Nessa quinta-feira (27), Abdulá Öcalan, o líder preso do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PTC), fez um chamado ao seu partido, que trava a luta armada desde a década de 1980. para se desarmar e se dissolver.
Em uma declaração de uma página e meia, Öcalan explicou que a luta armada contra o Estado turco foi necessária no passado devido a políticas que negavam a identidade curda e restringiam os direitos e liberdades dos curdos.
No entanto, ele afirmou que, com os passos democráticos dados pelo governo turco desde 2014 em relação às questões curdas, juntamente com os desenvolvimentos regionais, a resistência armada não tem mais sentido. “Portanto, o PTC deve ser dissolvido,” declarou.
A mensagem de Öcalan foi lida em voz alta pela chamada Delegação de İmralı, um grupo de políticos do partido curdo DEM que o visitaram na quinta-feira (27) na Ilha de İmralı, onde ele está preso.
A delegação incluía um advogado que representa Öcalan e um político do DEM considerado próximo à sede do PTC nas montanhas de Qandil, no Iraque.
Como parte das discussões, fontes do Middle East Eye que um acordo poderia ser estabelecido com grupos curdos sírios ligados ao PTC, principalmente as Forças Democráticas Sírias (FDS), a guerrilha curda na Síria que foi apoiada pelos EUA até o golpe de 2024 contra Bashar al-Assad.
Uma fonte turca afirmou que a expectativa é que o PTC cumpra o pedido de Öcalan, embora algumas alas do partido possam resistir. “Aqueles que se recusarem a cumprir serão enfrentados com toda a força militar e legal” disse a fonte.
A questão da Síria é muito relevante nessa mudança de política. A Turquia está em guerra com as FDS quase desde que foram fundadas. Depois do golpe contra Assad quase se iniciou uma guerra em larga escala no nordeste da Síria. É possível que essa mudança ponha um fim a própria Zona Autônoma criada no norte da Síria pelos EUA.