Piauí
Presídio deixa jovem sem tratamento por 5 meses até sua morte
O caso de Felipe Araujo, de 29 anos, mostra que os presídios brasileiros são verdadeiras câmaras de tortura, campos de extermínio
Felipe da Silva Alves de Araujo, de 29 anos, faleceu no último domingo (9) no Hospital de Urgência de Teresina (HUT), após permanecer internado por 18 dias. Preso na Cadeia Pública de Altos (CPA) desde maio de 2024, ele começou a apresentar problemas de saúde em setembro, incluindo manchas escuras na pele, coceira e queda de cabelo.
A esposa, Amanda Gomes, denunciou que ele não recebeu atendimento médico necessário no presídio, mesmo após insistentes pedidos de atendimento. No dia 23 de janeiro de 2025, Felipe teve uma crise convulsiva e foi levado ao HUT, onde precisou ser entubado e permaneceu em estado grave até seu falecimento.
A Secretaria de Justiça do Piauí (Sejus-PI) afirmou, em nota, que o detento recebeu assistência adequada. No entanto, um relatório do HUT, divulgado em 25 de janeiro, indicou que Felipe poderia estar com neurossífilis, infecção do sistema nervoso central causada pela sífilis, embora o diagnóstico não tenha sido confirmado.
Segundo Amanda, ele só recebeu atendimento médico adequado após a crise convulsiva, e até então, os sintomas vinham sendo tratados apenas com soro.
A declaração de óbito do Instituto de Medicina Legal (IML) apontou que a causa da morte foi asfixia, crise convulsiva e epilepsia. Felipe deixa três filhos, de nove, quatro e dois anos.
O caso é uma clara demonstração de como os presídios brasileiros são câmaras de tortura, campos de extermínio. Um jovem ficou meses doente sem nenhum tratamento e morreu preso, é, na prática, um assassinato.