Guerra em Gaza

Quem está contra o Hamas está com Netaniahu

De maioria islâmica, tal qual o Hamas, população palestina comemora; derrotar o imperialismo é o mais importante

Um texto assinado por Claudia Cinatti e intitulado Cese del fuego en Gaza. Una derrota para Netanyahu y sus cómplices en el genocidio foi publicado no último dia 26 no sítio La Izquierda Diário, órgão esquerdista mesmo após a impressionante vitória conquistada pela Resistência Palestina, mantém o ataque ao Hamas, como se pode observar no parágrafo abaixo:

“Como socialistas revolucionários, defendemos a resistência palestina contra a opressão colonial e exigimos seu direito à autodeterminação nacional. Defendemos suas organizações contra o Estado sionista, mas não compartilhamos da estratégia do Hamas, que busca estabelecer um Estado islâmico por meio de negociações com monarquias árabes reacionárias ou regimes opressores como o Irã, e mantém um controle social férreo ao impedir a organização democrática da resistência palestina.”

Trata-se de uma velha calúnia contra a principal força revolucionária da Palestina que começa a ser requentada, a de que o Hamas estabelecerá um governo de tipo confessional e por isso mesmo, necessariamente reacionário. Tal afirmação, porém, é uma falácia.

Em primeiro lugar, o islamismo é um elemento de coesão social e identididade nacional, sendo uma expressão da resistência do povo palestino ao massacre cometido pelo sionismo. Nas condições em que vivem os palestinos, o normal seria justamente um governo que entre outros vínculos, esta conectado à fé de quase a totalidade da população da nação invadida.

Além do mais, a autora aparenta não se atentar para o fato de que do ponto de vista social, o islamismo não é o cristianismo. A segunda é a religião do imperialismo, sendo uma expressão ideológica de uma ditadura global, ao passo que o islamismo, é uma religião perseguida, atacada sobretudo nos países imperialistas. O fato de ser a expressão religiosa de uma luta contra os monopólios dos países desenvolvidos precisa ser levado em conta na análise, que de outra forma, cai no erro de se tornar uma tentativa esquemática e errada de se compreender um fenômeno político.

Finalmente, para um verdadeiro socialista revolucionário pouco ou nada importa o que pensa um determinado partido político. Importa o que esse partido efetivamente faz e no caso do Hamas, o que a vanguarda da Revolução Palestina fez foi o mais contundente passo rumo à libertação da Palestina desde o começo da invasão sionista.

A importância da ação e da resistência liderada pelo Hamas foi tamanha que sepultou definitivamente qualquer chance da candidatura democrata conquistar mais quatro anos de governo nos EUA, derrubou governos imperialistas a torto e direito do Canadá à Europa e acelerou expressivamente a crise mundial do imperialismo. Só por isso, o Hamas mereceria o respeito e a admiração de todos realmente comprometidos com a revolução mundial. Não é o caso de La Isquierda Diário porque finalmente, o órgão está mais comprometido com sua suposta pureza ideológica do que com a luta revolucionária real, empreendida com um sucesso assombroso pelo partido palestino.

Igualmente estranha é a afirmação de que o Hamas “mantém um controle social férreo ao impedir a organização democrática da resistência palestina”. Ora, embora sendo de longe o maior partido palestino, o Hamas trabalha em conjunto com os xiitas da Jiade Islâmica (o Hamas é sionista) e também com partidos como a marxista Frente Popular de Libertação da Palestina (FPLP). Um fenômeno que demonstra que, ao contrário de La Izquierda Diário, a Resistência Palestina não faz restrições de ordem ideológica sobre quem pode participar da luta contra “Israel”.

Como que para coroar o festival de loucuras, Cinatti esquece tudo o que escreveu antes e diz:

“Para derrotar a opressão colonial do Estado genocida de Israel e seus cúmplices imperialistas, é necessária a maior unidade das massas palestinas e dos trabalhadores e setores oprimidos do Oriente Médio, com o movimento de solidariedade ao povo palestino nos países centrais, que estão enfrentando seus próprios governos.”

Ora, mas o próprio Hamas já é a expressão política da “maior unidade de massas palestinas”, sendo o partido eleito por uma ampla maioria para governar a Palestina nas eleições de 2006. Completam essa “maior unidade” justamente os demais partidos, entre eles, os já citados Jiade Islâmica e FPLP, mas também setores à esquerda do Fatá que se opõe a Mahmoud Abbas e à Autoridade Palestina.

O que La Izquierda Diário quer não é a “maior unidade de massas palestinas”. Fosse esse o caso, a última coisa que os “revolucionários” fariam é exigir um atestado de ideológica ao povo árabe. Não é, como demonstram, a derrota do imperialismo o que mobiliza os esquerdistas, mas as ideias de quem luta, algo frontalmente anti-marxista.

O problema com a colocação é que levada a sério, ela serve especificamente à tentativa de “Israel” e do imperialismo de caluniar o Hamas. É o sionismo que se beneficia com a crítica feita pelo órgão esquerdista, uma vez que não é possível ver um confronto entre um oprimido e um opressor, e colocar-se contra os dois. Na prática a oposição real é contra o oprimido e não o opressor, sendo, por isso mesmo, uma farsa.

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