Estados Unidos

Trump toma posse e anistia 1.500 presos por invasão do Capitólio

"Nunca mais o imenso poder do Estado será usado como arma para perseguir oponentes políticos – algo sobre o qual sei alguma coisa", disse o republicano

Nessa segunda-feira (20), o republicano Donald John Trump, de 78 anos, foi oficialmente empossado como o 47º presidente dos Estados Unidos. Seu vice-presidente, o também republicano James David Vance, foi empossado pouco antes dele.

Apesar da polarização que tomou conta de todo o processo eleitoral, a cerimônia de posse ocorreu de acordo com o protocolo do Estado norte-americano. Pela manhã, Trump tomou um chá na Casa Branca com o ex-presidente democrata Joe Biden e com a ex-primeira-dama Jill Biden. Em seguida, Biden e Trump saíram em carreata até o Capitólio, a sede do parlamento norte-americano, onde foi realizada a cerimônia de posse.

Em seu discurso de posse, que durou cerca de meia hora, Trump prometeu resgatar os Estados Unidos do que descreveu como anos de “traição e declínio”, retratando-se como um salvador nacional escolhido por Deus.

“Para os cidadãos americanos, 20 de janeiro de 2025 é o Dia da Libertação”, disse Trump. “Espero que nossa recente eleição presidencial seja lembrada como a maior e mais importante eleição da história de nosso país”.

Contrariando o que era dito pelos institutos de pesquisa, Trump venceu as eleições com uma ampla margem. O republicano foi tratado como uma “grande ameaça à democracia” pelos seus adversários e sofreu um atentado a tiros enquanto participava de um comício.

Trump falou que sua vitória presidencial mostrou que “toda a nação está se unificando rapidamente em torno de nosso programa com aumentos expressivos no apoio de praticamente todos os elementos de nossa sociedade”. Ele, então, agradeceu aos eleitores negros e hispânicos pela “tremenda demonstração de amor e confiança que vocês me mostraram com seu voto”.

Tradicionalmente, os negros apoiavam os candidatos do Partido Democrata. Nos últimos anos, o imperialismo passou a investir pesadamente na política identitária, fazendo dela a sua política oficial. Graças ao identitarismo, uma parcela grande da população negra se via forçada a votar no Partido Democrata, mesmo considerando esta uma opção ruim.  No entanto, com a crise do identitarismo, o apoio da população negra ao governo Biden despencou.

Sem sobra de dúvidas, o fator mais importante para acelerar a falência do identitarismo foi o genocídio na Faixa de Gaza, que desmascarou a política criminosa do governo norte-americano. De nada adiantou Biden escolher uma mulher negra como vice-presidente, se mostrou ao mundo tratar os povos do Oriente Médio como animais.

Durante a cerimônia de posse, Biden e a ex-vice-presidente, Kamala Harris, que concorreu às eleições em 2024 e perdeu para Trump, estavam presentes dentro da Rotunda do Capitólio, junto com os ex-presidentes Barack Obama, George W. Bush e Bill Clinton. A ex-secretária de Estado Hillary Clinton, que perdeu para Trump em 2016, também se fez presente.

Outras presenças marcantes foram as dos executivos de empresas de tecnologia, incluindo os três homens mais ricos do mundo: o executivo da Tesla e da SpaceX, Elon Musk, o executivo da Amazon, Jeff Bezos, e o executivo da Meta, Mark Zuckerberg.

Poucos minutos depois de seu discurso, Trump listou uma série de ordens executivas que planeja assinar para começar a implementar a política de seu governo e para demolir a política do governo Biden.

“Hoje, assinarei uma série de ordens executivas históricas. Com essas ações, começaremos a restauração completa dos Estados Unidos e a revolução do bom senso. É tudo uma questão de bom senso.”

Entre as medidas de impacto que Trump vinha prometendo, está o perdão dos manifestantes presos após a invasão do Capitólio. Em seu primeiro dia como 47º presidente dos Estados Unidos, Trump emitiu 1.500 perdões e comutou as sentenças de 14 de seus apoiadores que foram presos em meio a um protesto contra fraudes nas eleições de 2020.

Após comutar as sentenças de indivíduos associados aos grupos de extrema direita Proud Boys e Oath Keepers, que foram condenados por conspiração sediciosa, ele então emitiu “um perdão total, completo e incondicional a todos os outros indivíduos condenados por crimes relacionados a eventos ocorridos no Capitólio dos Estados Unidos ou nas proximidades em 6 de janeiro de 2021”.

