Brasil

As riquezas do petróleo não interessam aos trabalhadores?

O petróleo da Margem Equatorial é um passaporte para que o País se desenvolva, mas esquerdistas não se importam

No artigo intitulado Desmatamento na Amazônia volta a crescer no governo Lula: plano Safra e petróleo na Foz do Amazonas na raiz do problema, publicado no sítio Esquerda Diário – órgão de imprensa do Movimento Revolucionário de Trabalhadores (MRT) -, Tatiane Lopes tenta convencer a esquerda de que o governo Lula é o grande vilão ambiental do momento. O texto aborda o aumento do desmatamento na Amazônia Legal, estimado em 68% em janeiro de 2025, e responsabiliza o financiamento do latifúndio via Plano Safra e também a tentativa do governo federal de explorar o petróleo na Margem Equatorial, que ela insiste em chamar de “Foz do Amazonas”. Enquanto Lopes mistura alhos com bugalhos, colocando o latifúndio predatório e a desenvolvida indústria petrolífera no mesmo saco, é na questão do petróleo que o MRT revela sua verdadeira face — um braço esquerdo do imperialismo que quer manter o Brasil de joelhos. No artigo, Lopes diz:

“O desmatamento na Amazônia Legal aumentou 68% em janeiro de 2025 em relação ao mesmo período do ano anterior, totalizando 133 km² de floresta destruída. Essa área equivale a mais de 400 campos de futebol devastados por dia e representa a sexta maior registrada na série histórica para o mês. É nesse cenário de aumento do desmatamento que o governo Lula renova seu financiamento recorde ao agronegócio e segue defendendo a exploração de petróleo na foz do Amazonas, ilustrando como o governo colabora ativamente para a destruição do meio ambiente promovida pelos capitalistas nacionais do agro ou a serviço dos lucros dos acionistas internacionais da indústria fóssil.”

Aqui, o MRT faz o que sabe de melhor: embaralhar as coisas. O desmatamento na Amazônia, impulsionado pelo avanço do agronegócio — essa sim, uma atividade primitiva, predatória e de baixa sofisticação tecnológica —, é colocado no mesmo balaio que a exploração de petróleo na Margem Equatorial, uma indústria complexa, moderna e fundamental para alavancar o progresso brasileiro. São coisas distintas como o dia e a noite.

O latifúndio destrói florestas para plantar soja ou criar gado e beneficiar meia dúzia de grandes proprietários, exportadores de commodities baratas. Já o petróleo ativa uma cadeia produtiva de altíssimo valor: da construção naval à petroquímica, da geração de empregos qualificados ao barateamento de combustíveis, sem falar no comércio e na construção civil que florescem em torno dessa dinâmica atividade. Isso é desenvolvimento econômico real, algo que o Brasil precisa desesperadamente, especialmente no Norte e no Nordeste, as regiões mais pobres do País.

Mas o MRT não quer saber disso. Prefere jogar a carta da demagogia ambiental, alinhando-se à mesma chantagem dos monopólios imperialistas, que há décadas pressionam o Brasil a não tocar em suas riquezas naturais. Que conveniente! Enquanto o imperialismo diz “não mexam no petróleo, é nosso estoque reserva para o futuro”, o MRT ecoa: “não mexam no petróleo, é poluição”.

O resultado é o mesmo: o Brasil segue refém, sem explorar o que poderia ser um trampolim para enriquecer o País, gerar empregos, aumentar salários e melhorar o padrão de vida de milhões de trabalhadores. E quem sofre mais? Justamente os trabalhadores do Norte e Nordeste, que o MRT, com seu discurso pequeno-burguês, parece feliz em manter na miséria e dependentes do Bolsa Família. Mais adiante, Lopes insiste:

“Como se não bastasse o amplíssimo financiamento do agro, os debates sobre a exploração de petróleo na parte amazônica da margem equatorial seguem, com Lula defendendo ofensivamente sua suposta ‘soberania fóssil’ com direito a ataques ao Ibama: ‘parece um lenga-lenga, parece contra o governo’. A realidade é que, assim como o financiamento do agro serve apenas para aumentar ainda mais os lucros já estratosféricos desse setor que segue sendo base para a extrema direita, enquanto prática negacionismo climático que sufoca a todos, a exploração da foz do rio Amazonas está em função de aumentar a produção de petróleo para aumentar os dividendos entregues aos grandes acionistas da Petrobras que são 36% imperialistas e mais 16% de grandes empresários brasileiros. Esta exploração não está a serviço de nenhum interesse dos trabalhadores e só servirá para aumentar a produção de CO2, contribuindo ainda mais ao aquecimento global.”

