Estados Unidos

Esquerdistas ‘esquecem’ democratas para atacar Trump

Partido pequeno-burguês expõe submissão total ao imperialismo ao reproduzir toda a política dos monopólios contra o trumpismo

No dia 11 de fevereiro foi publicado no portal do Esquerda Diário um editorial do MRT intitulado A luta do Pará mostra o caminho! Enfrentar Trump e batalhar contra o arcabouço fiscal e assinado por Diana Assunção.

Como o próprio título sugere, o texto é completamente confuso, sendo difícil de identificar qual o ponto central que a autora busca discutir, já que não se sabe se o que se quer discutir é a luta dos índios do Pará contra o fim das escolas presenciais no estado, a frente ampla do governo de Lula, o fim da chamada escala 6×1, o problema dos transsexuais, a crise no PSOL, as greves recentes nas universidades federais e outros muitos pontos sem conexão aparente. No entanto, vamos focar aqui naquilo que o texto trata sobre o governo de Donald Trump nos EUA.

O texto começa com o seguinte parágrafo: “O ano de 2025 mal começou e estamos diante de uma dinâmica situação internacional. A entrada do reacionário Donald Trump no governo dos Estados Unidos, com seu expansionismo imperialista xenófobo, marca uma tentativa de interromper a dinâmica de decadência da hegemonia norte-americana buscando medidas proativas para retomar o protagonismo diante dos principais acontecimentos internacionais. Isso ocorre em meio a todas as disputas nas quais China e Rússia, como Estados capitalistas, buscam se postular como alternativas a esta hegemonia, defendendo um multilateralismo do capital como saída para os conflitos internacionais. Neste contexto, também vimos o cessar-fogo na Faixa de Gaza, que depois de um enorme massacre de palestinos que contou com o apoio do Partido Democrata, expressou uma correlação de forças na qual a resistência de um povo se fez valer e o sionismo se viu debilitado estrategicamente”.

Trump é um reacionário. Todos sabemos disso. Mas, assim como a esquerda reformista criticada no editorial, o MRT também não é capaz de enxergar o que realmente acontece em seu governo. O parágrafo é claro: Trump seria um expansionista, imperialista e xenófobo, enquanto o genocídio em Gaza, o genocídio mais bem documentado da história “contou com o apoio do Partido Democrata”. Trata-se de uma política de capitulação diante da ala mais importante do imperialismo mundial que, diferente do que diz o texto, não apenas apoiou o genocídio na Palestina e no Líbano, mas organizou e operacionalizou o genocídio.

O MRT, portanto, propagandeia as mesmas críticas, com as mesmas palavras, que a imprensa burguesa imperialista faz contra Donald Trump, enquanto diminui o papel do Partido Democrata. É como se o problema do imperialismo começasse agora com Trump e não tivesse existido nos quatro anos de gestão de Biden.

Vejamos o parágrafo seguinte: “Estes elementos da situação internacional renovam por completo a necessidade de uma esquerda revolucionária que levante bem alto as bandeiras do anti-imperialismo, batalhando por uma unidade latino-americana e ao lado dos trabalhadores, imigrantes e povo pobre dos Estados Unidos contra as políticas de Trump que visam perseguir, deportar e prender os imigrantes. Diante disso, mais uma vez vemos nos setores populares e da classe trabalhadora uma renovada resistência às políticas de Trump: dessa vez são os professores e trabalhadores da saúde que assumem a dianteira para se negar a seguir as orientações trumpistas de deportação dos alunos e pacientes, convertendo-se em verdadeiros tribunos do povo para defender as crianças, jovens e famílias imigrantes. Também são convocadas manifestações contra os ataques históricos aos direitos das pessoas trans, nos quais Trump nega sua existência e retira o direito a terapias, medicação e outras conquistas básicas”.

Para criticar a política repressiva de Trump contra os imigrantes, o MRT apaga a história e se esquece novamente da gestão anterior, em que os imigrantes estavam sendo deportados pelo menos na mesma proporção, mas claro, sem a propaganda da imprensa imperialista.

O parágrafo também cita uma suposta perseguição aos transsexuais, tão defendidos pelo identitarismo do governo de Joe Biden. No entanto, o que aconteceu na prática até agora foi o impedimento de que transsexuais participassem do exército e questões que só são “direitos” na cabeça dos identitários, como o fim da permissão para que homens que passaram por uma transição para o gênero feminino possam participar de esportes femininos, ser presos em cadeias para mulheres. Além disso, cortou a assistência médica para tratamentos de transição de gênero e assinou um decreto reconhecendo apenas os gêneros masculino e feminino, com base no sexo de nascimento.

O problema é que o governo anterior se aproveitou dos transsexuais para fazer propaganda política contra a própria população norte-americana e mundial. A demagogia identitária do Partido Democrata, inclusive, foi um dos principais pontos para a vitória eleitoral de Trump e, em um país cada vez mais pobre, a população passou a identificar a parcela de transsexuais na sociedade como os culpados de sua situação. Se agora há, para além do fim dos supostos direitos como o de colocar homens biológicos em prisões femininas, uma certa perseguição aos trans, os principais culpados são os governos que se utilizaram da imagem dessas pessoas para cometer crimes contra a própria população e a população mundial.

Diferente do que diz o MRT, Trump não representa a ala fundamental do imperialismo. Fosse assim, os meios de comunicação imperialistas teriam feito propaganda a favor de Trump e não do Partido Democrata nas últimas eleições. Trump representa um setor da burguesia imperialista norte-americana, mas um setor que precisa cortar os gastos com guerras e com o policiamento mundial para sobreviver. É por isso que seu governo acaba por tentar destruir organizações como a da USAID, para o choro desesperado da imprensa imperialista. Ao se aliar com a ala mais importante do imperialismo, o MRT procura se colocar como a ala esquerda do imperialismo mundial e passa a ignorar o imperialismo dos últimos 150 anos para combater com as armas da direita um governo que acabou de começar.

Se devemos combater Trump? Com certeza. Assim como devemos combater qualquer governo imperialista, pois, até o fim do imperialismo e a instauração de um governo operário, o que veremos por parte desses governos são as guerras, a fome, o desemprego, as doenças e todos os males possíveis no mundo contra os trabalhadores. Mas que fique claro que não se trata de algo especial em relação a Trump, mas sim em relação a todo o imperialismo.

 

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