Estados Unidos

Trump destrói mentiras que a esquerda adora

Não existe "guerra de Trump contra o mundo", mas uma guerra dos monopólios contra mundo; destruir a hipocrisia seria positivo, mas uma parte da esquerda prefere a mentira

Assessor da liderança do PT no Senado, o sociólogo Marcelo Zero publicou um artigo no Brasil 247 intitulado A guerra de Trump contra o mundo começou trazendo a tese de que “aqueles que achavam que Trump era apenas um ‘bravateiro’, ‘caíram do cavalo’. Ou melhor, caíram dos asnos que os carregavam”. Segundo Zero, “se puder, Trump vai destruir democracias e as regras internacionais”, uma posição que ao mesmo tempo, dá à pessoa de Trump um poder de realização imensurável, e também mostra uma confusão inacreditável sobre o mundo em que vivemos. Diz o autor:

“O mundo tem de se preparar para conter Trump. E essa resposta política e econômica tem de ser concertada, calculada e equilibrada.

Deixado livre, sem oposição, interna e externa, Trump fara as piores coisas possíveis. Parece um psicótico sem controle.

Mais: se puder, Trump vai destruir democracias e as regras internacionais.

A guerra contra Trump não é apenas uma guerra comercial e econômica. É, sobretudo, a guerra da civilização contra a barbárie.”

É como se Trump fosse um ser humano extraordinário, que viu um mundo pleno de prosperidade e paz, e movido por sabe-se lá que impulso maligno, resolveu acabar com a paz do planeta. Nada mais fantasioso e longe da verdade.

Em primeiro lugar, Trump é a expressão política de um setor da burguesia norte-americana, que embora pertencente à classe dominante, vinha sendo esmagada pela política geral do imperialismo. O neoliberalismo e as guerras imperialistas custam caro aos EUA e só beneficiam um reduzido (porém poderoso) setor da burguesia ligado aos monopólios. A parte mais frágil da burguesia, porém, não faz mais do que bancar as trilionárias aventuras militares que empobrecem o mercado interno e criam dificuldades crescentes para os negócios menores, dependentes do mercado interno.

Esse é o pano de fundo para o surgimento de um Trump, que longe de ser um indivíduo, é acima de tudo um fenômeno social. Para quem se dedica a analisar a política, esse seria o ponto de partida. Disso, derivamos o segundo problema com as colocações de Zero, que além de engrandecer de maneira muito equivocada o mandatário norte-americano, faz também uma defesa dos políticos democratas dos EUA, por sinal, os verdadeiros responsáveis pelo flagelo social que criou o fenômeno Trump.

Baseado no puro impressionismo, Zero simplesmente se esquece que enquanto o presidente norte-americano impõe tarifas comerciais, o ex-presidente democrata Joe Biden fez inúmeras provocações de caráter militar contra a China, empurrou a Rússia a uma guerra na Ucrânia, bombardeou uma dezena de países africanos e financiou diretamente um dos crimes mais chocantes que a humanidade já viu: a guerra genocida de “Israel” contra o povo palestino em Gaza. Na ficção de Zero, é como se nada disso tivesse ocorrido, como se Biden em pessoa não fosse responsável por colocar no governo ucraniano os nazistas que o presidente russo, Vladmir Putin, combate desde fevereiro 2022, e nem tivesse destinado dezenas de bilhões de dólares a nazistas e sionistas, para a manutenção de uma política criminosa contra russos e palestinos.

Acontece que os crimes de Biden são demasiados e horripilantes demais para serem esquecidos, razão pela qual somos levados à conclusão de que uma parte da esquerda pequeno-burguesa que se expressa por Zero, na verdade, gosta da hipocrisia e do cinismo. O problema desse setor não é com os crimes em si, mas com a exposição deles, que é o que Trump faz.

Sem contar com a cobertura dispensada a Biden e demais democratas, Trump coloca as claras como o mundo realmente é: um lugar horrível, onde a única lei real é a do mais forte, submetido por uma ditadura que é o imperialismo. Nem por acaso o mandatário norte-americano deve ser apoiado, porém o fato dele colocar a opressão dos EUA e das nações desenvolvidas contra os países atrasados às claras, deveria ser reconhecido como um fator positivo para quem não aceita essa ditadura e quer enfrentá-la. Trump, nesse sentido, só é negativo para quem tem interesse na manutenção da ilusão com um mundo de “democracia”, que nada mais é do que uma cobertura para os desmandos dos EUA e da Europa.

O que Trump demonstra é que não existe “guerra de Trump contra o mundo”, mas uma guerra dos monopólios norte-americanos e europeus contra mundo. Para o imperialismo, o prejuízo é óbvio. Porque isso seria negativo para a esquerda, porém, é algo que Zero deveria explicar melhor.

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