Aqui, o texto atinge o auge da desonestidade intelectual. Primeiro, a tal “Foz do Amazonas”. Mas que “foz”? A Margem Equatorial, onde estão as jazidas de petróleo, é uma faixa que vai do Amapá ao Rio Grande do Norte, em alto mar, a mais de 500 km da verdadeira foz do rio Amazonas.

Se isso é “Foz do Amazonas”, então a cidade norte-americana de Miami também está. É uma manipulação grosseira, feita para sensibilizar os pequeno-burgueses desavisados que engolem a propaganda ecológica sem nem abrir um mapa. O imperialismo agradece o serviço.

Segundo, a pérola: “não está a serviço de nenhum interesse dos trabalhadores”. Será?

A exploração de petróleo pela Petrobrás já emprega milhares de operários diretamente e eles, querem trabalhar, querem as riquezas que podem ser auferidas e o progresso que o MRT despreza. Some a isso os empregos indiretos: construção de plataformas, refinarias, navios, fábricas de insumos, comércio local revitalizado.

Estamos falando de um dinamismo econômico que pode transformar o Norte e o Nordeste, regiões historicamente abandonadas, em polos de desenvolvimento. Combustível mais barato, infraestrutura melhor, salários mais altos — isso não interessa aos trabalhadores? Pergunte a um petroleiro, a um estivador, a um comerciante de Macapá ou Natal. O MRT, claro, não sabe disso.

Vivendo nas bolhas da pequena-burguesia, longe da realidade dos trabalhadores que dizem representar, tratam o progresso como coisa de “capitalista” e enquanto posam de revolucionários, alinham-se aos interesses dos monopólios petrolíferos estrangeiros, estes sim, interessados em manter o petróleo brasileiro intocado, uma reserva estratégica. Querem o Brasil atrasado, submisso, um eterno fornecedor de soja e carne, nunca uma potência industrial. Com sua “crítica socialista”, o MRT é o garoto de recados perfeito.

Lopes ainda joga o argumento de que 36% da Petrobrás está nas mãos de “banqueiros imperialistas” e 16% com “grandes capitalistas brasileiros”, como se isso fosse motivo para sabotar a exploração. Ora, se o problema é esse, a solução lógica seria lutar pela reestatização total da empresa e pela nacionalização do petróleo — bandeiras que qualquer socialista sério defenderia. O MRT, porém, não faz isso porque não é o interesse real, somente um pretexto. Usa a composição acionária como desculpa para dizer ” parem tudo”, entregando de bandeja o que o imperialismo quer: um Brasil que não ouse tocar em suas riquezas. Ainda assim, mesmo com essa estrutura, 48% dos lucros ficam com o Estado brasileiro. É pouco? Sim, queremos mais. Mas 48% de algo é infinitamente melhor que 100% de nada, que é o que o MRT propõe.

E o dinamismo econômico? Os estados da Margem Equatorial — Amapá, Pará, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte — poderiam experimentar um salto histórico inédito. Empregos diretos e indiretos na casa das dezenas de milhares, indústrias de ponta se instalando, portos reativados, comércio aquecido. Isso é o que os trabalhadores querem, sim.

O interesse do imperialismo é cristalino: manter o petróleo brasileiro como reserva intocada, sem mexer no mercado global da commodity e, principalmente, sem deixar o Brasil dar um salto que ameace a ditadura mundial. Um Brasil mais rico, com indústria forte e uma classe trabalhadora poderosa, é um pesadelo para eles. E o MRT, com sua ladainha ecológica, faz o trabalho sujo. Mistura desmatamento com petróleo, confunde Margem Equatorial com “Foz do Amazonas”, e ainda tem a pachorra de dizer que isso “não interessa aos trabalhadores”. Quem não interessa aos trabalhadores é o MRT, que parece mais preocupado em agradar ONGs internacionais.

A pergunta que fica é: qual o interesse do MRT em manter milhões de brasileiros do Norte e Nordeste na pobreza? Por que sabotar uma chance real de desenvolvimento em nome de uma crítica que, no fim, só beneficia os monopólios imperialistas?

Lopes e seus camaradas precisam responder. Enquanto isso, os trabalhadores — os de verdade, não os da imaginação pequeno-burguesa — seguem sonhando com um Brasil que supere a miséria e o atraso, e evolua. O petróleo da Margem Equatorial pode ser um passo nessa direção. E, sim, isso interessa a eles. Muito.

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