HISTÓRIA DA PALESTINA

Mohamed Deif: a sombra da Resistência, o ‘Hóspede’ da Revolução

Deif foi o comandante das Brigadas al-Qassam do Hamas que mais tempo ocupou o cargo, alçou o grupo ao patamar de um verdadeiro exército revolucionário

Mohammad Diab Ibrahim al-Masri (Abu Khaled), mais conhecido como Mohammed Deif — “O Hóspede” foi um dos mais importantes comandantes das Brigadas al-Qassam, o Braço Armado do Hamas. Ele foi o arquiteto militar do Dilúvio de al-Aqsa, a operação do dia 7 de outubro de 2023, que humilhou o Estado de “Israel” de tal forma que os invasores nunca conseguiram se recuperar.

Deif era conhecido como um homem que liderou a Resistência nas sombras, cujo nome era entoado por milhões, embora pouco se soubesse sobre ele. Mas isso não importava. O que importava era que ele dedicava sua vida à luta pela liberdade da Palestina e o povo sabia disso.

Nascido em Gaza em 1965, Deif estudou ciências na Universidade Islâmica de Gaza. Durante esse período, esteve ativo em atividades religiosas, estudantis e de assistência social — além de ter uma paixão pelo teatro. Em 1989, as forças de ocupação o prenderam, detendo-o sem julgamento por 16 meses sob a acusação de trabalhar com o braço militar do Hamas.

Sua libertação coincidiu com a ascensão das Brigadas al-Qassam, que começaram a realizar operações no interior da entidade sionista. Deif mudou-se para a Cisjordânia ao lado de vários líderes do Qassam vindos de Gaza, supervisionando a formação de uma filial na região. Ele ganhou destaque após o assassinato de Imad Aqel, em 1993, e coordenou diversas operações bem-sucedidas contra a ocupação, incluindo a captura do soldado sionista Nachshon Wachsman, em 1994.

Em 2000, foi novamente preso pela Autoridade Palestina, mas conseguiu escapar após o início da Segunda Intifada. Esse evento marcou um ponto de virada no desenvolvimento das capacidades militares do Hamas.

Mohammed Deif foi nomeado comandante das Brigadas al-Qassam em 2002. Ao assumir a liderança, estabeleceu uma academia de treinamento e desenvolvimento militar, revelada posteriormente após a retirada das forças de ocupação de Gaza, em 2005.

Deif é responsável por inúmeros sucessos estratégicos das Brigadas Al-Qassam, especialmente no desenvolvimento de mísseis. Sob seu comando, o arsenal do grupo evoluiu—de foguetes rudimentares com poucos quilômetros de alcance para mísseis capazes de atingir todas as cidades palestinas ocupadas, do extremo sul ao norte.

Mohammed Deif raramente aparecia na imprensa, sendo sua última aparição na manhã de 7 de outubro de 2023, quando anunciou a operação Dilúvio de Al-Aqsa. Ele sobreviveu a sete tentativas de assassinato pelas forças de ocupação, nos anos de 2001, 2002, 2003, 2006, 2014 e duas vezes em 2021. Sofreu queimaduras, perdeu um olho e, segundo relatos da ocupação, perdeu uma perna e sofreu ferimentos no braço em outra tentativa.

Em 2014, uma nova tentativa contra sua vida matou sua esposa, Widad Mustafa Harb Deif, e seus filhos, incluindo sua filha de três anos e seu filho Ali, de sete meses. Ainda assim, Deif permaneceu firme na Resistência.

Apesar de nunca revelar seu rosto ao público, Deif tornou-se uma das figuras mais admiradas e respeitadas da resistência. Pessoas de diferentes países e origens juraram lealdade a ele, pelo que ele representava. Na nas manifestações em diversos países árabes o povo entoou: “coloque a espada diante da espada—nós somos o povo de Mohammed Deif!

Ele recebeu o apelido de “O Hóspede” porque, por décadas, dormia em uma casa diferente a cada noite, evitando ser rastreado e assassinado. A ocupação ameaçou matá-lo. O povo respondeu: “nossas casas são suas.”

Ele foi martirizado em combate no ano de 2024 na Faixa de Gaza, assim como o outro grande líder revolucionário do Hamas, Iahia al-Sinuar. Só após o cessar-fogo em janeiro de 2025 o Hamas confirmou o seu martírio, junto a de outros importantes líderes militares.

Seu discurso no dia 7 de outubro de 2023 é um dos mais memoráveis da história da Palestina:

“Eles atacaram os fiéis que estavam em oração e profanaram Al-Aqsa, e já os havíamos alertado antes. O inimigo profanou Al-Aqsa e ousou atacar o caminho do Profeta.

Centenas foram martirizados e feridos este ano devido aos crimes da ocupação. Nossos apelos por uma troca humanitária foram rejeitados, e as violações diárias continuam na Cisjordânia.

Decidimos pôr fim a todos os crimes da ocupação. O tempo em que agiam sem consequências acabou. Anunciamos a operação “Dilúvio de Al-Aqsa”, e, no primeiro ataque, em apenas 20 minutos, mais de 5.000 foguetes foram lançados.

A partir de hoje, a coordenação de segurança termina. Hoje, o povo retoma sua revolução, corrige seu caminho e retorna à marcha do retorno.

Ó, nosso povo em Al-Quds, expulsem os ocupantes e derrubem os muros. Ó, nosso povo no interior, em Al-Naqab, Al-Jalil e no Triângulo [Jenin, Nablus, Tulkarem], transformem a terra em chamas sob os pés dos ocupantes.

Ó, nossos irmãos da resistência islâmica no Líbano, Iraque, Síria e Iêmen, hoje é o dia em que a vossa resistência se une à resistência dos vossos irmãos na Palestina. É a hora da resistência árabe se unificar.

Chamamos à mobilização por toda a Palestina. Ó, nossos irmãos na Argélia, Marrocos, Jordânia, Egito e nos demais países árabes, levantem-se e atendam ao chamado.

A era das apostas acabou, e a ocupação deve ser expulsa.

Ó, nosso povo em todos os países árabes e islâmicos, comecem a marchar—não amanhã, agora—e rompam as fronteiras e as barreiras.

Este é o dia da grande cena final para pôr fim à ocupação.

Hoje, quem tiver uma arma, que a pegue—chegou a hora. Todos devem sair com seus caminhões, carros ou ferramentas. Hoje, a história abre suas páginas mais puras e honrosas.”

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