Paquistão

Imran Khan é condenado em ‘Lava Jato’ paquistanesa

Ex-primeiro-ministro, detido desde maio de 2023, foi condenado a 14 anos de prisão em caso de “corrupção”

Na última sexta-feira (17), tribunal paquistanês condenou o ex-primeiro-ministro paquistanês, Imran Khan, a 14 anos de prisão. Sua esposa também foi considerada culpada e sentenciada a sete anos de encarceramento. Bushra Bibi estava em liberdade sob fiança, mas foi apreendida após pronunciamento do julgamento. Resta ao líder paquistanês recorrer a tribunais superiores ou entrar com uma petição de misericórdia ao presidente do Paquistão. Segundo a agência de notícias britânica Reuters, seu acessor, Omar Ayub, disse que o partido de Khan, o Pakistan Tehreek-e-Insaf (PTI) contestará o veredito em tribunais superiores.

As irregularidades em torno do caso são inúmeras, a começar pelo julgamento que ocorreu dentro da prisão, a portas fechadas, supostamente por questões de segurança. O caso está ligado ao truste al-Qadir, organização não-governamental de assistência social criada pelo casal Khan quando era primeiro-ministro. Segundo os promotores, o fundo ligado à entidade era uma fachada para Khan receber ilegalmente terras de um incorporador imobiliário. O PTI alega que as terras recebidas não eram para ganho pessoal, mas para uma instituição espiritual e educacional criada pelo ex-primeiro-ministro.

As acusações de corrupção serviram de base para prender Khan no dia 9 de maio de 2023. Dentre os processos contra o líder paquistanês, apenas este e a acusação de instigar seus apoiadores a invadirem instalações militares no dia de sua prisão continuam avançando no sistema judicial paquistanês. O caso segue receita muito conhecida pelos brasileiros com a operação Lava Jato com condenações e prisões sem devido processo legal e sem trânsito em julgado. A instrumentalização do Poder Judiciário, uma casta burocrática não-eleita na maioria dos países, tem sido a principal ferramenta do imperialismo para intervir em favor de seus procuradores onde seu domínio é desafiado.

Khan é um líder muito popular no Paquistão, tendo iniciado sua vida pública como jogador de críquete. O ex-primeiro-ministro foi capitão do time que triunfou sobre a Índia na Copa do Mundo de 1992. Milhões de paquistaneses já foram às ruas protestar contra a prisão arbitrária do ex-primeiro-ministro em maio de 2023. Os candidatos do PTI, apesar de terem tido de participar das eleições gerais do ano passado como independentes, conseguiram assegurar 103 assentos, maioria das cadeiras no parlamento, mas número insuficiente para formar um governo. A Liga Muçulmana do Paquistão, abertamente apoiada pelas Forças Armadas, formou um governo contra a vontade da maioria dos eleitores e mantém Khan preso. É evidente que as acusações de corrupção fabricadas não colocaram a população paquistanesa contra o ex-governante nacionalista.

O afastamento de Khan do governo é importante porque veio num momento em que o Paquistão buscava estreitar laços com a Rússia e com a China. Khan estava na Rússia em visita diplomática quando a Operação Militar Especial russa na Ucrânia foi iniciada e o governante paquistanês não condenou a invasão como fizeram em uníssono países imperialistas e seus vassalos. O Paquistão ocupa um espaço geograficamente importante para as ambições chinesas de expansão da Iniciativa Cinturão e Rota, popularmente conhecida como “Nova Rota da Seda”, projeto que envolve grandes obras de infraestrutura que ajudam tanto a economia chinesa a escoar sua gigante produção industrial como as economias locais a se desenvolverem. Um Paquistão avesso aos interesses imperialistas, ainda mais sendo uma potência nuclear, representaria um grave problema para o domínio dos monopólios na região, real motivo da prisão de Khan.

Finalmente, há duas semanas, o Paquistão começou seu mandato de dois anos no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas. A organização teve seu papel decorativo reforçado pelas votações sobre o genocídio em Gaza, mas ainda assim tem por objetivo dar sustentação à política imperialista para o mundo. A ditadura militar paquistanesa, amigável ao imperialismo, deve manter-se comportada durante seu período no Conselho.

 

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