América Latina

Equador sob ditadura: como está o país governado por Daniel Noboa

País acaba de passar por eleições presidenciais

Um artigo do jornal britânico The Guardian, publicado no dia 6 de fevereiro, narra um caso que mostra o clima tenebroso instaurado no Equador às vésperas das eleições presidenciais, que ocorreram no último domingo (9).

“Carlos Javier Vega, 19 anos, pediu para trocar de turno na padaria de seu pai em Guayaquil, a maior cidade do Equador, para poder ajudar seu primo a vender um filhote de cachorro”, conta o artigo. “No entanto, a poucos quarteirões do local do comprador, o carro deles foi parado em um bloqueio de controle feito por tropas navais, que foram deslocadas para as ruas após o presidente Daniel Noboa decretar um ‘conflito armado interno’ contra o crime organizado”.

Segundo o jornal britânico, o primo de Vega tentou dar a volta, atropelando um soldado e um veículo militar. Uma discussão começou e as tropas abriram fogo. Vega foi baleado quatro vezes e morreu; seu primo sobreviveu a um tiro no ombro.

“O governo rapidamente rotulou as duas vítimas desarmadas como ‘terroristas’ que teriam supostamente tentado um ‘ataque a um posto de controle militar’. Embora o Ministério Público tenha descartado a alegação e os tenha isentado de qualquer crime, o governo nunca se desculpou.”

O caso de Vega, junto com o de quatro meninos negros que morreram em dezembro após serem detidos pelo exército, está entre os casos mais famosos de uma onda de violações dos direitos do povo equatoriano desde que o presidente Daniel Noboa implementou sua política de “mano dura” (mão de ferro) há um ano, em resposta a um suposto aumento da atividade do chamado crime organizado.

Aos 37 anos, Noboa se tornou o presidente mais jovem do Equador em 2023, após vencer surpreendentemente uma eleição antecipada para completar o mandato do ex-presidente Guillermo Lasso, que dissolveu o Congresso e renunciou para evitar o impeachment. Noboa foi um dos três presidentes latino-americanos que participaram da posse de Donald Trump no Capitólio dos EUA, junto com Nayib Bukele, de El Salvador, e Javier Milei, da Argentina.

Para Guillaume Long, pesquisador sênior do Center for Economic and Policy Research, o governo de Noboa exibe “sinais claros de autoritarismo e desrespeito pelo Estado de Direito, pelas práticas constitucionais e pelos direitos”. Ele destacou a recusa do presidente em renunciar durante o período eleitoral de 30 dias, como manda a constituição, e um incidente diplomático sem precedentes, no qual forças policiais e militares equatorianas invadiram a embaixada do México em Quito para prender Jorge Glas, ex-vice-presidente do nacionalista Rafael Correa.

“Noboa também tem a tendência de governar por decretos de emergência de diversas formas”, disse Long, que foi ministro das Relações Exteriores do Equador durante o governo de Correa. No ano passado, o país ficou em estado de emergência por 250 dias, permitindo medidas como invasões domiciliares sem mandado judicial e uma proibição do direito de assembleia. Noboa justificou tais passos como necessários para combater as gangues.

Houve uma queda inicial nos homicídios quando Noboa impôs sua “guerra às drogas”, mas as taxas rapidamente retornaram aos níveis alarmantes anteriores, tornando 2024 o segundo ano mais violento. Enquanto isso, o sequestro e a extorsão continuaram a subir. Em Cañaveral, um bairro empobrecido no noroeste de Guayaquil, as pessoas pagam uma taxa semanal de US$2 como “vacuna” (taxa de extorsão) para a gangue local. “Se você não pagar, eles arrombam sua casa e levam suas coisas. Às vezes, os US$2 são o único dinheiro que eu tenho, então acabo não comprando comida ou água para meus filhos”, disse um morador.

À medida que a campanha eleitoral presidencial do Equador entrou em sua reta final, com a votação ocorrendo em 9 de fevereiro, a Repórteres Sem Fronteiras (RSF) instou todos os candidatos a tornarem a garantia da segurança dos jornalistas uma prioridade central. Pelo menos 19 jornalistas foram forçados ao exílio nos últimos dois anos. O exílio, uma última medida, está se tornando mais comum no Equador à medida que os jornalistas enfrentam ameaças extremas com cada vez mais frequência. Esses exílios foram registrados na região amazônica, nas províncias de Pichincha e Santo Domingo, e em províncias costeiras como Guayas e Manabí, que representam quase metade dos casos registrados.

Gostou do artigo? Faça uma doação!

Rolar para cima

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Quero saber mais antes de contribuir

 

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.