O governo da Colômbia decidiu enviar um avião da Força Aérea para repatriar 110 colombianos deportados dos Estados Unidos, após ceder às exigências do governo de Donald Trump. O avião decolou na tarde dessa segunda-feira (27) do Aeroporto Militar CATAM, em Bogotá, e seguiu para San Diego, Califórnia, onde buscará os deportados. A medida faz parte de um acordo firmado entre os dois países para regularizar o retorno de colombianos em situação irregular nos Estados Unidos.
Segundo o Ministério das Relações Exteriores da Colômbia, o voo foi preparado para garantir “retorno digno” aos cidadãos, com a presença de equipe médica e representantes do governo. A expectativa é que outros voos similares sejam realizados nos próximos dias. No entanto, o desfecho é uma humilhação para o governo de Gustavo Petro.
A tensão entre os dois países escalou no domingo (26), quando o presidente dos EUA, Donald Trump, ameaçou aplicar tarifas de até 50% sobre produtos colombianos, caso Bogotá não aceitasse os voos com deportados. Em resposta, Petro anunciou que retaliaria com tarifas equivalentes sobre produtos norte-americanos, afirmando que a Colômbia não aceitaria tratamento desumano aos seus cidadãos.
Trump endureceu sua postura, suspendendo a emissão de vistos para colombianos e revogando vistos de autoridades do governo Petro. Além disso, impôs inspeções mais rigorosas sobre mercadorias colombianas na alfândega. Sob pressão crescente, o governo do país sul-americano recuou e aceitou todos os termos propostos pela Casa Branca (sede do governo norte-americano), incluindo o envio dos imigrantes em aeronaves militares norte-americanas.
A capitulação foi formalizada em um comunicado divulgado pelos Estados Unidos, declarando que a Colômbia aceitou, sem condições, os voos com imigrantes deportados. Ainda assim, Trump manteve as restrições de visto e outras sanções até que o retorno dos primeiros deportados fosse concluído com sucesso.
Apesar de ter evitado tarifas que poderiam comprometer sua economia, a Colômbia sai enfraquecida deste episódio. O recuo do governo Petro foi uma derrota política e diplomática. A economia colombiana, fortemente dependente do comércio com os norte-americanos, enfrenta agora o desafio de lidar com as inspeções alfandegárias mais rigorosas, que fatalmente atrasarão exportações e aumentarão custos.
Os desdobramentos também expuseram tensões internas na América Latina. Enquanto o governo brasileiro denunciou o tratamento degradante dos deportados, e o México vetou voos semelhantes, a Colômbia optou por uma postura mais submissa.
Nos últimos dias, o governo Trump intensificou sua política de perseguição a imigrantes. Uma série de operações conduzidas pelo Serviço de Imigração e Controle Aduaneiro (ICE, na sigla em inglês) resultou na prisão de 956 pessoas apenas no domingo (26), o maior número desde o retorno de Trump ao poder. As ações ocorreram em cidades como Miami, Chicago, Newark e Nova Jersey, envolvendo várias agências federais.
Os relatos dos afetados evidenciam a brutalidade das operações. Em Miami, um homem relatou que sua esposa foi detida enquanto aguardava a aprovação do processo de cidadania. Em Newark, residentes denunciaram que até mesmo cidadãos norte-americanos foram alvos de mandados de busca sem justificativa legal. Segundo ativistas, as medidas têm gerado um estado de terror entre comunidades imigrantes.
Tom Homan, diretor da política de fronteiras de Trump, declarou que as ações são voltadas para “ameaças à segurança pública e nacional”. No entanto, os números mostram que a maioria dos detidos é composta por trabalhadores sem antecedentes criminais.
De um lado, trabalhadores imigrantes são incentivados a entrar no país para suprir setores da economia com mão de obra barata. De outro, são tratados como criminosos e usados como bode expiatório para desviar a atenção da classe trabalhadora norte-americana.