Não adianta negar a realidade. Os produtos da cesta básica que têm uma grande relevância no consumo das famílias trabalhadoras registraram altas acima da inflação oficial de 4,83%, em 2024. Em média, subiram cerca de 8%, mas alguns produtos essenciais tiveram aumentos bem maiores, como o café, que subiu 39,6%, o óleo de soja 29,22%, a carne 25,25%, o leite 18,83% e o arroz 8,24%.
Para piorar, as previsões são de que os alimentos devem ficar ainda mais caros em 2025, com novos aumentos acima da inflação. Isso já se deu em janeiro, quando os itens que mais puxaram a prévia da inflação foram os alimentos, como as carnes (1,93%) e frango (1,99%), a cebola (4,78%), tomate (17,12%), cenoura (18,47%) e café (7,07%).
Enquanto isso, o salário-mínimo foi reajustado, no mês passado, em apenas 7,5%, chegando a míseros R$ 1.518, valor que – pelos cálculos do DIEESE, é suficiente apenas para comprar menos de duas cestas básicas mensais (média de R$ 828 cada), nas 17 capitais pesquisadas; quando para uma família operária média, de quatro pessoas, são necessárias três cestas.
O reajuste contido do salário mínimo é parte da política do “plano Haddad” de “contenção dos gastos públicos”. Com a medida e os cortes no BPC (Benefício de Prestação Continuada), só neste ano, o ministro da Fazenda – como reafirmou na semana passada – pretende economizar cerca de R$30 bilhões.
Ainda em janeiro, no entanto, decisão do Copom (Conselho de Política Monetária) do Banco Central, agora presidido pelo indicado por Haddad, Gabriel Galípolo, anunciou um novo aumento de 1% da taxa básica de juros que garante para os banqueiros mais R$ 58 bilhões em pagamentos de juros da dívida, que não para de crescer e ultrapassou a marca de R$ 7,3 trilhões no ano passado (12,2% a mais que em 2023) e se prevê que supere R$ 8,5 trilhões neste ano.
Conforme a Auditoria Cidadã da Dívida, “somente em 2024, o pagamento ao serviço da dívida pública federal representou uma sangria de mais de R$1,996 trilhão”. Um roubo gigantesco pago pelo povo.
O que se tira dos trabalhadores e de todo o povo é transferido para os banqueiros sanguessugas que ficam com quase metade do orçamento público e infernizam a vida da maioria do povo com juros várias vezes superiores aos da taxa básica. Conforme dados divulgados pelo próprio BC, no final de 2024 o crédito rotativo (cartões de crédito) estava em absurdos 445,8% ao ano, em um verdadeiro crime de agiotagem contra a economia popular.
Para manter essa política, esses abutres mantêm um pesado cerco contra o governo, com intensa campanha a favor da “estabilidade” e da manutenção dessa política na sua venal imprensa, no Congresso, no Judiciário e até dentro do governo, por meio dos defensores da atual política econômica.
O movimento operário, a esquerda, as organizações do povo trabalhador e os defensores da economia e do desenvolvimento nacional precisam reagir a essa sangria.
É hora de colocar de pé um grande movimento nacional de luta contra o roubo dos bancos, contra o pagamento da dívida pública fraudulenta, por uma auditoria popular da dívida, pela imediata redução das taxas de juros e pela estatização dos bancos sob o controle dos trabalhadores, para garantir os interesses da imensa maioria da nação.