Palestina

Um mês da vitória lendária do Hamas na Faixa de Gaza

A maior vitória dos oprimidos no século XXI tem impactos políticos inimagináveis: os sionistas estão em completo desespero, o Hamas nunca esteve tão forte 

Dia 19 de fevereiro marcou um mês da vitória lendária do Hamas na Faixa de Gaza. Um mês desde que o exército de “Israel”, apoiado por todas as potências imperialistas do mundo, foi incapaz de derrotar a Resistência Palestina e teve de se render, sofrendo uma derrota humilhante. Os impactos da vitória do Hamas reverberam pelo mundo inteiro, a Palestina nunca esteve tão próxima de sua libertação. E parte dos impactos já pode ser observada no primeiro mês de cessar-fogo.

O primeiro deles, e o mais evidente, é a libertação de mais de 1.000 reféns palestinos sequestrados por “Israel” em Gaza e na Cisjordânia ocupada. Um dos grandes objetivos do Hamas ao realizar sua operação Dilúvio de al-Aqsa no dia 7 de outubro de 2023 era libertar os mais de 10.000 palestinos das masmorras israelenses. Por isso, tomaram mais de 200 prisioneiros, como uma moeda de troca para garantir a liberdade dos palestinos.

No primeiro mês de cessar-fogo em Gaza, foram cinco trocas de prisioneiros. Cada uma delas foi uma festa gigantesca na Palestina e no mundo. Em contrapartida, foram cinco humilhações diferentes para o governo Netaniahu e para o Estado sionista. Na primeira, o Hamas trocou três mulheres soldados por 90 jovens e mulheres palestinos presos em “Israel”. Isso aconteceu no próprio dia 19 de janeiro, as imagens das Brigadas al-Qassam desfilando em vitória na Faixa de Gaza rodaram o mundo inteiro.

No dia 25 de janeiro, foram libertos 121 prisioneiros sentenciados à prisão perpétua e 79 prisioneiros com diversas sentenças, 70 dos quais foram deportados para o Egito. Em troca, foram libertas 4 soldados sionistas mulheres. Já no dia 30, foram 110 prisioneiros palestinos, incluindo 32 com sentenças de prisão perpétua, 48 com sentenças longas e 30 crianças e jovens. Em troca, o Hamas libertou três prisioneiros.

No dia 8 de fevereiro, a resistência libertou 183 prisioneiros palestinos, 72 cumprindo sentenças de prisão perpétua e longas, e 111 palestinos de Gaza sequestrados pela ocupação sionista durante a invasão de Gaza. Novamente, o Hamas libertou três prisioneiros. E por fim, no dia 15 de fevereiro, foram libertos 36 prisioneiros palestinos cumprindo sentenças de prisão perpétua e 333 de Gaza sequestrados após 7 de outubro de 2023.

O Hamas prepara a maior libertação de todas para sábado (22). Serão 50 palestinos sentenciados à prisão perpétua, 60 com sentenças altas, 47 do grupo Uafa al-Ahrar, libertos em outro acordo em 2011 e presos novamente, e 445 prisioneiros da Faixa de Gaza que foram presos após 7 de outubro. Em troca, o Hamas libertará seis prisioneiros sionistas. Ou seja, no total, no marco de cerca de um mês de cessar-fogo, o Hamas conquistará a libertação de 1.534 palestinos!

Só isso é a maior humilhação do Estado de “Israel” imposta pela Resistência Palestina na história. O último acordo de libertação de prisioneiros aconteceu em 2011, com 1.027 palestinos libertos, inclusive o lendário líder do Hamas Iahia al-Sinuar. Desde então, o Estado de “Israel” considera a libertação de prisioneiros uma humilhação e nunca mais realizou grandes acordos. O Hamas, só na primeira fase do cessar-fogo, já conseguiu a maior vitória de sua história na questão da libertação de prisioneiros. Somando os de prisão perpétua e penas longas, são 419, ou seja, mais de 400 militantes e dirigentes da resistência que voltarão à luta, tal qual Sinuar.

