O banco Itaú, através de sua fundação, anunciou uma parceria com o chamado Pacto de Promoção da Equidade Racial para criar um “índice ESG de equidade racial da juventude negra”. Segundo os organizadores, a ideia é mapear desafios que os jovens negros enfrentam na educação e no mercado de trabalho. Chamada “Juventudes Negras e Empregabilidade”, a iniciativa diz ter como missão combater a “desigualdade racial” no País, mas o que realmente está em jogo é outra coisa: a corrupção de uma pequena-burguesia negra para impulsionar a política identitária e, por meio dos selecionados, aprofundar uma política dedicada a manter a imensa maioria do povo negro pobre.
A proposta do Itaú é um verdadeiro escândalo de cinismo. Se o banco estivesse realmente preocupado com a condição dos jovens negros, não participaria do esquema criminoso de saque aos recursos públicos que condena a juventude à pobreza. O Itaú é um dos grandes beneficiários da dívida pública brasileira, um mecanismo que drena trilhões do orçamento e os transfere para os cofres dos banqueiros, garantindo lucros astronômicos às custas da população. Em 2023, o Brasil destinou quase metade do orçamento federal ao pagamento dessa dívida. Enquanto isso, faltam investimentos em educação, infraestrutura e empregos dignos para os trabalhadores.
A criação do tal índice ESG de equidade racial da juventude negra é apenas um instrumento para legitimar essa operação. Na prática, não terá qualquer impacto real na vida dos trabalhadores negros. Os dados servirão para justificar mais “políticas de diversidade” em grandes corporações, ou seja, cotas para que uns poucos negros da classe média ascendam em cargos de chefia, enquanto a maioria continua explorada e sem perspectivas.
Essa estratégia já está em curso há anos. ONGs e institutos milionários captam fortunas para promover uma política “antirracista” que nada tem a ver com a melhoria real das condições de vida da população negra. O verdadeiro combate à miséria dos trabalhadores, brancos ou negros, passa pela luta contra o imperialismo e a política econômica que condena o Brasil à dependência e ao saque pelos grandes bancos. Mas isso não interessa ao Itaú, que prefere financiar a divisão da classe trabalhadora através do identitarismo.
Se o banco estivesse minimamente comprometido com o fim da pobreza entre jovens negros, a primeira medida a ser tomada seria a abolição da dívida pública e a destinação dos recursos para investimentos produtivos, empregos, escolas e infraestrutura. Mas essa não é a pauta. Em vez disso, o Itaú financia uma minoria de oportunistas que farão propaganda em prol de suas próprias carreiras e de uma política que serve apenas ao imperialismo.