52ª Universidade de Férias

Qual o método dos marxistas para analisar o mundo?

Veja como foi a primeira aula do curso ministrado por Rui Costa Pimenta

Uma das principais diferenças entre a análise feita pelo Partido da Causa Operária (PCO) e aquela feita pelos intelectuais e organizações da esquerda pequeno-burguesa está no fato de que o primeiro encara o mundo como algo dinâmico, enquanto esta vê a realidade de maneira estática. Com essas palavras, o presidente nacional do PCO, Rui Costa Pimenta, iniciou a tão aguardada aula inaugural da 52ª Universidade de Férias, na última segunda-feira (27).

A constatação do presidente do PCO é baseada no materialismo histórico dialético – isto é, na ciência fundada pelos revolucionários alemães Karl Marx e Friedrich Engels no século XX, o marxismo. Em várias oportunidades, os pais do materialismo histórico explicaram a diferença entre os dois métodos filosóficos diametralmente opostos.

Para o metafísico, as coisas e suas imagens no pensamento, os conceitos, são objetos de investigação isolados, fixos, rígidos, focalizados um após o outro, de para si, como algo dado e perene“, disse Engels na obra Do socialismo utópico ao socialismo científico. “Pensa só em antíteses, sem meio-termo possível; para ele, das duas uma: sim, sim; não, não; o que for além disso, sobra. Para ele, uma coisa existe ou não existe; um objeto não pode ser ao mesmo tempo o que é e outro diferente. O positivo e o negativo se excluem em absoluto. A causa e o efeito revestem também, a seus olhos, a forma de uma rígida antítese. À primeira vista, esse método discursivo parece-nos extremamente razoável, porque é o do chamado senão comum. Mas o próprio senso comum – personagem multo respeitável dentro de casa, entre quatro paredes – vive peripécias verdadeiramente maravilhosas quando se aventura pelos caminhos amplos da investigação; e o método metafísico de pensar, pois muito justificado e até necessário que seja em muitas zonas do pensamento, mais ou menos extensas segundo a natureza do objeto de que se trate, tropeça sempre, cedo ou tarde, com uma barreira, ultrapassada a qual
converte-se num método unilateral, limitado, abstrato, e se perde em insolúveis contradições, pois, absorvido pelos objetos concretos, não consegue perceber sua concatenação; preocupado com sua existência, não atenta em sua origem nem em sua caducidade; obcecado pelas árvores, não consegue ver o bosque“.

O revolucionário alemão, então, conclui que, “somente seguindo o caminho da dialética, não perdendo jamais de vista as inumeráveis ações e reações gerais do devenir e do perecer, das mudanças de avanço e retrocesso, chegamos a uma concepção exata do universo, do seu desenvolvimento e do desenvolvimento da humanidade, assim como da imagem projetada por esse desenvolvimento nas cabeças dos homens“.

Seguindo a doutrina marxista, Pimenta explicou na primeira aula do curso que uma análise que encare a realidade como um retrato, por mais inteligente que seja, acabará inevitavelmente chegando a conclusões equivocadas. Como exemplo, citou a recente eleição presidencial norte-americana, que levou o republicano Donald Trump, de extrema direita, de volta ao comando do governo do país mais importante do mundo. Quem se limita a considerar Trump um “fascista”, sem levar em consideração o desenvolvimento da política interna norte-americana, não conseguirá compreender o significado da derrota extraordinária do Partido Democrata em 2024.

Após explicar o método de análise característico do marxismo, Rui Pimenta passou a discutir o tema central do curso: o imperialismo, definido como a etapa atual do capitalismo.

Retomando o debate anterior sobre o materialismo dialético, o presidente do PCO explicou que a atual fase do capitalismo, na qual impera uma ditadura dos monopólios, é muito distinta do chamado capitalismo de livre concorrência. O capitalismo monopolista é, na verdade, a antítese da livre concorrência.

A livre concorrência é a característica fundamental do capitalismo e da produção mercantil em geral“, ensinou o revolucionário russo Vladimir Lênin, na obra Imperialismo, fase superior do capitalismo. “O monopólio é precisamente o contrário da livre concorrência, mas esta começou a transformar-se diante dos nossos olhos em monopólio, criando a grande produção, eliminando a pequena, substituindo a grande produção por outra ainda maior, e concentrando a produção e o capital a tal ponto que do seu seio surgiu e surge o monopólio: os cartéis, os sindicatos, os trusts e, fundindo-se com eles, o capital de uma escassa dezena de bancos que manipulam milhares de milhões“.

Na atual etapa do capitalismo, os grandes conglomerados econômicos conseguem dominar o mercado não por possuir uma vantagem comercial normal, como maior produtividade ou menor preço, mas sim pelo uso da força. Hoje vigora uma ditadura política dos grandes monopólios internacionais sobre a economia dos países atrasados – é isso que caracteriza o imperialismo.

Para entender como funciona essa ditadura, Pimenta citou o exemplo da Venezuela. Nenhum governante de nenhum país no mundo aceitaria, em condições normais, a operação de roubo realizado pelos monopólios. No entanto, os monopólios pressionam esses governantes até conseguir o que querem. A típica operação é a corrupção direta das autoridades públicas – o parlamento, o Judiciário e até a presidência da República.

Quando isso não é suficiente, o imperialismo parte para as ameças diretas – incluindo o assassinato de autoridades. Sem sucesso, o imperialismo lança mão das chamadas “revoluções coloridas”, que visam pressionar as forças armadas para que derrubem o governo. Por fim, o imperialismo recorre à ocupação militar do país.

A recusa do chavismo em ceder à predação dos monopólios norte-americanos, britânicos e franceses leva a uma escalada de tensões cada vez maior na Venezuela. Lênin concluiria que o imperialismo é reação em toda linha. Isto é, que é uma ditadura reacionária em todos os aspectos.

No entanto, como o marxismo se propõe a analisar o movimento, e não as coisas de uma maneira estática, Rui Pimenta explicou que o capitalismo nem sempre foi algo negativo. Em seu início, ele representou um período de progresso inédito para a humanidade.

A burguesia, na sua dominação de classe de um escasso século, criou forças de produção mais massivas e mais colossais do que todas as gerações passadas juntas“, explicou Karl Marx no Manifesto do Partido Comunista. “Subjugação das forças da natureza, maquinaria, aplicação da química à indústria e à lavoura, navegação a vapor, ferrovias, telégrafos elétricos, arroteamento de continentes inteiros, navegabilidade dos rios, populações inteiras feitas saltar do chão — que século anterior teve ao menos um pressentimento de que estas forças de produção estavam adormecidas no seio do trabalho social?

Há muita confusão, no interior da esquerda brasileira, sobre a questão do progresso. É comum, por exemplo, surgir a ideia de que a humanidade não teria progredido porque, do ponto de vista moral, a história está marcada por vários episódios negativos. Essa visão, no entanto, está profundamente equivocada.

Rui Pimenta explicou que, em primeiro lugar, o progresso econômico é um fato inegável. Não há como negar que fazer uma cirurgia com anestesia hoje é um progresso em relação à época em que não havia anestesia. Não há como negar que abrir um chuveiro para tomar banho dentro de casa é um progresso em relação à época em que o homem precisava se deslocar até um rio para se banhar.

Em segundo lugar, o progresso econômico contribui também para o progresso humano em todos os demais aspectos. Quanto mais o ser humano tem as suas necessidades atendidas, menor a necessidade dele de empregar a violência para resolver os seus problemas.

Nas aulas seguintes, Pimenta promete explicar o que é a ordem mundial e os principais acontecimentos que levaram à situação atual da política mundial.

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