeiro, alegando que ela tem reduzido “a necessidade da ida de consumidores às agências”. Tal justificativa é uma falácia. Quem frequenta agências bancárias nas periferias das grandes cidades e no interior do país sabe muito bem o suplício que é ir a uma agência e enfrentar longas filas e horas de espera para ser atendido devido à falta de pessoal. Outra questão que comprova a política criminosa dos banqueiros de lucrar a qualquer custo é o alto índice de adoecimento dos trabalhadores do setor. Com a falta de funcionários, um único bancário frequentemente precisa realizar o serviço de três ou mais trabalhadores.
De acordo com a lista do Ministério da Saúde, a categoria bancária está entre as profissões com maior incidência de lesões por esforços repetitivos (LER/DORT), síndromes clínicas que afetam o sistema musculoesquelético e nervoso, resultado do trabalho que envolve esforços físicos intensos e, no caso da atividade bancária, da repetição exagerada ou inadequada de movimentos.
Entre 2013 e 2020, foram registrados 20.192 afastamentos de bancários pelo INSS, com alta de 26,2% entre 2015 e 2020 – um percentual 1,7% acima do crescimento total de afastamentos registrados no país (15,4% no período), considerando todas as categorias. Em 2022, dos acidentes de trabalho sofridos por bancários e reconhecidos pelo INSS, 21,1% estavam relacionados a doenças osteomusculares e do tecido conjuntivo, e 14,5% a transtornos nervosos.
Como se pode verificar – e os números não mentem –, a redução drástica do número de postos de trabalho bancário acarreta a sobrecarga de trabalho. Ou seja, um implacável sistema de superexploração está afetando, em muitos casos de forma irreversível, as já precárias condições de vida e saúde da categoria bancária.
Esses dados comprovam que, ao contrário do discurso dos banqueiros-vampiros, a situação do bancário é um verdadeiro caos.
Esses ataques promovidos pelos banqueiros só são possíveis, infelizmente, devido à total paralisia das direções sindicais, que abandonaram completamente a perspectiva de uma luta unitária da categoria bancária por meio de uma política independente em relação aos banqueiros e seus governos.
É mais do que evidente que uma questão central para os bancários é a unificação da categoria em um amplo processo de mobilização, expresso em um verdadeiro programa de luta, ou seja, a luta contra as demissões, o arrocho salarial, as terceirizações etc., de forma a corresponder às reais necessidades dos bancários.
Essa luta deve superar as velhas campanhas burocráticas e ter como eixo a realização de grandes assembleias e encontros regionais e nacionais de bancários, com ampla participação da base, eliminando os filtros usados hoje pela burocracia e colocando a luta sob o controle dos trabalhadores.