Os sionistas tentam diminuir a vitória do Hamas afirmando que esse número é irrelevante, uma tese ridícula. Primeiro porque toda libertação de palestinos é importante; segundo, porque a derrota de “Israel” também foi política. Para os palestinos, ficou provado que os israelenses são incapazes de derrotar a resistência e que, a qualquer momento, uma nova Operação Dilúvio de al-Aqsa pode acontecer e gerar uma nova crise de prisioneiros. Ou seja, se “Israel” manter suas prisões de palestinos, estará sempre sujeito a esse tipo de ação da resistência.

Em outras palavras, o Hamas colocou o aparato de prisão em massa de “Israel” em xeque.

A maior vitória da história da Palestina

No quesito numérico, também é possível avaliar as mudanças dentro da Faixa de Gaza. Centenas de milhares de palestinos retornaram ao norte. A ajuda humanitária começou a entrar em massa, mesmo que abaixo do que “Israel” prometeu. As máquinas para a reconstrução também começam a entrar em Gaza. São fatores tão importantes quanto a libertação dos reféns palestinos. Mas a grande vitória do Hamas é política e é isso que o sionismo tenta esconder.

O Hamas, no mês que se passou de cessar-fogo, se mostrou a organização do povo de Gaza. Mostrou que está com seu aparato militar íntegro. Que “Israel” pode destruir a Faixa de Gaza inteira, mas não destruirá o Hamas. As crianças saem às ruas e posam com as Brigadas al-Qassam, o povo de Gaza está todo com a resistência. Ou seja, o Hamas mostrou que é impossível derrotar Gaza e, se é assim, a derrota final de “Israel” é inevitável.

Enquanto o Hamas saiu dos 15 meses de genocídio no ponto mais alto de sua trajetória política, “Israel” está em sua maior crise. Os sionistas tentam mostrar força com a invasão da Cisjordânia, que é por si só algo diminuto. Atacam campos de refugiados centenas de vezes menores que Gaza e ainda assim não conseguem destruir a resistência. No campo da propaganda, tentam recriar a imagem do Hamas como terrorista, sem sucesso nenhum. Em relação ao governo dos Estados Unidos, têm o apoio de Trump em palavras, mas ao que tudo indica, não terão o apoio mais importante: o dinheiro. Tanto é que Trump já cortou o auxílio da polícia palestina que auxilia “Israel” na repressão na Cisjordânia.

O governo Netaniahu, por sua vez, está permanentemente na corda bamba. Ele conseguiu um acordo com a extrema direita para a primeira fase do cessar-fogo. Mas a segunda fase, que envolve a retirada total de “Israel” de Gaza, pode levar inclusive à queda de seu governo. O partido Sionismo Religioso, do ministro Smotrich, pressiona Netaniahu a não seguir o acordo. Mas o governo dos EUA não parece que irá recuar. Netaniahu, então, precisa se manter na base do equilibrismo, e as rachaduras crescem. Outro partido ameaça romper com o governo, o Degel HaTorah, um dos partidos de judeus ultraortodoxos.

Ou seja, Netaniahu está em profundo desespero para manter o governo sionista de pé. O Hamas está colhendo os espólios da vitória. Em determinado momento, o Hamas paralisou a entrega de prisioneiros, pois “Israel” não cumpria o acordo. No mesmo dia, os sionistas cederam ao Hamas e ampliaram a entrada de ajuda humanitária. Isso aconteceu também no Líbano, onde o Hesbolá ameaçou “Israel” diante das violações do cessar-fogo e, dois dias depois, quase todas as tropas sionistas se retiraram do país.

A situação de “Israel” é desesperadora. Isso só não aparece dessa forma, pois a esquerda capitulou totalmente diante do sionismo. Mas, neste momento, o governo Netaniahu não tem plano nenhum para manter a sobrevivência do projeto sionista. A cada golpe do Eixo da Resistência, o alicerce de “Israel” balança mais. A fortaleza criada pelo imperialismo em 1948 se transformou em um castelo de cartas, ou como diria Nasseralá, está mais fraca que uma teia de aranha.

Em breve, o mundo verá toda a força da Revolução Palestina, liderada pelo Hamas.

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