No último dia 22 de janeiro, a direção da Caixa Econômica Federal fez comunicação à Contraf/CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro) referendando o “atendimento ao compromisso firmado no Acordo Coletivo de Trabalho” em relação à CCV. Segundo o comunicado do banco, o acordo foi “aprimorado e ampliado com foco em promover agilidade e conformidade ao processo conciliatório” e que a CCV “poderá atender, a partir de então, as reivindicações sobre o tema da incorporação, além dos demais temas já atendidos: Auxílio-Alimentação pós-emprego; Reflexos salariais incidentes sobre o Auxílio-Alimentação; 7ª e 8ª horas dos cargos em comissão de natureza técnica; Outros temas mediante avaliação prévia e interesse da Caixa (grifo nosso)”. (Site Contraf/CUT, 22/01/2025)
Para a direção da Contraf, o atendimento, por parte dos banqueiros, em abrir o processo das CCVs, conforme declaração do coordenador da Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa, Rafael de Castro, é “mais uma conquista da união e da luta das empregadas e empregados, em conjunto com o movimento sindical”. (Idem)
Primeiramente, vale ressaltar que a tal da CCV não tem nada de voluntária. Trata-se de mais uma armadilha dos banqueiros para tirar vantagem das ações trabalhistas, em “acordos” que, geralmente, são fechados, na melhor das hipóteses, por apenas 10% do valor real.
A Comissão reúne o funcionário, representantes dos sindicatos e do banco, que buscam “acordos” para pendências trabalhistas. Esse truque dos patrões, mais uma armadilha contra os direitos dos trabalhadores, infelizmente, conta com a política de colaboração das entidades de luta dos bancários, que defendem essa prática com uma justificativa que tenta colocar o trabalhador contra a parede, ao afirmarem que “resolver pendências por meio de uma comissão de conciliação, sem ter que entrar em uma disputa de decisão incerta que pode levar anos, é o que todo mundo quer”. (Idem)
Cabe perguntar à burocracia sindical: como assim “é o que todo mundo quer”? Na verdade, todo trabalhador quer receber o que efetivamente lhe é de direito. Se os banqueiros passam por cima, o que todos querem é que seja remunerado o que é devido.
É sabido que a “justiça” leva mais de dez anos para concluir tais processos, com os banqueiros recorrendo até a última instância e contando, logicamente, com a morosidade proposital do Judiciário. Assim, para o trabalhador, não resta alternativa, diante da política de paralisia das direções sindicais e da morosidade da justiça, senão fechar o famigerado acordo com os patrões, já estando com a corda no pescoço financeiramente.
Aí vem mais uma justificativa da burocracia sindical: a de que a CCV foi aprovada na Campanha Salarial da categoria, ou seja, os próprios trabalhadores decidiram por sua realização. Mas todo mundo sabe que as instâncias que antecedem a campanha salarial (Congressos, Conferências) e, até mesmo, o próprio processo da campanha salarial, não contam com a participação efetiva da base da categoria, mas sim com a presença majoritária dos próprios diretores dos diversos sindicatos em nível nacional, ou seja, já comprometidos com uma política definida pela corrente majoritária da Contraf (Articulação Sindical). Além disso, as assembleias passaram a ser virtuais, sem uma ampla discussão acalorada e presencial.
As CCVs são uma armadilha preparada pelos patrões para se livrarem desse imenso passivo trabalhista, ocasionado pelos ataques dos banqueiros e por uma maior superexploração dos trabalhadores bancários. Essa política deve ser combatida com a máxima energia.
As direções sindicais não devem se submeter a mais esse ataque. Os bancários devem exigir de suas direções a organização necessária para preparar uma reação contra essa ofensiva reacionária dos banqueiros, que, a todo momento, se utilizam de subterfúgios para lucrar cada vez mais às custas da miséria da categoria.