América do Sul

Militares brasileiros fazem provocação contra Venezuela

Presidente Lula deve demitir imediatamente o ministro da Defesa e pôr um fim às provocações contra o governo bolivariano, aliado da luta anti-imperialista

O comando das Forças Armadas brasileiras anunciou que realizará o maior exercício militar de 2025 próximo à fronteira com a Venezuela. Segundo o jornalista da seção brasileira da rede norte-americana CNN Caio Junqueira, “um dos objetivos da ação é treinar tropas para o caso de haver uma nova escalada de tensão com o regime de Nicolás Maduro”, escreveu em matéria publicada no último dia 15 e intitulada Forças Armadas planejam grande ação militar próximo à fronteira com Venezuela. Segundo o órgão, militares em caráter anônimo disseram que a operação é contra o governo bolivariano, em reação à tentativa do regime nacionalista de retomar o Essequibo:

“Oficiais com quem a CNN conversou relataram que o fato de Maduro ter diminuído sua retórica sobre invadir a região de Essequibo, na Guiana, não assegura a estabilidade da região.”

No dia 10 de janeiro, data da posse do presidente Maduro, a Venezuela fechou a fronteira com o Brasil. A fronteira foi reaberta e, no dia 13 do mesmo mês, voltou a ser fechada, permanecendo assim até o fechamento desta edição. Segundo a Polícia Militar de Roraima, estado brasileiro que faz fronteira com a república bolivariana, e o Ministério das Relações Exteriores do Brasil, o governo venezuelano alegou que o fechamento se deu por “medidas de segurança”.

À CNN, os militares brasileiros reclamaram da movimentação militar do lado venezuelano na fronteira da Venezuela com o Brasil, que também é compartilhada com a Guiana, uma semi-colônia britânica e norte-americana, atual detentora do território em disputa do Essequibo. Segundo os oficiais brasileiros, a república bolivariana empreendeu a construção de pequenas pistas de pouso, pontes provisórias e acampamentos de lona entrincheirados. Desde pelo menos abril de 2024, Maduro denuncia a criação de bases secretas norte-americanas na região.

Batizada internamente de “Operação Atlas”, a ideia das Forças Armadas é mobilizar oito mil homens para a região, além de “grande parte do efetivo de veículos blindados e não blindados”, segundo informe dado à reportagem da CNN. O plano prevê o treinamento dos militares durante cerca de 15 dias em novembro, quando acontece a COP30 em Belém. “Militares, porém, garantem que o objetivo da Operação Atlas é muito mais treinar as tropas e mostrar poder de dissuasão do que demonstrar presença militar próximo ao evento”, conclui a CNN, sem identificar o autor da afirmação.

No ano passado, a ex-comandante militar do Sul general Laura Richardson esteve na região, acompanhada por grupos militares da potência imperialista. Na avaliação dos militares brasileiros, a ida de Richardson e a movimentação de tropas norte-americanas foi um sinal de que os EUA não confiavam no governo brasileiro para dissuadir Maduro de um eventual avanço sobre o Essequibo.

O território, deve-se lembrar, pertencia à Venezuela até ser roubado do país no século XIX pela Inglaterra. Desde o começo do século XX, o país tenta recuperá-lo, tendo conseguido que a ONU reconhecesse que o Essequibo fosse considerado uma “zona em disputa”.

Embora as declarações direitistas de Lula tenham levado a um distanciamento entre os dois governantes, o presidente Lula e o PT tem uma relação histórica com Maduro e o chavismo. Após a tentativa do imperialismo de realizar um golpe de Estado na Venezuela e derrubar Maduro, desacreditando a vitória eleitoral do líder bolivariano, Lula capitulou e não reconheceu a reeleição do presidente Maduro, produzindo uma crise nas relações entre os dois países.

Apesar disso, não há indícios de nenhum atrito maior do que o esfriamento das relações, o que coloca em questão a participação do ministro da Defesa, José Múcio (ex-ARENA). Segundo a CNN, Múcio quer que os exercícios sejam feitos “com presença maciça das três Forças: Exército, Marinha e Aeronáutica. Até agora, a Marinha tem tido uma resistência maior a participar, por entender que o palco de ação não favorece suas tropas. Roraima é acessível pelo ar e pela terra, mas o acesso por água é feito somente por rios, já que o estado não é banhado pelo mar”.

Ainda ameaçado pelo imperialismo, o governo revolucionário da Venezuela anunciou, em resposta, a mobilização de 150 mil homens da armada bolivariana para a chamada “Operação Escudo Bolivariano”, mirando principalmente a defesa da nação vizinha contra “grupos criminosos financiados pelo paramilitar (ex-presidente colombiano) Álvaro Uribe”. É inegável, porém, que as manobras das forças brasileiras organizadas por Múcio constituem uma provocação gravíssima contra o país vizinho.

Lula deve demitir Múcio, peão do imperialismo, e pôr um fim imediato não só à provocação militar, como também a toda a política de apoio aos ataques do imperialismo contra o governo parceiro da luta anti-imperialista de Maduro. O Brasil e a classe trabalhadora brasileira só têm a perder com a manutenção dessa política, que beneficia o imperialismo e mais ninguém.

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