Oriente Médio

Por que ‘Israel’ perdeu a guerra para o Hamas e o povo palestino

Lição de derrota histórica de "Israel" é que um povo unido é capaz de alcançar a vitória contra qualquer inimigo, mesmo os mais poderosos países do mundo

O recente acordo de cessar-fogo assinado entre o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas, na sigla em árabe) e o regime sionista de “Israel” representa um marco histórico, tanto para a Resistência Palestina quanto para os movimentos anti-imperialistas em todo o mundo. Publicado inicialmente pelo jornalista Robert Inlakesh na emissora libanesa Al Mayadeen, um artigo detalhado trouxe à tona os fatores que culminaram na derrota sionista, começando por uma leitura muito acertada do conflito:

“Os grupos armados palestinos em Gaza, incluindo as Brigadas Al-Qassam do Hamas, nunca foram poderosos o suficiente para derrotar de forma decisiva os militares israelenses e capturar novos territórios na Palestina ocupada, nem tiveram ilusões sobre suas capacidades. Embora ninguém pudesse imaginar a dimensão do sofrimento humano e da carnificina que o regime sionista infligiria, ficou claro que a Resistência Palestina se preparou para uma longa guerra de desgaste.”

Ao longo de 15 meses, a Faixa de Gaza enfrentou uma das ofensivas mais brutais e genocidas da história. Mais de 47 mil palestinos foram assassinados, com estimativas superiores chegando a 300 mil, e 80% da infraestrutura da região foi completamente destruída. Apesar disso, o Hamas e as demais forças revolucionárias da Palestina mantiveram sua capacidade de combate, lançando foguetes de longo alcance contra Telavive e Jerusalém ocupada até o último instante antes do acordo de cessar-fogo.

Netaniahu, o primeiro-ministro de “Israel”, estabeleceu como metas principais eliminar completamente o Hamas e recuperar os prisioneiros sionistas por meios militares. Fracassou em ambas. A Resistência Palestina não apenas sobreviveu, mas se consolidou como uma força inabalável no campo de batalha. Como analisou Inlakesh, o Hamas demonstrou uma força impressionante ao resistir sob um cerco absoluto, sem linhas externas de abastecimento, evidenciando o imenso apoio popular palestino:

“Se não fosse a inacreditável firmeza do povo de Gaza, a implacabilidade de sua resistência armada, combinada com os esforços contínuos das frentes de apoio no Líbano, no Iêmen e no Iraque, a vitória não teria sido possível. Os sacrifícios do povo, dos combatentes e dos líderes dos movimentos foram enormes. Pode-se afirmar com segurança, neste momento, que Saied Hassan Nasseralá, do Hesbolá, morreu para garantir a vitória na Faixa de Gaza, pois sua promessa de que ‘o Hamas não perderá’ foi cumprida apesar de sua ausência.”

A vitória do Hamas só pode ser compreendida como parte de uma revolução em curso no território palestino. Trata-se de uma luta de todo um povo contra décadas de apartheid, massacres e ocupação estrangeira. Em um cenário ainda mais extremo do que o enfrentado pelo Hesbolá em 2006 contra “Israel”, o Hamas conseguiu se destacar como o maior símbolo da Resistência no Mundo Árabe.

A popularidade do partido, que já era elevada após vencer as eleições de 2006 – antes de ser impedido de governar por um golpe orquestrado com apoio de “Israel” e dos Estados Unidos –, atingiu níveis sem precedentes. Hoje, seus líderes e combatentes são figuras heroicas, quase divinas. Essa legitimidade popular é o alicerce que permite ao Hamas transformar uma derrota militar planejada pelo sionismo em uma vitória política e moral para o povo palestino.

A ofensiva genocida promovida por “Israel” não visava apenas destruir o Hamas, mas também preservar a dominação dos Estados Unidos no Oriente Médio. Conforme destacou Inlakesh, a operação de 7 de outubro de 2023, a lendária Operação Dilúvio de Al-Aqsa, atingiu diretamente os planos de normalização das relações entre “Israel” e a Arábia Saudita, uma política importante do governo Biden. Com isso, os EUA e “Israel” se enfraqueceram logo de início, fortalecendo o eixo de resistência liderado pelo Irã.

O acordo de cessar-fogo, mediado pelo Catar, é praticamente idêntico ao que havia sido oferecido anteriormente e rejeitado por “Israel”. A incapacidade do regime sionista de alcançar uma vitória clara, mesmo com o apoio incondicional dos Estados Unidos, revelou a fragilidade de sua posição estratégica na região.

A luta, é claro, está longe de terminar. Como apontou Inlakesh, o cessar-fogo em Gaza representa o fechamento de uma frente, enquanto outras permanecem ativas, como no sul do Líbano e na Cisjordânia. A sobrevivência do Hamas e do Hesbolá, mesmo após tantas perdas, é, porém, uma demonstração da força do espírito revolucionário que impulsiona esses movimentos.

A conquista do Hamas ultrapassa o campo militar. É a comprovação de que a revolução é possível, mesmo nas condições mais adversas. O feito do Hamas desmascarou a fragilidade do imperialismo e do sionismo, abrindo caminho para uma nova era de resistência nos territórios ocupados e além.

Essa revolução, alimentada pela coragem e determinação do povo palestino, promete não apenas libertar a Palestina, mas inspirar movimentos revolucionários ao redor do mundo. Assim, a derrota de “Israel” representa uma vitória para todos os oprimidos, no Mundo Árabe e no resto do planeta. Ela reafirma que a luta pela libertação não tem limites e que um povo unido é capaz de alcançar a vitória, contra qualquer inimigo, não importa o quão poderoso seja.

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