Política internacional

The Grayzone expõe ONG dedicada a censurar opositores do sionismo

E-mails vazadas obtidos pelo sítio investigativo norte-americano revelam a ligação de agência de combate ao "discurso de ódio" e a ditadura sionista

O sítio investigativo norte-americano The Grayzone publicou, no último dia 6, uma matéria assinada pelo editor Max Blumenthal, trazendo e-mails vazados responsáveis por expor os “esforços colaborativos” entre o governo de “Israel” e o Center for Countering Digital Hate (CCDH), ONG norte-americana cujo objetivo declarado seria “de impedir a disseminação de discurso de ódio e desinformação on-line”, segundo a descrição de seu sítio oficial.

A denúncia feita por The Grayzone, porém, revela que o fundador da ONG, Imran Ahmed, colaborou com funcionários da embaixada sionista para censurar perfis de redes sociais pró-Palestina, requisitando ainda doações a essas pessoas para o financiamento de sua ONG. “Desde sua fundação nos Estados Unidos, em 2020, o Center for Countering Digital Hate (CCDH) tornou-se uma das ferramentas mais eficazes do establishment transatlântico para censurar discursos online”, informa Blumenthal, acrescentando ainda:

“Imran Ahmed, cultivou laços estreitos com a Casa Branca de Biden desde que se mudou para Washington DC, direcionando suas críticas a inimigos políticos com apelos para sua remoção das redes sociais. De volta à sua cidade natal, Londres, Ahmed foi um influente conselheiro da ala neoliberal do Partido Trabalhista do Reino Unido, ajudando a sabotar a insurgência esquerdista de Jeremy Corbyn e colocando seu aliado, Keir Starmer, no comando do partido.”

Blumenthal lembra ainda que os jornalistas investigativos norte-americanos Paul D. Thacker e Matt Taibbi já haviam divulgados documentos internos da ONG, mostrando que Ahmed manteve reuniões privadas com parlamentares democratas durante o ano passado, em um plano voltado a “destruir o Twitter de Elon Musk”, informa. Na ocasião (março de 2024), Musk acusou o CCDH de tomar medidas “ilegais” para acessar dados do X. Ele acusou a ONG de “intencional e ilegalmente” extrair dados do X, usados para uma “campanha de intimidação” destinada a afastar os anunciantes e exigiu dezenas de milhões de dólares em indenizações. Porém, a justiça norte-americana rejeitou o processo, alegando que Musk demonstrava estar “muito mais preocupado com o discurso do CCDH do que com seus métodos de coleta de dados”.

Agora, questionado por The Grayzone, Ahmed desdenhou da acusação de que colabora com governos estrangeiros, tratando a denúncia como “teoria da conspiração”. “O Center for Countering Digital Hate pesquisa teorias da conspiração. Não nos envolvemos com elas”, respondeu. Os arquivos vazados do CCDH, porém, revelam que, enquanto cultiva laços com o governo trabalhista britânico, Ahmed também mantém um relacionamento secreto e “colaborativo” com a ditadura sionista, como informa o sítio.

“Fornecidos por um informante do CCDH que solicitou anonimato por temer represálias de Ahmed e seus aliados, os e-mails revelam que altos funcionários da Embaixada de Israel em Washington DC ajudaram a apresentar Ahmed a possíveis financiadores e foram até convidados a revisar um relatório do CCDH antes de sua publicação. O relatório pedia que o Meta removesse grupos pró-Palestina do Facebook sob a alegação de que promoviam ‘ódio anti-judeu’.”

Em um dos e-mails, de 12 de junho de 2024, Ahmed agradece a conselheira de diplomacia pública da Embaixada de “Israel” nos EUA, Efrat Hochstetler, pelo “apoio contínuo ao trabalho [do CCDH]”. Ele também agradece a “gentil apresentação” ao cônsul geral de “Israel” em São Francisco, Marco Sermoneta, para “enfatizar a importância de nossos esforços colaborativos no combate ao ódio e às mentiras online”. Abaixo, a captura de tela com o registro do e-mail (em inglês):

Conforme The Grayzone, trocas de e-mails anteriores demonstram que Ahmed se reuniu com autoridades israelenses para discutir financiamento para sua operação de censura. Em 3 de junho, ele se reuniu também com a ministra de Diplomacia Pública da Embaixada de “Israel”, Sawsan Hasson, que escreveu ao diretor do CCDH para conectá-lo ao Representante Permanente de “Israel” nas Nações Unidas em Genebra (Suíça), Daniel Meron, e para apresentá-lo a “alguns dos filantropos que poderiam se interessar pelo seu trabalho”, como no registro abaixo:

No dia seguinte, Ahmed responde:

“Obrigado pela conexão com Genebra. Espero encontrá-los mais tarde nesta semana. Claro, ficaria encantado em ser conectado a qualquer filantropo que possa apoiar nossas soluções estratégicas, comprovadas e impactantes. Da mesma forma, reuniões com sua equipe no Congresso e suas equipes da Califórnia que lidam com relações com empresas de rede social seriam úteis.”

