No dia 12 de fevereiro de 1502 começou a segunda viagem de Vasco da Gama à Índia. Diferente da primeira expedição (1497-1499), que teve um tom exploratório e diplomático, essa missão tinha objetivos claros: dominar as rotas de comércios, estabelecer alianças mais firmes com governantes locais e garantir o monopólio português sobre as especiarias.
A expedição foi organizada pelo rei D. Manuel I, que nomeou Vasco da Gama como capitão-mor da frota. Dessa vez, a missão era essencialmente bélica, composta por 20 navios e cerca de 1.500 homens, incluindo soldados e marinheiros experientes.
A frota partiu de Lisboa em 12 de fevereiro de 1502 e seguiu a rota do Cabo da Boa Esperança. Durante a viagem, passou por Moçambique e Quiloa, cidades costeiras da África Oriental, onde Vasco da Gama exigiu submissão dos governantes locais e garantiu tributos para Portugal. Em Quiloa, por exemplo, ele ameaçou atacar a cidade se o sultão não aceitasse tornar-se vassalo de Portugal. O governante, sem condições de resistir, aceitou os termos impostos pelos portugueses.
Ao se aproximar da Índia, Vasco da Gama começou a atacar embarcações mercantes muçulmanas. Ao chegar a Calecute, Gama exigiu que o Samorim (governante local) expulsasse os mercadores árabes e aceitasse a supremacia portuguesa. Como o governante se recusou, Vasco da Gama bombardeou a cidade com seus canhões por vários dias, causando destruição e pânico entre os habitantes. Em seguida, capturou dezenas de mercadores locais, mutilando-os—cortando-lhes as orelhas, narizes e mãos—e enviou os corpos em um barco ao Samorim como um recado. O governante, no entanto, manteve sua posição de resistência e não se submeteu aos portugueses.
Diante da resistência de Calecute, Vasco da Gama decidiu buscar um aliado entre os rivais do Samorim. Seguiu para Cochim, um pequeno reino ao sul, onde o rajá local aceitou se aliar a Portugal em troca de proteção contra Calecute. Essa aliança foi fundamental para a estratégia portuguesa, pois Cochim se tornou a primeira base comercial portuguesa na Índia.
Para garantir o controle da região, Vasco da Gama ajudou Cochim a se defender de um ataque do Samorim, consolidando a presença portuguesa no local. Ele estabeleceu um entreposto comercial e deixou uma pequena guarnição portuguesa, além de alguns navios para patrulhar a área. Esse foi um passo crucial para o início do domínio português sobre o comércio de especiarias na Índia.
Após garantir as alianças e carregar os navios com especiarias, Vasco da Gama iniciou sua viagem de volta a Portugal no início de 1503. Antes de partir, reforçou a presença portuguesa na Índia, deixando algumas embarcações sob o comando de seu parente Vicente Sodré para proteger os interesses comerciais.