Indo no mesmo sentido, Trump prometeu, em seu discurso, reverter a política de censura implementada pelo Partido Democrata no último período.

“Depois de anos e anos de esforços federais ilegais e inconstitucionais para restringir a liberdade de expressão, também assinarei uma ordem executiva para interromper imediatamente toda a censura do governo e trazer de volta a liberdade de expressão para a América.”

O republicano ainda acrescentou que “nunca mais o imenso poder do Estado será usado como arma para perseguir oponentes políticos – algo sobre o qual sei alguma coisa”.

Após apresentar uma postura bastante liberal na política interna, prometendo reverter medidas antidemocráticas do aparato democrata, Trump apresentou alguns aspectos de sua política econômica. Esse, por sua vez, é um dos aspectos preocupantes do novo governo trumpista, uma vez que o republicano prometeu “começar imediatamente a revisão de nosso sistema de comércio para proteger os trabalhadores e famílias americanas”, acrescentando que “taxaria e tributaria países estrangeiros para enriquecer nossos cidadãos”. Ele continuou dizendo que trará “enormes quantias de dinheiro” para os cofres do país “provenientes de fontes estrangeiras”.

Em outro tema delicado, que é a questão da imigração, Trump decretou uma “emergência nacional em nossa fronteira sul”, acrescentando que “toda entrada ilegal será imediatamente interrompida e iniciaremos o processo de devolução de milhões e milhões de estrangeiros criminosos de volta aos lugares de onde vieram”. Logo após sua posse, foi anunciado que o governo Trump interrompeu o uso do CBP One, um aplicativo de fronteira necessário para aqueles que desejam entrar legalmente nos EUA. Em resposta, a secretária do Interior do México, Rosa Icela Rodríguez, afirmou que “o México fará todo o necessário para defender, cuidar e alocar o que for necessário para receber aqueles que são repatriados para conseguir sua reincorporação ao seu país de origem”. A presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, afirmou que tentaria dialogar com o governo Trump após a posse e pediu aos residentes mexicanos que residem nos EUA que ficassem calmos.

Em seu discurso, Trump também afirmou que declararia uma “emergência energética nacional”, apesar do fato de que os EUA agora estão produzindo mais petróleo do que qualquer outro país a qualquer momento.

“Com minhas ações hoje, encerraremos o Green New Deal e revogaremos o mandato do veículo elétrico, salvando nossa indústria automobilística e mantendo minha promessa sagrada aos meus grandes trabalhadores automotivos norte-americanos […] Em outras palavras, você poderá comprar o carro de sua escolha. Construiremos automóveis na América novamente a uma taxa que ninguém poderia ter sonhado ser possível há apenas alguns anos.”

Trump se referiu ao atentado que quase tirou a sua vida como uma intervenção divina, dizendo que sua “vida foi salva” pela graça de Deus para tornar os Estados Unidos grande novamente, enfatizando que sua vitória é um sinal de unidade nacional.

Trump criticou o sistema de educação pública, alegando que o país tem um sistema que ensina às crianças a vergonha e o ódio ao seu próprio país, ao prometer mudanças rápidas e reversão do que chamou de “traição horrível”.

Em 2016, Trump foi o presidente mais velho a assumir o cargo. Quando seu mandato terminar em janeiro de 2029, ele terá 82 anos, tornando-se o presidente mais velho da história. Em maio passado, um júri de Nova Iorque considerou Trump culpado de falsificar registros da empresa para esconder um pagamento em dinheiro a uma atriz pornô, tornando-se o primeiro ex-presidente a ser condenado por um crime.

De acordo com O Estado de S. Paulo, foram oito novas medidas assinadas por Trump no primeiro dia de mandato:

  • Suspensão de 78 ações executivas da era Biden
  • Congelamento de regulamentações, impedindo que os burocratas emitam regulamentações até que o governo Trump tenha controle total do governo
  • Congelamento de todas as contratações federais, exceto para militares e algumas outras áreas essenciais
  • Exigência de que os funcionários federais retornem ao trabalho presencial em tempo integral
  • Uma diretriz para todos os departamentos e agências para lidar com a crise do custo de vida
  • Retirada dos Estados Unidos do Acordo de Paris
  • Ordem governamental que restaure a liberdade de expressão e impeça a censura da liberdade de expressão
  • Fim do “instrumentalização do governo contra os adversários políticos da administração anterior”

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