Economia

Quantas bolsas Janja compraria com gastos da dívida pública?

Demagogo, Nikolas Ferreira atribui crise ao funcionalismo, a cartões corporativos e extravagâncias da primeira-dama, livrando os verdadeiros criminosos: os banqueiros

Após o anúncio da fiscalização de movimentações financeiras por meio do sistema de pagamento Pix, o deputado bolsonarista Nikolas Ferreira (PL-MG) publicou um vídeo em suas redes sociais aproveitando a indignação generalizada da população para criticar a medida. A publicação viralizou, alcançando mais de 400 milhões de visualizações e estabelecendo um recorde impressionante. No entanto, a crítica de Ferreira é meramente demagógica, como fica evidente ao focar no rombo do orçamento público não onde ele realmente ocorre — na rolagem da criminosa dívida pública —, mas em questões supérfluas, como as extravagâncias atribuídas à primeira-dama, Rosângela “Janja” da Silva.

O governo, atualmente, paga quase 2 trilhões de reais anualmente em juros da dívida pública. Esse montante é tão colossal que seria suficiente para pagar todo o funcionalismo federal por 125 anos ou cobrir os gastos da Suprema Corte por mais de mil anos. Para ilustrar, o valor de mercado da Petrobrás é de 552 bilhões de reais, enquanto a Eletrobrás foi vendida por apenas R$33,7 bilhões.

Diferentemente da retórica demagógica do deputado, dois dias antes de seu vídeo, Rui Costa Pimenta, presidente nacional do Partido da Causa Operária (PCO), já havia criticado essa decisão do governo em uma de suas análises políticas, apontando as verdadeiras causas do saque contra o povo brasileiro. Comparando os posicionamentos, percebe-se uma diferença essencial: enquanto Rui Costa Pimenta defende a taxação dos ricos e a suspensão do pagamento da dívida aos bancos, Nikolas Ferreira atribui os problemas ao funcionalismo público, aos cartões corporativos e, especialmente, aos gastos da primeira-dama Janja.

Se olharmos para luxos hipotéticos, a magnitude do problema torna-se ainda mais clara. Com o valor gasto anualmente em juros da dívida, seria possível comprar 27 milhões da bolsa mais cara do mundo, que custa 36 mil reais, ou 67 milhões do sapato mais caro do planeta, avaliado em 15 mil reais. Já as blusas importadas da China, com valores taxados em 50 dólares (aproximadamente 300 reais), poderiam ser adquiridas em quantidades tão absurdas que excederiam a capacidade de entrega imediata do mercado chinês.

Cada parlamentar custa cerca de 35 mil reais por mês ao país. Com o valor pago anualmente aos banqueiros para cobrir o serviço da dívida, seria possível contratar 28 milhões de parlamentares. Alternativamente, se usado para financiar o Bolsa Família com um benefício de 600 reais por pessoa, o montante atenderia 1,5 bilhão de pessoas — o equivalente à população total da China.

Atualmente, a dívida pública brasileira ultrapassa os 7 trilhões de reais, com pagamentos anuais de quase 2 trilhões. Em teoria, esse valor deveria ser suficiente para quitar a dívida em três anos e meio, mas isso não ocorre. Ao invés disso, há uma drenagem contínua e inimaginável dos recursos nacionais, o que explica por que o Brasil vem regredindo há décadas, com uma perda de cerca de 30% de suas indústrias desde os anos 1980.

Nesse ritmo, o país não resistirá por muito mais tempo. É urgente mudar a política econômica, pois a falência do Estado parece inevitável se nada for feito. A dívida anual já consome mais de 7% do PIB, alcançando 7,85% em 2024, segundo o Banco Central.

A ampla repercussão do vídeo de Nikolas Ferreira revela que a fiscalização do Pix, dos cartões de crédito e de débito foi a gota d’água nas políticas que tiram dos pobres para pagar aos banqueiros. Como disse Rui Costa Pimenta, “copo vazio não transborda”. O Pix foi a gota que fez o copo transbordar, e a população deixou claro que não suporta mais essa situação.

Os governos vêm buscando reduzir os gastos sociais com Previdência, saúde, educação, infraestrutura e serviços públicos. No entanto, sequer cogitam interromper o pagamento da dívida aos bancos, o que permitiria ao Estado-maior capacidade de investimento na economia. Isso impulsionaria o crescimento econômico, gerando mais empregos e melhores salários, aumentando a renda das empresas e promovendo uma melhor qualidade de vida, com mais consumo, hospitais, escolas e remuneração digna para os trabalhadores.

Recentemente, o “mais tucano dos petistas” Haddad, além de impor um teto para os reajustes do salário mínimo, realizou um pente-fino nos benefícios de prestação continuada e no Bolsa Família, buscando reduzir os gastos com esses programas. Também cortou o 13º salário para rendas acima de dois salários mínimos — uma medida que, apesar de atingir valores já miseráveis, nem mesmo o governo anterior implementou. Trata-se de uma atitude cruel com a população pobre e marginalizada da sociedade.

O governo, especialmente o PT e Lula, precisa adotar medidas que transfiram recursos de quem tem muito para aqueles que têm muito pouco. Caso contrário, o governo ficará “pendurado na brocha”. É hora de implementar uma política semelhante à do Robin Hood: tirar dos ricos para dar aos pobres.

Gostou do artigo? Faça uma doação!

Rolar para cima

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Quero saber mais antes de contribuir

 

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.