Política internacional

Não há como combater o fascismo sem combater o imperialismo

Artigo traduzido pela revista Movimento usa o termo "neofascismo" para defender explicitamente uma aliança com os grandes monopólios

No artigo Não há como combater o fascismo sem combater o imperialismo – Parte 1, explicamos como o libanês Gilbert Achcar, em artigo intitulado A era do neofascismo e suas características distintivas e traduzido pela revista Movimento, do Movimento Esquerda Socialista (MES), apresenta um conceito vago de “neofascismo” com o intuito de caracterizar como fascista tudo aquilo que se opõe aos interesses do grande capital. No presente texto, discutiremos em detalhes a diferenciação que o autor apresenta entre o que chama de “neofascismo” e o que chama de “regimes despóticos tradicionais”.

Segundo Archar, “o neofascismo difere dos regimes despóticos ou autoritários tradicionais (como o governo chinês ou a maioria dos regimes árabes) por se basear, como o fascismo do século passado, em uma mobilização agressiva e militante de sua base popular em uma base ideológica semelhante à que caracterizou seu antecessor. Essa base inclui vários componentes do pensamento de extrema direita: fanatismo nacionalista e étnico, xenofobia, racismo explícito, masculinidade assertiva e extrema hostilidade aos valores iluministas e emancipatórios”.

À ideia vaga de que o “neofascismo” “alega respeitar as regras básicas da democracia em vez de estabelecer uma ditadura nua e crua”, o autor acrescenta, portanto, a de que o “neofascismo” teria características subjetivas intrínsecas. Trata-se, no entanto, de mais um golpe para tentar retirar o conteúdo de classe da discussão sobre a extrema direita.

Se tomarmos como exemplo a ditadura de Adolf Hitler na Alemanha, de fato, há várias das características listadas: “racismo explícito”, “xenofobia”, “fanatismo nacionalista”. No entanto, o mesmo não esteve presente em outras ditaduras notadamente fascistas. Foi o caso, por exemplo, do salazarismo, a ditadura fascista mais duradoura da Europa, que não apresentava a extravagância do hitlerismo.

O que definiu o fascismo no século XX não foi a personalidade de suas lideranças. A definição de fascismo foi apresentada de maneira clara por Leon Trótski – revolucionário russo de quem o MES se diz seguidor. Trótski distinguiu a ditadura fascista das demais ditaduras como aquela que tinha como objetivo a destruição da democracia operária.

Levando em consideração esse critério bastante objetivo, pouco importa o “pensamento de extrema direita”. O que a caracteriza como tal é a sua hostilidade ao movimento operário.

Todos os regimes burgueses após a Segunda Guerra Mundial aprenderam com o fascismo e, assim, adquiriram características fascistas. Todas as ditaduras militares na América Latina, como a brasileira e a argentina, apresentaram fortes características fascistas, na medida em que combateram os sindicatos e suprimiram a vida política do País. O regime atual brasileiro tem, ele próprio, muitas características fascistas, como se vê no tratamento dado à classe operária pelo sistema prisional.

Ao ignorar sumariamente a definição trotskista para o fascismo, o texto acaba por, uma vez mais, apresentar uma definição de fascismo que interessa à classe dominante, ao imperialismo. Afinal, o imperialismo, conforme já estabelecido pelo revolucionário russo Vladimir Lênin, é reação em toda linha. O imperialismo faz uso de métodos fascistas a todo instante e não se exime de apoiar regimes inteiramente fascistas quando considera que estes são a melhor forma de garantir os seus interesses.

Não há como não falar em fascismo quando se vê o que o Partido Democrata fez com Julian Assange, com Cuba e com Gaza. Mas, na definição pró-imperialista de Archar, o Partido Democrata nada teria de fascista…

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