HISTÓRIA DA PALESTINA

Mohammed Deif: o mais procurado por ‘Israel’, por um bom motivo

Durante a Segunda Intifada, o mártir foi um dos principais organizadores das ações revolucionárias do Hamas

Batizado Mohammed Diab Ibrahim al-Masri, Mohammed Deif nasceu em 1965, no campo de refugiados de Khan Younis (mesmo local de nascimento de Iahia Sinuar), tendo crescido durante o auge da ocupação sionista da Palestina. Filho de uma família de refugiados palestinos de al-Qubeiba (na Cisjordânia, província de Jerusalém), viu desde cedo as consequências brutais da colonização criminosa de seu país.

Sua formação foi na Universidade Islâmica de Gaza, onde estudou ciências e teve grande envolvimento com o teatro, integrando o grupo Os Repatriados. Demonstrando interesse pelas artes e unindo-a ao ativismo político, fundou o grupo de teatro islâmico al-Ayedun, no qual interpretou figuras históricas da Palestina.

No final de 1987, Deif ingressou no Movimento Resistência Islâmica (Hamas, na sigla em árabe), logo nos primeiros meses de fundação do partido, tornando-se parte do comitê técnico do Conselho Estudantil da Universidade Islâmica de Gaza. Em 1989, foi preso pelas forças de ocupação e ficou encarcerado por 16 meses sem julgamento, sob a acusação de atuar no braço militar do Hamas. Após sua libertação, contribuiu para a criação das Brigadas al-Qassam, ala militar da organização, ao lado de Iahia Aiash e Adnan al-Ghoul.

Desde a década de 1990, Deif liderou e participou de diversas operações contra as forças sionistas, sendo considerado peça-chave no desenvolvimento das capacidades militares da Resistência Palestina. Envolveu-se em operações de grande impacto, como os ataques contra soldados sionistas em 1994 e operações que resultaram na morte de dezenas de ocupantes. Durante a Segunda Intifada, foi um dos principais organizadores das ações de guerrilha, tornando-se um dos alvos prioritários dos serviços de inteligência sionistas.

A perseguição a Deif se intensificou após o assassinato de Salah Shehade em 2002, quando assumiu a liderança suprema das Brigadas al-Qassam. A partir desse momento, os ataques aéreos sionistas contra ele se tornaram frequentes.

Sobreviveu a pelo menos cinco tentativas de assassinato, que lhe causaram graves ferimentos e sequelas. Em 2006, um bombardeio destruiu uma casa onde estavam reunidos líderes do Hamas, deixando-o com sérios danos na coluna. Após esse ataque, Ahmed Jabari assumiu temporariamente a liderança militar do Hamas.

A caçada ao comandante palestino nunca cessou. Em 2014, durante um bombardeio das forças sionistas na Faixa de Gaza, sua esposa, Widad Asfoura, e dois de seus filhos foram assassinados.

Os sionistas acreditavam que ele estava no local, mas, novamente, Deif sobreviveu. Nos anos seguintes, seguiram-se novas tentativas de assassinato, todas fracassadas. Em 2021, durante a Operação Guardião das Muralhas, os sionistas tentaram matá-lo duas vezes em uma semana, sem sucesso.

Mohammed Deif é visto pelo sionismo como um inimigo prioritário, não apenas por sua longa trajetória na resistência, mas pelo seu papel na modernização das táticas de combate palestinas. Foi um dos responsáveis pelo desenvolvimento do uso militar de túneis subterrâneos, considerados uma das maiores ameaças às forças de ocupação.

O artigo abaixo, escrito por Amos Harel para o jornal israelense Haaretz para a edição do dia 20 de agosto, dá uma pista do temor despertado por Deif na ditadura sionista. “O chefe da ala militar do Hamas”, escreveu Harel, “está no topo da lista dos ‘mais procurados’ Israel nos últimos vinte anos por um motivo”, acrescentando:

“Mohammed Deif, comandante do Iz al-Din al-Qassam, braço militar do Hamas, e homem procurado em Israel há cerca de 20 anos, é considerado líder desse grupo desde meados da década de 1990. Israel, que fez várias tentativas contra sua vida durante esse período, intensificou seus esforços para eliminá-lo quando a segunda intifada estava em pleno vigor. Ao escapar das tentativas de assassinato por um triz, Deif se recuperou de seus ferimentos e voltou a liderar a ala militar do Hamas depois que seu comandante, Ahmed Jabari, foi morto em um ataque da Força Aérea de Israel no primeiro dia da Operação Pilar de Defesa em novembro de 2012.”

A política de Deif permitiu que a Resistência Palestina mantivesse capacidade ofensiva mesmo sob os intensos bombardeios da ocupação, sendo um dos grandes heróis da conquista histórica do Hamas e de todo o povo palestino, que após 15 meses de uma cruenta campanha genocida realizada por “Israel”, venceu as forças de ocupação e impôs, pela força, a libertação de companheiros da pela libertação da Palestina. O comandante, porém, não conseguiu ver a vitória.

Em 13 de julho de 2024, após décadas de perseguição incessante, foi alvo de um ataque israelense no bairro de al-Mawasi, em Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza. De acordo com informações do Ministério da Saúde de Gaza, pelo menos 90 palestinos foram assassinados na ocasião e mais de 300 ficaram feridos em decorrência do ataque.

A confirmação de seu martírio foi feita pelo Hamas nessa quinta-feira (30), marcando o fim da trajetória de um dos mais importantes comandantes da Resistência Palestina. Mesmo após inúmeras tentativas fracassadas de assassinato, que lhe causaram graves ferimentos e a perda de familiares, Deif permaneceu ativo na luta contra a ocupação até seu último momento, sendo um exemplo para revolucionários e apoiadores da luta pela libertação da Palestina.

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