História da Palestina

O pacto de Stalin com o sionismo antes da criação de ‘Israel’

Stalin pode ser considerado o pai do Estado de “Israel”, foi ele quem garantiu que o projeto sionista tivesse sucesso durante a limpeza étnica de 1948, essa relação começou em 1939

Stalin foi um dos pais do Estado de “Israel”. A União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) sob a sua direção foi o que garantiu ao imperialismo que a operação de criar um Estado artificial no meio do mundo árabe em 1948. Ele inclusive armou as milícias fascistas dos sionista durante a guerra contra os países árabes. Mas esse acordo com o sionismo não começou subitamente em 1947, quando foi estabelecido a criação de “Israel” na ONU, o acordo com os sionistas começou junto ao acordo de Stalin com os nazistas.

Os líderes sionistas fizeram contato pela primeira vez com o governo soviético após a conclusão do Pacto de Molotov Ribbentrop, entre a URSS e a Alemanha de Hitler. A anexação soviética do leste da Polônia, da Bessarábia, da Bucovina do Norte e dos Estados Bálticos trouxe quase dois milhões de judeus para a União Soviética.

O número de judeus vivendo sob domínio soviético aumentou, assim, de 3.020.000 em 1939 para 4.800.000 em 1940, além de quase 300.000 refugiados vindos da Polônia, Romênia e Tchecoslováquia ocupadas pelos alemães. Diante dessa conjuntura os sionistas começaram a dialogar com Stalin para tentar ampliar a imigração desses judeus para a Palestina. Ivan Maisky, embaixador russo em Londres, foi crucial nesse processo.

Eles tinham dois objetivos: chegar a um acordo com a URSS que permitisse aos judeus poloneses emigrar para a Palestina, e convencer os dirigentes bolcheviques antissionistas de que a criação de um Estado judeu na Palestina não seria contrária aos seus interesses. Os Partido Bolchevique tradicionalmente se opunha ao sionismo desde antes da Revolução de 1917. Isso porque o movimento já tentava agir dentro do Império Russo, onde se encontrava a maior população de judeus da Europa.

Após a invasão nazista da URSS, em 9 de outubro de 1941, David Ben Gurion, ou fundador de “Israel” e presidente da Agência Judaica, a principal organização sionista, reuniu-se com Ivan Maisky em Londres. Ele defendia a política de que o sionismo era na verdade socialista, escondendo sua realidade colonial, imperialista e genocida. Ele queria que uma delegação do governo soviético discutisse com o movimento sionista o futuro da Palestina.

Maisky, nesta reunião, disse a Ben Gurion: “você está indo para os EUA. Você nos prestará um grande serviço se convencer as pessoas lá sobre a urgência de nos ajudar; precisamos de tanques, armas, aviões—o máximo possível e, acima de tudo, o mais rápido possível”. Ou seja, naquele momento a preocupação maior era no esforço de guerra.

No ano seguinte Eliahu Epstein, representante da Agência Judaica no Cairo, reuniu-se com o embaixador soviético na Turquia, Sergei Vinogradov. Epstein ofereceu o envio de um hospital de campanha, medicamentos e médicos para a frente de batalha e solicitou a presença de um ou dois representantes permanentes em Moscou, capital da URSS, para lidar com autorizações de imigração para refugiados judeus na URSS. Ele também mencionou o problema dos prisioneiros sionistas na União Soviética.

Assim começou a relação direta do stalinismo com o sionismo na Palestina. Em agosto de 1942, dois diplomatas da embaixada da Turquia, Sergei Mikhailov e Nikolai Petrenko, foram pela primeira vez à Palestina para participar da convenção de fundação da Liga-V uma organização criada para apoiar o esforço de guerra soviético. A Liga-V arrecadou fundos e organizou diversos eventos públicos que tiveram sucesso imediato. Um ano após sua fundação, a Liga já contava com 20.000 membros e cem seções na Palestina.

Depois da Batalha de Stalingrado, terminada em fevereiro de 1943, já começava a ficar claro que os nazistas seriam derrotados e a URSS seria uma força de destaque no pôs-guerra. A partir desse momento os contatos entre representantes soviéticos e sionistas se intensificaram. A Agência Judaica utilizou todos os canais possíveis para transmitir a mensagem à União Soviética de que não havia mais motivos para antagonismo entre o país e o sionismo.

O que fortaleceu a posição de Stalin de formar aliança com o sionismo foi que a URSS não tinha influência no Oriente Médio, controlado pelos ingleses e franceses. Assim ele acreditava que os sionistas poderiam ser aliados na região, um erro gigantesco. A Liga Árabe foi criada em 1945, essa seria a organização dos Estados árabes que se chocariam com o imperialismo, mas de princípio os soviéticos tinham muita desconfiança.

Até 1947 a URSS mantinha a posição tradicional do movimento operário. A posição era de que a questão judaica seria resolvida “apenas com a erradicação completa de todas as raízes do fascismo e a plena democratização dos países da Europa Ocidental”. Mas Stalin estava orquestrando a manobra junto aos sionistas por detrás das cortinas. Isso mudou radicalmente em maio de 1947.

O discurso do representante soviético no Conselho de Segurança da ONU reverteu completamente a política do país:

“A experiência passada, particularmente durante a Segunda Guerra Mundial, mostra que nenhum Estado da Europa Ocidental foi capaz de fornecer assistência adequada ao povo judeu na defesa de seus direitos e de sua própria existência contra a violência dos hitleristas e seus aliados. Este é um fato desagradável, mas, infelizmente, como todos os outros fatos, deve ser admitido. Isso explica as aspirações dos judeus de estabelecer seu próprio Estado. Seria injusto não levar isso em consideração e negar ao povo judeu o direito de realizar essa aspiração”.

Estava feito o acordo de Stalin com o imperialismo. Ele transformou União Soviética, nos anos entre 1939 e 1947, de um dos principais focos do antissionismo em um dos principais baluartes do Estado de “Israel”. O burocracia stalinista apoiou um dos movimentos mais contra revolucionários do mundo, todo o Oriente Médio paga o preço até hoje.

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