Valéria Guerra

Jornalista (UMESP), historiadora, atriz com DRT-RJ, escritora, colunista do 247, PCO, e do meu site (https://guerraluz.prosaeverso.net/); mestre em Intervenção Psicológica no Desenvolvimento e na Educação; professora do Estado do RJ na cadeira de biologia, poetisa e ativista contra a desigualdade no Brasil e no mundo.

Coluna

Ainda estamos aqui!

Ainda estamos aqui resistindo ao caos da desigualdade infame, que faz nascer a pobreza todos os dias

Órgãos criados e recriados nos fornos da tortura e da execução propiciaram ao povo: medo e REPRESSÃO.

E como a arte escapa, podemos inferir que sempre haverá um meio, uma chance; de trazer à baila a verdade que os algozes tentam escamotear.

“A história da prisão e morte do ex-deputado federal Rubens Paiva (1929 – 1971), que ganhou mais uma vez a atenção nacional e estrangeira com o sucesso do filme Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, colocou em primeiro plano os dias de dor e luta da família, particularmente da esposa, Eunice Paiva. No entanto, a repercussão traz oportunidade também de resgatar o legado do homem que, segundo pesquisadores, teve trajetória idealista e corajosa, liderou Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) de suposto financiamento ilegal de campanha e defendia reforma agrária.”

Acima, o exposto mostra que o período da última ditadura militar, que perdurou vinte anos,   nos legou mortes e miséria social. Quando alguém enfoca artisticamente o tema, o faz pedagogicamente com a finalidade de despertamento do povo zumbi que nasceu aqui nesta terra explorada por dentro e por fora.

O século mudou, os anos transcorreram infecundos para o povo, e se as gerações pós-ditadura, no hoje, estão muito aquém do que poderiam ser e estar socialmente, isto reside no fato da existência de ditaduras tampões que oprimiram e manietaram a população brasileira tão calejada pelo seu passado colonial.

Ainda estamos aqui resistindo ao caos da desigualdade infame, que faz nascer a pobreza todos os dias. Em cada esquina há um catador de latinhas, em cada insanidade há um espoliado segregado, e no olhar de um analfabeto se esconde o holocausto de uma vida sem esperança.

Quando o cineasta Diego Guerra criou o personagem título da animação que foi exibida pelo SESC em 2024, e que fora escolhida para a vigésima oitava Mostra de Cinema da cidade de Tiradentes–MG, a ser exibida no Festival de Cinema 2025, eu estava aqui: como mãe, jornalista, historiadora e brasileira esperançosa de dias melhores para meus filhos e seus filhos, a sinopse já deixa uma pista: “SINOPSE

Numa metrópole futurista da América Latina, filas de catadores de latinhas empobrecidos reúnem-se todos os dias em terminais eletrônicos de reciclagem que pesam e pagam na hora. Enquanto isso, consumidores passam o doce refrigerante pelos caixas automáticos, perpetuando um ciclo aparentemente infinito de consumo e opressão.

Direção: Diego Guerra

E estes Filhos e netos das Ditaduras, filhos dos desmandos, do AI5… sobrevivem nas brechas dos escombros do que sobrou da grande explosão antidemocrática.

Assim como o Marcelo Rubens Paiva (filho do engenheiro e deputado assassinado), e de tantos outros injustiçados, nós ainda estamos aqui: escrevendo a história com resistência, e sem capitular: no cinema, na literatura, na música, no teatro e na vida.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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