Em 6 de junho, é Hochstetler quem escreve um e-mail a Ahmed para apresentá-lo ao cônsul geral de “Israel” em São Francisco, Marco Sermoneta, descrito como “o mais indicado para responder a qualquer pergunta sobre os esforços com as empresas de comunicação social no Oeste”. Hochstetler informou o cônsul geral que ela e Hasson já haviam se reunido com Ahmed três dias antes, “e estamos tentando oferecer nossa ajuda para conectá-lo às partes relevantes da melhor forma possível, já que o trabalho que o CCDH realiza é extremamente importante”.

Não foi esclarecido quais “partes relevantes” foram apresentadas a Ahmed pela Embaixada de “Israel” na capital norte-americana. Os e-mails obtidos pelo The Grayzone, porém, indicam que a ditadura sionista planejava apoiar sua ONG por meio de ricos intermediários disfarçados de “filantropos” altruístas. O sítio investigativo acrescenta a isso:

“Ahmed parece ter um relacionamento de trabalho com pelo menos uma figura que se encaixa nesse molde. Ele é Trevor Chinn, um milionário britânico da indústria automobilística que é um dos principais financiadores das atividades de lobby de Israel no Reino Unido.

[…]

Tanto Chinn quanto Ahmed trabalharam para afastar Jeremy Corbyn da liderança do Partido Trabalhista. Enquanto Chinn fez doações generosas aos oponentes conservadores de Corbyn dentro do partido, Ahmed ajudou a lançar uma organização chamada Stop Funding Fake News, que alegava combater o ‘antissemitismo de esquerda’, mas que, na realidade, se dedicava a silenciar os aliados de Corbyn na imprensa.”

Revelado por Thacker e Taibbi, um e-mail foi enviado por Ahmed a Chinn em 4 de junho de 2024 – um dia após se reunir com Hasson e Hochstetler – para marcar um encontro. No e-mail, estava marcada para receber uma cópia a ativista sionista britânica Louise Jacobs, que integra o Conselho de Governadores da Agência Judaica de “Israel”, controlada pelo governo israelense. The Grayzone acrescenta:

“Se fazendo passar por um ‘movimento social’ de base composto por cidadãos anônimos preocupados com a desinformação, o grupo de Ahmed conseguiu prejudicar um dos veículos pró-Corbyn e contra a guerra mais populares, o The Canary UK, organizando um boicote aos seus anunciantes.

Em 2 de agosto de 2019, o Stop Funding Fake News tuitou: ‘O Canary anunciou que, graças à nossa campanha, seu modelo de negócios ‘não funciona mais’ e eles estão encolhendo. Queremos passar mais tempo e recursos nesta campanha e atacar novos sítios’.”

Após a renúncia de Corbyn como líder do Partido Trabalhista em 2020, Ahmed fez a transição do Stop Funding Fake News para o CCDH, cujo escritório era compartilhado com o Labour Together, grupo político neoliberal financiado por Trevor Chinn, que fazia campanha pela censura online dos inimigos políticos do Partido Trabalhista. O diretor do grupo Morgan McSweeney se tornou chefe de gabinete de Keir Starmer. Blumenthal destaca então a mudança da ONG para os EUA:

“Em 2021, o CCDH registrou-se como uma organização sem fins lucrativos nos EUA, e seu fundador se estabeleceu a apenas alguns quarteirões do Capitólio dos EUA, em Washington DC, com sua nova esposa americana. Ele rapidamente focou nos inimigos da Casa Branca de Biden, rotulando influentes críticos de suas restrições à Covid como ‘The Disinformation Dozen’ e recebendo um elogio da então porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, que clamou com sucesso para que o Facebook banisse suas contas.”

Em junho de 2024, Ahmed compartilhou um relatório com Hasson pedindo, porém, “por favor, não o distribua fora do [governo] israelense, pois ele está fechado para consumo público até quarta-feira”, disse. Segundo Blumenthal, Ahmed parecia “convidar os oficiais israelenses a revisar o relatório antes de sua publicação”.

Intitulado “Administradores Antissemitas”, o relatório do CCDH exigia que o Facebook impusesse uma repressão generalizada contra grupos pró-Palestina, acusando seus administradores de “camuflar seu antissemitismo adotando cinicamente a linguagem e os temas pró-Palestina ou de direitos humanos para inculcar ódio contra o povo judeu”. Segundo a ONG, grupos do Facebook que acusavam “Israel” de tentar “controlar a imprensa americana”, ou que distribuíam imagens do primeiro-ministro israelense Benjamin Netaniahu para fazê-lo parecer com o dirigente nazista Adolf Hitler, eram culpados de “ódio anti-judeu”.

Questionado por The Grayzone sobre o conteúdo dos e-mails, “Ahmed parecia agitado”, informa a matéria falando sobre o momento em que a reportagem do sítio norte-americano “o contatou por telefone e pediu que ele confirmasse suas trocas de e-mails com os oficiais israelenses”. Questionado se havia colaborado com o governo israelense, Ahmed saiu-se com “trabalhamos com todos os governos” e por fim, questionado sobre a possibilidade de ter conspirado com autoridades israelenses, ele respondeu com “em que sentido?”.

Gostou do artigo? Faça uma doação!

Rolar para cima

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Quero saber mais antes de contribuir

 

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.