O governo Lula chegou na metade de seu mandato no início deste ano de 2025. A luta contra o golpe de 2016, contra a prisão do próprio Lula, o Fora Bolsonaro e as eleições de 2022 levaram o Partido dos Trabalhadores ao seu quinto mandato presidencial e o terceiro de Lula. Todo esse movimento popular criou enormes expectativas em um novo governo do PT após quatro anos de Bolsonaro e dois de Michel Temer, que recolocaram em marcha uma violentíssima política neoliberal e aprofundaram a destruição econômica do Brasil com as reformas da previdência, trabalhista, autonomia do Banco Central, entre outros. No entanto, o governo de Lula não vem atendendo às expectativas do movimento popular que o levou à presidência da república pela terceira vez. E o principal motivo para isso tem nome: Fernando Haddad.
Haddad é, hoje, o principal representante da ala mais à direita do PT. O próprio Lula já se referiu a ele no passado como o que havia de mais tucano dentro de seu partido. E agora, mais do que nunca, Haddad vem provando que sua política sempre foi de submissão aos capitalistas, principalmente aos banqueiros. Desde o início, Haddad, a frente do Ministério da Economia, esteve com uma política de corte de gastos em benefícios sociais para garantir o pagamento das benesses inacreditáveis dos banqueiros por meio dos juros da dívida pública.
Entre suas medidas mais recentes e mais impopulares e contra os trabalhadores, o ministro estabeleceu um teto para o aumento do salário mínimo. Mais recentemente ainda, houve a grande polêmica do Pix, que quebraria o sigilo de contas bancárias que movimentassem mais de cinco mil reais em um mês ao longo do ano. Uma medida como essa, obviamente, mirava penalizar setores muito pobres da população. Felizmente, o governo voltou atrás da proposta, mas não sem receber um duro golpe em popularidade.
Mais uma importante expressão da política direitista de Haddad foi a indicação de Gabriel Galípolo para a presidência do Banco Central. Lula fez toda uma campanha contra a absurda política de independência do BC e, ainda mais, contra a política de aumento constante da taxa de juros mantida pelo indicado de Jair Bolsonaro, que prejudica a industrialização do país e apenas beneficia os inimagináveis lucros dos banqueiros. No entanto, ao ter a oportunidade de indicar um novo presidente para o BC, sob pressão, Lula aceitou a indicação de Haddad e colocou um vampiro neoliberal tão disposto a sugar o sangue da população brasileira quanto o anterior.
E agora, Haddad anuncia a possibilidade de mais um pacote fiscal. Naturalmente, como o ministro já mostrou que só sabe se comportar de uma mesma maneira, pressionado pelos banqueiros e agindo de acordo com a política deles, o novo pacote, possivelmente para começar a ser aplicado em fevereiro, inclui um aprofundamento no pente fino nos benefícios sociais. Ao invés de procurar desenvolver uma política que atenda aos interesses dos trabalhadores que levaram Lula ao governo, o Ministério da Economia, sob o comando de Haddad, só consegue lutar para cortar dos pobres e manter a entrega aos banqueiros.
Essa política direitista, porém, não se desenvolve sem consequências para o próprio governo. Diversas pesquisas mostram que a popularidade do terceiro governo Lula está em queda livre. Pior ainda, algumas pesquisas destacam que a popularidade vem caindo drasticamente justamente entre as pessoas que votaram em Lula em 2022. Ou seja, são pessoas que votaram por acreditar que uma determinada política seria desenvolvida. Por mais limitada que essa política pudesse ser, seria voltada a atender aos interesses mais básicos e imediatos dos setores mais pobres da população.
Contudo, a política de Haddad, que inclusive já gerou diversos escândalos públicos com o próprio presidente Lula, claramente não atende a esses interesses. O Partido dos Trabalhadores, ao se encontrar em uma situação complicada como a atual, tende a ir mais à direita, acreditando que ceder à pressão da burguesia fará com que a oposição diminua e, dessa forma, o governo possa agir mais livremente. Ao invés disso, a experiência já mostrou que ceder só faz aumentar a pressão. Pouco antes do Golpe de Estado de 2016, a ex-presidente Dilma seguiu essa política e apenas se enfraqueceu.
Lula e o PT devem aprender com a experiência anterior e remover Fernando Haddad do Ministério da Economia. Não só isso, deve remover todo o setor neoliberal de seu governo e mudar radicalmente de política. O governo deve apelar para o movimento dos trabalhadores que o elegeu.