Bancários

A ‘autorregulação sindical’ do governo e dos patrões

A política destas direção não abre nenhuma perspectiva para os trabalhadores diante da crise e faz a sorte do movimento dos trabalhadores depender dos capitalistas e seus governos

Dado com grande destaque nas páginas dos órgãos capitalistas de informações financeiras, como o Valor Econômico; Monitor Mercantil e, também, nos órgãos de informações dos trabalhadores (Contraf/CUT e sindicatos filiados)  o lançamento do Sistema de Autorregulação Sindical dos Setor Bancário. 

Sistema esse que, segundo a direção da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf), “foi criado para tornar ainda mais democráticas e acessíveis as cláusulas negociadas ao longo de mais de 30 anos de Convenção Coletiva”. (Site Contraf/CUT 19/02/2025)

O lançamento do sistema informatizado da Autorregulação Sindical foi apresentado nesta quarta-feira (19) ao ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, pelos representantes do Comando Nacional dos Bancários e da Comissão de Negociação dos banqueiros.

Para os banqueiros, que também, noticiaram o lançamento no site da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), a “iniciativa inédita  no meio sindical brasileiro, sistema informatizado apresenta várias funcionalidades e torna mais democráticas e acessíveis as decisões que afetam a todos os trabalhadores do setor bancário”. (Site Febraban 19/02/2025)

Mas, cabe a pergunta: há a possibilidade de conciliar interesses de setores antagônicos; entre patrões, os seus governos e a classe trabalhadora?

E aqui que se encontra o problema central de todas as mobilizações e as tendências a sair à luta generalizada dos trabalhadores, que se encontram limitadas pela política das direções do movimento dos trabalhadores que, contrariamente a estas tendências, escolheram, diante a crise, o caminho do “entendimento”, da busca da conciliação dos trabalhadores com os governos e os banqueiros e capitalistas, vale dizer, com os responsáveis pelo caos atual e beneficiários da situação de fome e miséria da maioria da população e, no caso do sistema financeiro, dos trabalhadores bancários. 

A política destas direção não abre nenhuma perspectiva para os trabalhadores diante da crise e faz a sorte do movimento dos trabalhadores depender dos banqueiros, dos grandes capitalistas e dos governos, que não vislumbram outro caminho que não seja o de fazer os trabalhadores pagarem pela crise. Numa época com a atual, de violento retrocesso econômico, em que alguns métodos tradicionais de mobilização são necessários, mas sendo, também, a utilização necessária de novas formas de luta contra os patrões, a política das direções conduz os trabalhadores a um beco sem saída, constituindo-se, na maioria das vezes, em mera encenação, uma vez que a maior parte das direções sindicais, adotaram a teoria de que nada é possível fazer contra as demissões, o arrocho salarial, terceirizações, etc., de que não é possível nem dá resultado lutar contra a sanha patronal.

Essa política constitui-se ainda num verdadeiro obstáculo, à medida que mesmo as greves e mobilizações que se desenvolvem à margem desta orientação são bloqueadas por estas direções ou são conduzidas a um enorme isolamento diante da intensa repressão patronal, cujo atos de gangsterismo, como a política de demissão em massa nos bancos ficam sem nenhuma resposta unificada do movimento operário.

A política democratizante é um beco sem saída para a evolução da classe trabalhadora e da sua vanguarda, um atrelamento com os patrões e os governos nos moldes da representação do antigo peleguismo nos sindicatos na época da ditadura militar de 1964. 

O que estamos presenciando é a atual burocracia sindical cada vez mais conservadora, esgotando suas possibilidades de acompanhar a evolução independente do movimento dos trabalhadores e lança mão de métodos cada vez mais burocráticos para sustentar o choque das tendências próprias das massas contra a sua política pró-capitalista.

A burocratização dos sindicatos, que está presente em praticamente todo o movimento dos trabalhadores, que se limite ao campo do corporativismo e que não procure uma ligação com todos os movimentos de luta dos oprimidos e de seus setores mais explorados, torna-se inevitável nas condições de forte centralização do Estado burguês. É este quem cria e sustenta uma camada parasitária nos sindicatos como meio necessário à integração ou semi integração dos sindicatos.

As ditas “democracias” têm uma política de submetimento estatal dos sindicatos. Isto está assinalando os limites insuperáveis de todo o sindicalismo que queira evoluir para uma estratégia de “paz política” com o Estado burguês, limitando-se a uma política de pressão sobre esse Estado nos marcos estabelecidos. Este sindicalismo fracassou em todos os lugares para deter a pauperização, a miséria, o desemprego e foi obrigado a aceitar como inevitável o “ajuste” dos capitalistas, alimentando ilusões, sem nenhum fundamento, sobre a sua brevidade no tempo. 

Daqui tiramos uma conclusão clara: o desenvolvimento dos sindicatos como poderosas organizações de massa; a democracia sindical, a defesa dos trabalhadores contra o capitalismo em desintegração; a preservação das conquistas históricas; a independência dos sindicatos em relação ao Estado, a burguesia e o imperialismo; a realização destes objetivos somente é possível com uma direção revolucionária nos sindicatos, ou seja, uma direção anticapitalista. É necessário uma luta tenaz contra a burocracia sindical, a qual não pode ter outro conteúdo que não seja revolucionário.

É preciso reagrupar no interior do movimento operário os setores classistas e combativos e os ativistas que continuam a surgir nas mobilizações para lutar por um programa que procure mobilizar o conjunto dos explorados para fazer com que os capitalistas paguem pela crise que eles mesmos criaram.

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